(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quinta-feira, julho 03, 2003



Tenho andado a matutar nuns versos bem ri(t)mados que li de manhã cedo. "viver a vida dos outros"
Não é o que acontece à grande maioria das pessoas? Somos todos inexperientes, nunca antes vivemos a vida que estamos a viver agora. Andamos todos ao mesmo, sem saber muito bem o que queremos. Certo, muitos de nós fingem bem (sai provocação: os homens em particular, "para as gajas pensarem que eu sou muito decidido"). Tudo o que decidimos fazer é sem dúvida influenciado pelo que os outros já fizeram. Pegamos num pouco deste, num pouco daquele e essa mistura é sempre original. Esta é a parte boa.
Quando temos mais dificuldade em ver essa originalidade, permitimo-nos algumas excentricidades. Como por exemplo: ser um jovem quadro de sucesso a morar em Lisboa e não comprar o Expresso, não ter um BMW, não ir ao ginásio, não querer ter dois filhos, trocar um pouco de pragmatismo por um pouco de utopia (ver letra do Fitter Happier dos Radiohead).

Um compositor isola-se na floresta sem ouvir música durante anos, para poder compôr algo de novo e diferente, genuinamente seu. E se ele nunca tivesse ouvido música nenhuma?

(Olho para o que acabei de escrever e parece-me tocar perigosamente o estilo daqueles ficheiros power point que recebemos por e-mail com umas frases em cima de umas paisagens. Talvez reconhecê-lo me desculpe da preguiça de o melhorar.)

Jorge Moniz às 11:59 |