(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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sexta-feira, agosto 29, 2003



Deitada. Os meus olhos nadam em ti, saboreando cada onda do teu corpo.
À nossa volta as pessoas são grãos de areia, a praia é deserto. E tu és céu e mar, sol e lua unidos em perfeição, ao alcance duma braçada.
Quero tocar-te, ter o gesto certo, o rasgo perfeito, o golpe de asa.
Porque paro? Talvez porque receio contaminar-te com as minhas mãos de sal, com os meus lábios de sede.
Ou talvez porque temo que sejas apenas uma miragem que fugirá com a maré quando te segurar nos meus braços.
Pode-se ser demasiado bela?
Sê um pouco imperfeita para mim!

Jorge Moniz às 14:51 |





O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre o tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.

E para repousar do amor, vamos à cama


Carlos Drummond de Andrade

Encontrei esta pequena pérola aqui e não resisti a reproduzi-la. Adoro estes parêntesis finais. Mesmo que ele não os tenha posto graficamente, são - é óbvio - curvos.
(mas cuidado com as esquinas dos móveis)

Jorge Moniz às 09:12 |




Hoje ao vestir-me sacudi o pó a uma camisola de lã (não uso naftalina!).
Porque chove, troveja, faz frio e os vidros estão embaciados.
Alguém quer jogar ao galo?

Jorge Moniz às 08:16 |



quinta-feira, agosto 28, 2003



Pelo que leio parece que esta noite em Lisboa o tempo esteve um pouco chuvoso demais para andar de olho em Marte. Curiosamente em Paris esteve céu limpo e até mesmo dentro da cidade dava para ver o guerreiro. Não com certeza do meu 2° andar: é que não me apeteceu ir a um sítio alto só para ver Marte. Prefiro a Lua.

Jorge Moniz às 11:45 |




Apesar duma ligeira febre e do corpo dorido, voltei ontem ao meu jogging, agora oficialmente em preparação para a Meia-Maratona da Ponte Vasco da Gama. Antes de sair de casa vejo na televisão um português chamado Carlos Lopes a ganhar uma medalha de ouro nos Campeonatos do Mundo de Atletismo. Inspirador.
A prova eram os 400 m para invisuais. Os para-atletas portugueses continuam a ter mais sucesso do que os outros. E eu ainda não percebi se há algo a concluir disto.

(A pièce de résistence: alguns dos atletas invisuais usam as lentes dos óculos como local de publicidade!)

Jorge Moniz às 09:30 |



quarta-feira, agosto 27, 2003



Por alguma estranha e inédita razão, a parte do meu corpo que mais sol apanhou nestas férias foi a orelha esquerda.
Que agora se desintegra lentamente.

Explicação metafísica:
O Sol está a Sul e para Oeste é o Caminho.

Jorge Moniz às 14:54 |






Olha mãe! Agora sem braços!

(Fête de la Musique, Place des Vosges, 21 de Junho de 2003)

Jorge Moniz às 11:30 |



terça-feira, agosto 26, 2003



Ainda o eco das ondas do mar...

Jorge Moniz às 16:27 |




As piores horas ou dias das férias são quando já me despedi de toda a gente, ou melhor, quando já não vou estar com mais ninguém. O tempo para fazer as malas sobra e não há livro, jornal, música, televisão, o que seja que apeteça. Tudo causa fastio.
Os primeiros dias de volta ao gabinete solitário e à casa solitária também não são muito simpáticos. Sei que com o tempo passa. Só não sei se isso é bom ou mau.
Pelo menos deixei o gabinete com 39 °C e encontro-o com 24 °C! E acaba de me chegar aqui o prémio semestral de produtividade: as férias estão pagas!

Quanto ao “Domingo que vem, eu vou fazer as coisas mais belas que um homem pode fazer na vida!”, ela não quis.
Ela, a vida, claro.

Jorge Moniz às 13:02 |





As minhas férias


As férias são um animal mamífero.
(Ooops! Enganei-me na redacção. Vou começar outra vez.)

As minhas férias foram muito boas. Nas minhas férias eu fui a Portugal. Portugal é o meu país.

Quando eu entrei no avião queria ficar longe de internetes e blogues e essas coisas. Queria só ler coisas leves sobre cusquices de televisão e assim. No avião deram-me o Público. Quando abri a revista Xis, apareceu-me logo uma crónica da Laurinda Alves a elogiar o silêncio, que dizem que é uma coisa assim tipo praga que anda aí nos blogues. Fechei a revista e abri o suplemento de verão. E apareceu-me uma coluna semanal dedicada a blogues. Então fechei o jornal e peguei na revista da TAP.

