(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quarta-feira, julho 23, 2003



Formas de sentir o verbo ter.
Quando alguém diz "és minha" é culpado de possessibilidade? De tratar a outra pessoa como sua propriedade?
Ou quando diz "faço tudo o que quiseres" é culpado de falta de vontade própria?
Não creio. São apenas formas, fórmulas que usamos quando o simples "gosto muito de ti" ou o "adoro-te" já são pequenos e o "amo-te" continua a enrolar-se na língua.
(de repente fiquei a ouvir "O Problema de Expressão" dos Clã)
Depois há claro umas criaturas que levam isto à letra: quando a Maria Callas se queixava ao Onassis de ele já não lhe oferecer flores, ele respondia: "Mas tu agora és minha, já não faz sentido! Para que é que eu iria oferecer flores a mim próprio?"
E "vou ter contigo" é apenas a versão condensada de "vou ter um bom momento passado em tua companhia".

Jorge Moniz às 11:03 |