(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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quarta-feira, abril 28, 2004


D – 7
- Mãe?
- Chiça que o puto é chato! Que é que foi agora?
- Nada, pronto...

Jorge Moniz às 22:05 |



Por causa de um pequeno acidente doméstico...
... tropecei literalmente num livro que andava perdido há uns anos.

Às vezes tenho ideias, felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...

Depois de escrever, leio...
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...


Álvaro de Campos

Jorge Moniz às 17:16 |



Nós
Este ano, o acontecimento mais importante para o futuro de Portugal não é nenhum dos que tem tido mais destaque nos meios de comunicação social, com programas especiais na rádio e na televisão. Não é o Euro 2004, não é o Rock in Rio, não são os processos em tribunal.
Eu quase que apostava que a maioria dos portugueses não sabe que já neste sábado passamos de 15 para 25 países na União. E isso só o tenho visto em algumas reportagens que o Telejornal fez nos novos países e vou ver amanhã num suplemento da Visão.

Jorge Moniz às 15:16 |



Serviço Público
Casablanca, amanhã às 22:00 na 2:

Jorge Moniz às 10:46 |



terça-feira, abril 27, 2004



"Descoberta localização exacta do que resta da Arca de Noé"

Jorge Moniz às 23:21 |




Há uns anos uma amiga pediu-me para usar um cartão de estacionamento meu durante uns meses que eu ia passar no estrangeiro. Eu respondi que não, porque isso não era permitido pelo regulamento do parque de estacionamento. Ela ficou um bocado chateada.
O tipo de atitude que eu tive é socialmente mal visto. Não me venham dizer que é só em Portugal. Digamos que é algo característico dos povos latinos, ou de latitudes mais próximas do equador que dos pólos.
Independentemente do que é ilegal ou crime, roubar um chocolate do supermercado não é socialmente aceite. Mas ter a caixa da TV Cabo pirateada já é. E pode até causar invejas. Ninguém censura o amigo que anda a 121 km/h na auto-estrada. Na Suíça, é prática comum denunciar alguém que passe por nós em excesso de velocidade. O suíço sai da auto-estrada e vai avisar a polícia que o carro com a matrícula tal passou por ele em grande velocidade.
A denúncia nos países latinos é mal vista. Em primeiro lugar estão as relações pessoais e a honra, mesmo que para isso se passe por cima da lei. O facto de um amigo pedir a outro um favor ou um jeitinho ligeiramente irregular ou ilegal não causa problemas de consciência. Desde que não se prejudique ninguém (ou quase), tudo bem. As coisas começam a tornar-se mais complicadas quando os níveis de poder e responsabilidade aumentam. Quando se é, por exemplo, autarca e dirigente de vários organismos. Já estão a ver onde vou chegar?
Isto veio simplesmente a propósito do Major Valentim Loureiro, nas várias declarações que tem feito à imprensa, não ter falado em cabalas, perseguições, equívocos. Não o ouvi proclamar inocência.

"Não irei desiludir ninguém", referiu Valentim Loureiro, admitindo que não é "um homem perfeito" e, como tal, tem os seus "pecadinhos", mas garantiu ter "a consciência tranquila" e que nada lhe pesa.

Ele se calhar só estava a ser amigo. À maneira latina.

Jorge Moniz às 21:09 |



plim!
As melhores ideias surgem em conversas e não sozinhos metendo o chapéu do prof. Pardal. Foi o que aconteceu quando aqui numa janela ao lado trocava impressões sobre patos e a distância do Sol à Terra. De repente fez-se luz:
Se um patrocinador quiser que eu use uma marca sua como nick no messenger e/ou no blog, eu até poderia viver disso. Estou disponível para trabalhar à noite, mas quero as tardes para a praia e outros assuntos. Também exijo que se trate de uma marca respeitável, que, por exemplo, não use crianças indonésias para fazer sapatos de desporto.
Para os eventuais interessados o e-mail está ali em baixo. Obrigados.

Jorge Moniz às 19:17 |




Não insistas. Já por três vezes o fizeste e foi inútil. Não é bom para ti; consome-te o orgulho que te resta. Não é bom para mim; não gosto de ver essas figuras. Já te dei as razões, claras e inalteráveis. Por isso não insistas. Isso já não me lisonjeia, sabes? Incomoda-me apenas. Não insistas. Seja na versão olhos vermelhos implorando, seja na versão aquele perfume num sorriso a um palmo da minha boca. Não insistas. Nem me passando os dedos pelo cabelo, o braço pelas costas, os lábios pelo pescoço. Por favor, não insistas. Que eu já gastei todos os nãos.

Jorge Moniz às 12:43 |



D - 8
- Mãe?
- Que é?
- Nós já vivemos numa democracia?
- ... Não é bem, filho. Por enquanto é o PR... o PEEC, digo.

Jorge Moniz às 12:21 |



segunda-feira, abril 26, 2004


Caso eu não soubesse que o ar quente é mais leve...
...neste momento aqui em casa:

rés-do-chão -> 17ºC
1º andar -> 23 ºC

(quase que é preciso agasalhar-me para descer as escadas)

Jorge Moniz às 22:21 |



Não há limites para a estupidez
A Coreia do Norte não quer, por uma vez que seja, abrir a fronteira para deixar passar alimentos, mantimentos e medicamentos de apoio às vítimas do acidente dos comboios. Terão de dar a volta por mar numa viagem de 15h.
Os feridos em estado crítico agradecem.

