(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quinta-feira, julho 10, 2003



Mais uma vez no livro que ando a ler, a propósito da Guerra de 14-18:

"Pode ser – como o creio de bom grado – que nos outros países, entre os inimigos e até entre os aliados, esse curto-circuito do fadário tenha sido considerado, antes de mais nada, como uma catástrofe e grand malheur; expressão esta que, no decorrer da campanha, ouvimos frequentemente da boca de mulheres francesas, que, por sua vez, tinham a guerra no seu solo, nos seus quartos e nas suas cozinhas (...) Na nossa Alemanha, não há que desmenti-lo, predominava sobretudo o sentimento de enlevo, entusiasmo histórico, alegria de pôr-se em marcha, dispensa dos afazeres quotidianos, libertação de uma inércia generalizada que assim não podia continuar."

Não me apetece estar a pensar em todos os casos para ver se a generalização é abusiva, mas: os países mais afoitos para a guerra são aqueles que não estão habituados a tê-la em casa.
Quem morre longe é herói (até pela informação convenientemente filtrada ou deformada pelos militares e governantes, a bem da moral da nação em período bélico - até certo ponto compreensível).
Quem é invadido e sobrevive tem outra opinião.

Jorge Moniz às 17:17 |