Quando cheguei a Lisboa gostei de ver a passadeira vermelha com os logotipos do Euro2004 que está nas chegadas do aeroporto. Só é pena é os baldes a aparar os pingos de água que caem do tecto. Não estava a chover.

Depois quando ia na 2ª circular a caminho da auto-estrada, passei por uma construção muito grande que acho que é uma casa-de-banho pública, com muitos azulejos de várias cores. Eu não percebo. Eu sei que Lisboa é uma cidade grande e há muita gente que precisa de ir à casa-de-banho. Mas se calhar era melhor porem muitas casas-de-banho mais pequenas espalhadas pela cidade. É que as pessoas podem estar muito apertadinhas e não terem tempo de chegar até ali. Não sei. Eu, por exemplo, bebi muita água e andava sempre aflito.

A viagem de regresso foi um bocado chata porque mudava de avião em Madrid. Por causa disso o meu jantar foi: 2 iogurtes de morango, 2 sandes de fiambre e 2 sandes de queijo. Enquanto esperava em Madrid reparei que o puto que tinha berrado todo o caminho desde Lisboa, chorava em francês. Resultado: mais duas horas de berreiro.

A certa altura a hospedeira disse ao microfone que faltavam alguns minutos para aterrarmos em Londres. As pessoas começaram a olhar umas para as outras, mas eu não me assustei, porque não tinha visto nenhum passageiro com uma fralda na cabeça.

Nas minhas férias eu fiz muitas coisas que nós os portugueses fazemos: comi peixinho grelhado, cozido à portuguesa, feijoada, entrecosto com migas, fui à praia, apanhei um pequeno escaldão, fiz a digestão, nadei, nadei, nadei e até vi um bocadinho de TVI, mas não digam a ninguém.

Nas minhas férias vi também muitas árvores pretas.

Nas minhas férias eu parecia um caixeiro viajante, um comercial, ou um delegado de propaganda médica: sempre de um lado para o outro em visitas ao domicílio. Fiquei um bocado farto de A8: 1000 km para trás e para a frente na mesma auto-estrada cansam mais do que engarrafamentos... Mas vale bem a pena para encontrar as pessoas certas.

As minhas férias foram pequenas.

Jorge Moniz às 10:19 |




Voltei.
Nestes últimos dias o meu primo tratou de manter (e muito bem) o homme à tona da água, enquanto eu mergulhava no mar.
Já conto como foram as férias.

Jorge Moniz às 08:09 |



sexta-feira, agosto 08, 2003



Nas próximas duas semanas vou olhar mais para pessoas do que para monitores; falar e ouvir, mais do que ler e escrever.

Antes dos blogs e e-mails, há cartas de papel e envelope, o belo postal ilustrado, o telefone e principalmente esplanadas, restaurantes, sofás, toalhas de praia,... com pessoas de carne e osso que se podem olhar e tocar.

As utopias para estas férias incluem um areal tão vazio como este e algumas árvores ainda de pé que me façam sombra na hora da sesta.




Quando chega domingo, faço tenção de todas as coisas mais belas que um homem pode fazer na vida.

Há quem vá para o pé das águas deitar-se na areia e não pensar...

E há os que vão para o campo cheios de grandes sentimentos bucólicos porque leram, de véspera, no boletim do jornal: "Bom tempo para amanhã"...

Mas uma maioria sai para as ruas pedindo, pois nesse dia aqueles que passeiam com a mulher e os filhos são mais generosos.

Um rapaz que era pintor não disse nada a ninguém e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!

Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar, que era o que a família desejava, para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos, quando chega domingo, vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou, quando ela era ainda muito menina...

Para eu contar isto é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!

À hora negra das noites frias e longas sei duma hora numa escada onde uma velha põe sua neta e vem sorrir aos homens que passam!

E a costureirinha mais honesta que eu namorei vendeu a virgindade num domingo

- porque é o dia em que estão fechadas as casas de penhores!

Há mais amargura nisto que em toda a História das Guerras.

Partindo deste princípio que os economistas desconhecem ou fingem desconhecer, eu podia destruir esta civilização capitalista, que inventou o domingo.

E esta era uma das coisas mais belas que um homem podia fazer na vida!

