|
|
terça-feira, julho 08, 2003
Lembrei-me dos tempos de antigamente em que estas coisas seguiam via postal e, como tal, também podiam chegar um dia depois:
"Disseram-me um dia Rita, põe-te em guarda
aviso-te, a vida é dura, põe-te em guarda
cerra os dois punhos e andou, põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou
Galguei caminhos de ferro
palmilhei ruas à fome
dormi em bancos à chuva
e a solidão não erre
se ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva
Andei com homens de faca
vivi com homens safados
morei com homens de briga
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga
O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu p'ra nada
E um dia de tanto andar
eu vi-me exausta e exangue
entre um berço e um caixão
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão
(...)"
Sérgio Godinho
Jorge Moniz às 10:01 |
|
|
|