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quinta-feira, março 25, 2004
00:00,001
Foi muito rápido. Primeiro tive a sensação de te ter visto. Na fracção de segundo seguinte percebi que desta vez não estava a transformar a cara de alguém na tua. Voltei a olhar. Um pequeno rabo-de-cavalo apanhava-te o curto cabelo, que dançou quando também viraste a cabeça. Levaste os dedos aos lábios, beijaste-os e estendeste o braço na minha direcção com a palma da mão aberta. Ao mesmo tempo esboçaste um ligeiro sorriso, apenas com os lábios, que os olhos continuaram tristes e interrogativos. Nenhum de nós abrandou o passo enquanto nos cruzávamos. Na pressa do momento apenas tive tempo também de levantar o braço e acenar - sem beijo lançado. Penso ter sorrido com mais convicção, mas não sei (é que raramente mostramos toda a vontade causadora de um gesto). No instante seguinte já olhávamos de novo na direcção do caminho de cada um. A mesma direcção, os sentidos opostos. Foi muito rápido. Muito mais rápido do que as sucessivas câmaras lentas que se seguiram. Ao meu lado alguém perguntou: "Quem era?"
Jorge Moniz às 21:44 |
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