Então

todas as raparigas amariam no tempo próprio
e tudo seria natural
sem mendigos nas ruas nem casas de penhores...

Penso isto, e vou a grandes passadas...

E um domingo parei numa praça e pus-me a gritar o que sentia
mas todos acharam estranhos os meus modos e estranha a minha voz...

Mariazinha Santos foi para o cinema e outras menearam as ancas
- ao sol como num ritual consagrado a um deus! -
até chegar o homem bem-amado entre todos
com uma nota de cem na mão estendida...

Venha a miséria maior que todas
secar o último restolho de moral que em mim resta;
e eu fique rude como o deserto
e agreste como o recorte das altas serras;
venha a ânsia do peito para os braços!

E vou a grandes passadas
como um louco maior que a sua loucura...

O rapaz que era pintor
aconchegou-se sobre a linha férrea para que a morte o desfigurasse
e o seu corpo anónimo fosse uma bandeira trágica de revolta contra o mundo.

Mas como o rosto lhe estava intacto, vai a família ao necrotério e ficou aterrada!

Conheci-o numa noite de bebedeira
e acho tudo aquilo natural.

A costureirinha que eu namorei deixava-se ir para as ruas escuras sem nenhum receio.
Uma vez que chovia até entrámos numa escada.
Somente sequer um beijo trocámos...
E isto porque no momento próprio olhava para mim com um propósito tão sereno que eu,
que dela só desejava o corpo bom feito,
me punha a observar o outro aspecto do seu rosto,
que era aquela serenidade
de pessoa que tem a vida cheia e inteira.

No entanto, ela nunca pôs obstáculo que nesse instante as minhas mãos segurassem as suas.

Hoje encontramo-nos aí pelos cafés...
(ela está sempre com sujeitos decentes)
e quando nos fitamos nos olhos
bem lá no fundo dos olhos,
eu que sou homem nascido para fazer as coisas mais heróicas da vida
viro a cabeça para o lado e digo:
- rapaz, traz-me um café...

O meu amigo, que era pintor, contou-me numa noite de bebedeira:
- Olha,
quando chega domingo,
não há nada melhor que ir para o futebol...
E como os olhos se me enevoassem de água,
continuou com uma voz que deve ser igual à que se ouve nos sonhos:
- .... no entanto, conheço um homem que ia para a beira do rio e passava um dia inteirinho de domingo segurando uma cana donde caia um fio para a água...
... um dia pescou um peixe,
e nunca mais lá voltou...

O pior é pensar:
que hei-de fazer hoje, que toda a gente anda alegre como se fosse uma festa?...

O rapaz que era pintor sabia uma ciência rara,
tão rara e certa e maravilhosa
que deslumbrado se matou.

Pago o café e saio a grandes passadas.
Hoje e depois e todos os dias que vierem,
amo a vida mais e mais que aqueles que sabem que vão morrer amanhã!

Mariazinha Santos,
que vá para o cinema morder o lencinho que sua mãe lhe bordou...
E os senhores serenos, acompanhados da mulher e dos filhos,
que parem ao sol e joguem um tostão na mão dos pedintes.......
E a menina das horas longas e frias continue pela mão de sua avó...
E tu, que só andas com cavalheiros decentes,
ó costureirinha honesta que eu namorei um dia,
fita-me bem no fundo dos olhos,
fita-me bem no fundo dos olhos!

Então,
virá a miséria maior que todas secar o último restolho de moral que em mim resta;
e eu ficarei rude como o deserto e agreste como o recorte das altas serras:
e virá a ânsia do peito para os braços!

Domingo que vem,
eu vou fazer as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida!


Manuel da Fonseca

Jorge Moniz às 13:29 |




Um pequeno boneco sobre a evolução dos blogues portugueses.


Fonte

Jorge Moniz às 09:33 |




Bom, parece que está quase tudo de férias.
E o quase também está quase.

Jorge Moniz às 09:15 |



quinta-feira, agosto 07, 2003



Eu que tenho uma imaginação a dar para o fraquinho, leio as notícias das detenções do pessoal que anda a pegar fogos e o cérebro entra em funcionamento acelerado... Que eles actuem por doença mental, razões económicas, ou sejam simplesmente parvinhos (olha tão giro umas luzes azuis, ti-no-ni!) não me interessa: as ideias borbulham na mesma (a canícula ajuda!)... E incluem essas criaturas e isqueiros razantes, por exemplo... E inspiram-se naquelas exposições de engenhos medievais bastante curiosos, por exemplo...

