(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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terça-feira, julho 08, 2003



Lembrei-me dos tempos de antigamente em que estas coisas seguiam via postal e, como tal, também podiam chegar um dia depois:

"Disseram-me um dia Rita, põe-te em guarda
aviso-te, a vida é dura, põe-te em guarda
cerra os dois punhos e andou, põe-te em guarda
eu disse adeus à desdita
e lancei mãos à aventura
e ainda aqui está quem falou

Galguei caminhos de ferro
palmilhei ruas à fome
dormi em bancos à chuva
e a solidão não erre
se ao chamá-la o seu nome
me vai que nem uma luva

Andei com homens de faca
vivi com homens safados
morei com homens de briga
uns acabaram de maca
e outros ainda mais deitados
o coveiro que o diga

O coveiro que o diga
quantas vezes se apoiou na enxada
e o coração que o conte
quantas vezes já bateu p'ra nada

E um dia de tanto andar
eu vi-me exausta e exangue
entre um berço e um caixão
mas quem tratou de me amar
soube estancar o meu sangue
e soube erguer-me do chão
(...)
"
Sérgio Godinho

Jorge Moniz às 10:01 |