(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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segunda-feira, junho 30, 2003



Nas notícias sobre a Katharine Hepburn, diz-se que ela "morreu de velhice". Há tanto tempo eu não ouvia esta expressão, que pensava que já ninguém morria de velhice. Quando há uma notícia da morte de alguém conhecido, ou foi "vítima de acidente" (normalmente de viação), de "doença súbita" (ataque cardíaco, avc,...), ou de "doença prolongada" (cancro ou sida). Não sei por que há esse pejo em tratar as doenças pelo nome (há-de haver sempre uma revista ou outra que o vai dizer). Não se percebe como depois de tantos anos ainda há esta carga social no nome de algumas doenças. Mas felizmente, mesmo com os avanços todos da medicina que sempre descobre novos males, ainda se pode dizer que alguém morreu, simplesmente, de velhice. Estava velho e conseguiu chegar ao fim sozinho.

Jorge Moniz às 11:08 |