(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

This page is powered by Blogger.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com















segunda-feira, julho 21, 2003



Há momentos fugidios que não têm nada a ver connosco e, no entanto...

Estou na fila para pagar na FNAC. Na caixa está uma menina que já conheço de vista, graças à sua boa disposição permanente, de olhos azuis cintilantes e sorriso constante. Mantém um ritmo incrível ao atender os clientes, trocar umas palavras simpáticas e manter uma conversa com o colega da caixa ao lado. Há então uma cliente dos seus 40 anos, elegante (e esta descrição é importante, senão vocês ficariam a pensar tratar-se de uma velhinha simpática), que ao despedir-se diz (e não traduzo para não estragar tudo):"Vous êtes un vrai rayon de soleil."
Mal se nota uma ligeira quebra no seu alegre ritmo enquanto meio corada agradece ("Vous êtes très gentille") e diz para o colega "Ouviste o que esta senhora disse?", repetindo o piropo (e aqui "piropo" é uma palavra muito mais adequada do que "elogio", porque brincalhona).

... o sorriso que não escondemos naquele instante continua depois por muitos instantes, mais escondido.

Jorge Moniz às 12:34 |