Jorge Moniz às 16:11 |




Fui à casa-de-banho lavar a cara com água fria (fria quer dizer, à temperatura ambiente, né?)...
Até o papel a enxugar estava quente!

Jorge Moniz às 15:58 |




Abriu a caça.
Não sei se também vos chegou aí a história dos patos de plástico. Aqueles que há uns dez anos estavam em caixotes num navio no Pacífico, veio uma tempestade e caíram ao mar. Como eles boiam (são daqueles amarelinhos tipo banheira), aguentaram estes anos todos por aí. Descobriu-se agora que alguns estão a aparecer na costa leste americana, tendo dado a volta por cima do Canadá. Devem ter passado invernos presos no gelo e nos verões lá avançavam mais. Os oceanógrafos andam a rever teorias das marés e paga-se bem a quem encontrar destes patos.

Jorge Moniz às 15:38 |




Estava aqui a pensar nos milhões de dólares que vai receber o iraquiano que deu as pistas sobre os filhos do Saddam. Vezes dois, porque eram dois filhos. Já estou a ver a bela mansão que ele vai construir, bem isolada e protegida - nunca se sabe os fanáticos que andam por aí! Tendo em conta que estamos no Iraque, já deve ficar com a vidinha toda arranjada.
E quando for avô, vai estar sentado no sofá com um neto ao colo a contar-lhe uma história das 1001 noites e o neto vai-lhe perguntar:
- Vozinho, como é que ficaste tão rico?
- Chibei-me.

Jorge Moniz às 13:45 |




Olha esta roda e tudo!



Sentem o vento?

(roubada ao Francisco Amaral, confesso)

Jorge Moniz às 10:53 |




No autocarro uma ruiva com um soutien cor-de-laranja.


Já visualisaram?


Isto vai muito além do tradicional "mala a condizer com os sapatos".

(será que a Wanda Stuart usa soutiens azuis?)

Jorge Moniz às 10:37 |



quarta-feira, agosto 06, 2003



Agora andamos a comparar termómetros e gabinetes...
Descubro que entre os meus 36 °C e os 39 da maioria já não noto a diferença... Não me serve de nada uma benesse de 3 graus.
Sei que me espera um autocarro ainda mais penoso, um metropolitano tolerável e quando entrar em casa aqueles 29°C vão ter um sabor polar. Durante alguns minutos.

Apetecia-me um Magnum branco.

Jorge Moniz às 16:17 |




Já chegámos à NASA...



Está aqui o link.

Jorge Moniz às 14:41 |




Numa destas noites quentes sonhei com legendas. Quer dizer, o sonho não eram as legendas, mas tinha legendas. Das imagens não me lembro, das palavras pouco. Acho que aparecia "Primavera" e "(dos problemas)". Assim mesmo, entre parêntesis... Também não me lembro se as pessoas falavam e muito menos em que língua...
Estranho... será por não ver filmes legendados há muito tempo?

Jorge Moniz às 13:48 |






Ao que parece, seja em Paris ou em Lisboa, está difícil de encontrar à venda coisas destas...

Jorge Moniz às 12:30 |




Ainda não percebi por que é que os telejornais da TF1 e da France2 são tão iguais. Um canal privado, outro público e as notícias quase sempre as mesmas, os alinhamentos quase sempre idênticos. Ontem, ambos os canais tiveram reportagens feitas pelas enviadas especiais à zona centro de Portugal. Em ambos os canais se disse que há falta de meios e que 3000 bombeiros para todo o país é irrisório (temos mesmo só 3000 bombeiros em todo o país? Acho difícil de acreditar... dava menos de 10 bombeiros por concelho...). Houve depois algumas diferenças quanto às entrevistas: na France2 falou uma velhinha desdentada e o seu filho sucateiro diante dos carros ardidos; na TF1 falou um membro dum qualquer organismo florestal.

Jorge Moniz às 12:04 |




Sabes?, melhor do que adormecer ao teu lado é acordar ao teu lado.
Primeiro vêm aqueles instantes de olhos fechados em que ainda não sei bem onde estou. Depois ouço uma respiração. Pouco a pouco reparo que afinal são duas e a ritmos diferentes. Com a sagacidade possível no momento concluo que uma delas não é minha. É nessa altura que me lembro. Abro os olhos e fico. A olhar para ti enquanto dormes. A ver os meus dedos resistirem à ordem de se afastarem do teu cabelo. Para não te acordar. E eu fico. E vejo-te (nesta altura queria ter pronúncia do norte). E olho-te. E leio os teus sonhos nas pálpebras fechadas.

