segunda-feira, julho 28, 2003
Palavras fáceis, difíceis, objectivas, abstractas, curtas, esdrúxulas, honestas, mentirosas, elegantes, gordas, que revelam, que escondem, que dizem tudo, que dizem nada.
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
Jorge Moniz às 15:37 |
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