Porque eu acordo sempre primeiro.

(De seguida saio rápida e silenciosamente da cama para ir à casa-de-banho - há pragmatismos que não se compadecem com estas coisas. Mas volto já! Ou então vou fazer o pequeno-almoço.)

Esfregas os olhos e sorris-me.
Bom dia.

Jorge Moniz às 09:33 |




Tu. Sim, é contigo. É para ti que escrevo. Quase sempre, mas hoje em especial. Para dizer o quê? Quase nada. Apenas que estou a escrever para ti. Há verdades que nunca serão repetidas vezes demais.

(Eu sei que não podes responder. Deixa. Não (é) preciso.)

Jorge Moniz às 08:49 |



terça-feira, agosto 05, 2003



O que anda aqui a dominar as notícias é a história de uma Marie. O pai dela é actor, a mãe realizadora. Logo a partir dos 4 anos começou também a fazer cinema. Até à data fez dezenas de filmes e peças de teatro, algumas vezes com os pais, sendo muito acarinhada pelo público. Entretanto casou e teve filhos. Quatro. Quatro casamentos e quatro filhos ? um de cada.
Há algum tempo partiu para a Lituânia filmar um novo telefilme. O seu actual companheiro, também um mediático vocalista de uma banda rock, acompanhou-a. Uma noite, no hotel, começaram a discutir. Ele tinha bebido e tomado vários medicamentos. Ele diz que houve uns empurrões e depois ela caiu e bateu com a cabeça. Só ele sabe o que aconteceu. Ela não resistiu a 5 dias de coma profundo. E a autópsia parece contradizê-lo.

Jorge Moniz às 14:57 |




Tenho visto que isso anda animado por aí na rádio e televisão. O Acontece que sempre vai acabar, a TSF em mudanças...

Por cá é o Estado que tem, e gosta de ter, o papel principal. Da RadioFrance fazem parte pelo menos meia-dúzia de estações, entre as quais três de informação. Na televisão há 2,5 canais públicos. O "meio-canal", a France5, é o chamado canal educativo: documentários e afins. Em ambos os casos a influência do Estado nota-se menos nalgum sectarismo da informação política, do que na declarada função de educar as massas. A ideia é: os meios de comunicação do Estado servem para formar as pessoas e defender a cultura francesa.
É também em nome desta chamada "excepção cultural" que, por exemplo, é proibida a publicidade na televisão aos filmes que estreiam no cinema. Para proteger o cinema francês e evitar que desapareça à conta do americano.
O proteccionismo é de tal maneira, que existe uma categoria profissional única no mundo, chamada "intermitentes do espectáculo". São os actores, músicos, técnicos, etc., que trabalham em cinema, teatro, música, televisão e estão dependentes de contratos e eventos pontuais. Esse regime confere-lhes um ano de subsídio de desemprego por cada 500 h de trabalho (digamos 3 meses a horários normais). Naturalmente que o sistema entrou num défice brutal e agora tenta-se baixar o subsídio para 8 meses. E naturalmente que os intermitentes entraram em greve: festivais de verão, óperas, concertos cancelados e, de vez em quando, um telejornal invadido.
Em nome da defesa da cultura francesa, o que me choca é a desigualdade em relação a outras pessoas com empregos precários, mas não culturais. E também me lembro duma coisa espantosa: como é que nos outros países há pessoas para fazer música, teatro, cinema...?
(Ah: os actores e músicos famosos renunciam ao direito ao subsídio de desemprego. Também só faltava.)

Talvez se esqueçam que o proteccionismo não costuma resultar. Se todo o século XIX e parte do século XX a França era a cultura dominante no mundo, não foi devido a proteccionismo. E o mesmo é válido depois para a inglesa/norte-americana.

Mas voltando à comparação com as nossas rádios e televisões, tenho pena da volatilidade dos programas em Portugal. A permanência durante várias épocas também contribui para a fidelização do público. Se as audiências da TSF até estão a aumentar, para quê mexer? Por aqui, pelo menos há cinco anos que na FranceInfo os jingles são os mesmos, o tipo que apresenta a meteorologia é o mesmo, etc. Na TF1, o apresentador do telejornal está naquele lugar há 19 anos. E não sei como fazem, mas à noite os programas começam à hora marcada.

Jorge Moniz às 08:22 |




Noite movimentada... As diversas partes do meu corpo ganham independência e procuram por si alguns centímetros de lençol fresco... Como perderam o contacto com o cérebro não sabem que tal coisa por estes dias não existe...

Jorge Moniz às 08:18 |



segunda-feira, agosto 04, 2003



Rolo pela cara uma garrafa de água gelada...

Jorge Moniz às 15:50 |






Não, ainda não chegámos aos 45 ºC de Lisboa. Vamos com uns fresquinhos 38 ºC, que aqueceram muitos carros nos 800 km de engarrafamentos deste fim-de-semana da grande partida para férias. A cidade está cheia de lugares para estacionar, dá para atravessar a rua com semáforo vermelho e até se anda sentado nas linhas mais movimentadas do Metro. Hoje de manhã ao sair de casa enquanto caminhava pela rua ouvia os meus passos.
Nesta altura, multidões em Paris, só na praia. Sim: Paris-plage. Desde antes do Louvre até depois de Notre-Dame, cerca de 3 km com 3000 toneladas de areia nos cais do Sena. E chapéus de sol, áreas de desporto, esplanadas, música ao vivo, chuveiros, postos de socorros, jogos, etc. Respondendo à vossa pergunta: não, não há mergulhos no rio para ninguém.
Mais complicada está a vida das centrais nucleares. A temperatura no compartimento dos reactores não pode passar dos 50 ºC e numa delas anda pelos 48 ºC. Os responsáveis tiveram uma ideia diferente: regar as paredes exteriores com aspersores tipo relva. Noutros casos baixou-se mesmo a produção da energia eléctrica, porque os rios estão sem caudal suficiente para o consumo normal das torres de arrefecimento.
Há também restrições à utilização de água em várias zonas do país: lavagem de carros, rega, fontes públicas, campos de golf... Os níveis do ozono dispararam; nas auto-estradas à volta de Paris a velocidade está limitada a 30 km/h abaixo do normal.

Ali o corredor está cómico: as portas todas com calços para não fecharem e haver alguma circulação de ar. Também fiz o mesmo aqui e na linha que une a porta à janela que abri está-se bem. De resto tenho o reactor a 80 °C e quanto ao computador... experimentem meter a mão em cima dos vossos monitores! Já recebi o conselho de fazer um back-up do meu trabalho num servidor protegido. Aguardamos a todo o momento o famoso e-mail a dizer que quem não tem ar-condicionado deve desligar os PC's...

Em casa descubro que os vidros duplos também são úteis no verão.

Jorge Moniz às 14:09 |




Coisas que tenho lido por aí:

Expressões descritivas dos blogues: "intimidade ao ar livre", "15 links de fama".

Se eu quisesse passar por alguém conhecido que tem o seu blogue semi-anónimo assinava "Jorge M.".

Nos marretas:
Pergunta sobre os blogues e os bloguers: "Vocês escrevem sobre a vossa vida íntima?"
Respondo: "Os que a têm não."

Jorge Moniz às 11:16 |




Pois agora já tenho Portugal em todos os telejornais...
Também não era preciso...

Jorge Moniz às 10:29 |






Lembram-se dos apagadores Cisne? Havia uns de outra marca, mais modernos e em plástico, mas os Cisne, de madeira, é que eram bons; seguravam-se melhor. Quando já estavam a ficar com muito giz, em vez de limpar o quadro faziam faixas brancas. E nós brincávamos a fazer desenhos. E depois a Senhora Professora dizia a um de nós para ir lá fora sacudir os apagadores. E a gente batia com eles nas paredes da escola até... Hã? O quê? Mal se vê o apagador na fotografia? Vê-se melhor a franjinhas ao lado? Ah... E ainda por cima essa franjinhas faz anos hoje? Pronto, parabéns para ela... Então e podemos saber como é que ela se chama? Sandra, claro, sou mesmo distraído, já podia ter lido nas entrelinhas! Mas ela já não usa a franjinha, pois não? Ah, usou há uns tempos, mas agora não... pois... E a batatinha arrebitada ainda tem? Uhmm... muito bem...
(isto deve ser de propósito para me estragarem a história dos apagadores... e eu ainda ia falar dos lápis Viarco...)

Jorge Moniz às 08:47 |



sexta-feira, agosto 01, 2003




controlar v. tr., exercer o controlo; verificar; fiscalizar; conferir; inspeccionar.

Jorge Moniz às 16:27 |