Jorge Moniz às 21:43 |



Sem preconceitos


De relance, com pouco mais do que três compassos visíveis, quem pode avaliar esta música? Aliás, tirando os nomes dos acordes, eu poderia dizer que era Chopin, Beethoven, ou mesmo Rachmaninov. Mas já que não apaguei essa informação, concedo que é algo actual. Também é fácil concluir que o ritmo é quaternário. Mas pode-se dizer mais do que isso? Que é inspirada ou trivial? Original ou vulgar? Será pop, rock, jazz, fado,...?

Jorge Moniz às 20:06 |



D - 9
- Mãe?
- Sim.
- O país está diferente?
- Está filho.
- Então eu já posso sair daqui?
- Ainda não. Espera mais uns dias para ver o que isto dá.

Jorge Moniz às 19:02 |



domingo, abril 25, 2004


É impressão minha...
... ou as comemorações dos 25 anos tiveram muito mais piada? Tenho ideia de ter havido livros, cd's e sobretudo as interrupções na televisão para mostrar o que estava a acontecer naquele momento em 74.
(também me lembro da TSF fazer uma coisa parecida, mas talvez nos 20 anos...)

Jorge Moniz às 22:53 |



Chega de confusões
Acabo de tirar os comentários enetation, ou seja todos desde o princípio até esta data.
Despotismo de autor.
(agora é o blogspot aos solavancos...irra!)

Jorge Moniz às 22:16 |



D – 10
- Mãe?
- Diz.
- Que é esse barulho todo aí fora?
- São muitos soldados a passarem pela rua e muitas pessoas aos pulos.
- É uma revolução, mãe?
- ... Não é bem... É mais uma evolução. Mas só daqui a trinta anos é que vais perceber.

Jorge Moniz às 22:00 |



Ao contrário do que muita gente pensa...
...o Dia-D é uma designação militar para uma qualquer data importante (assim como Hora-H para um tempo), que remonta à I Guerra Mundial. Normalmente estas expressões são utilizadas para indicar as tarefas a serem levadas a cabo antes desse momento ("No dia D menos 4, fazer isto", "Na hora H menos 2, fazer aquilo", por exemplo).
A designação é inglesa, mas por acaso faz também sentido em português, devido às palavras "dia" e "hora" começarem pelas mesmas letras. O mesmo não se passa em França: antes de me vir embora tive no trabalho uma lista de burocracias a tratar nos últimos dias onde se lia "J - 5", "J - 2", etc. Por isso, o mais famoso Dia-D da História (o 6 de Junho de 1944) não é conhecido em França por esse nome (nem por "jurr-ji", que soa mal). Diz-se simplesmente o "desembarque" ou a "libertação".
Ora hoje eu digo D - 10.

Jorge Moniz às 21:58 |



Abril com "R"

Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.


Manuel Alegre

Jorge Moniz às 11:54 |



E então agora também tá o HaloScan em baixo!
Deve andar tudo a comentar-se uns aos outros. Uma coisa vos digo: antes do 25 de Abril não havia problemas destes, de entupimento de conversa. Ah, pois não!

Jorge Moniz às 11:32 |



Trrrrrrinta anos da Rrrrrrrrevolução de Abrrrrrrrrrrril !!!
Evolução (sem r) é o que temos tido depois e não tem data, é um contínuo. Alguém que explique isso ao Mogais Sagmento.

(eu não gosto destas coisas de celebrar as datas depois da meia-noite e antes da noite dormida, mas há 30 anos por esta hora já andava aí muita gente na estrada!)

Jorge Moniz às 00:25 |



sábado, abril 24, 2004


A história desta foto da cadeira (ou do pescador desaparecido)
A data eu podia dizê-la, mas tinha de ir vasculhar em agendas antigas ou nas costas da fotografia e não me apetece. Digamos apenas que foi nos dias seguintes ao referendo em Timor-Leste. Enquanto em Portugal toda a gente se manifestava, eu olhava para o Adriático.
Na véspera daquela manhã decidi acordar cedo. Porque nunca tinha visto um nascer-do-sol no mar. A maré estava baixa, como sempre naquela costa – andam-se dezenas de metros mar adentro com a água pelos joelhos. E a bandeira está sempre vermelha. Perguntei ao recepcionista do hotel porquê, ele encolheu os ombros e disse qualquer coisa de correntes... Para mim é mais porque quase todos os veraneantes são idosos.
Quando cheguei à praia ela ainda estava fechada. Literalmente. Numa extensão de quilómetros toda a praia está concessionada e repleta de chapéus-de-sol, espreguiçadeiras e vestiários permanentes, como que congelados nos anos 20. Por isso há portões que se fecham à noite – a praia tem mesmo horário de funcionamento.
Existe no entanto um pedaço de areia livre, junto ao pontão que delimita a entrada para a marina de Rimini, a cidade de Fellini (e agora de Pantani, também).
Enquanto andei para trás e para a frente neste pontão não vi ninguém. O Sol nasceu, tirei fotografias, vi pedaços de limão abandonados e esta cadeira. Imagino que pertencesse a um pescador, pela sua posição e pelo padrão da camisa. Mas não havia vestígios nem de pescador nem de cana. Por que teria ele saído sem levar pelo menos a camisa? Teria levado a cana ou nem sequer a tinha trazido? Ou nem sequer era pescador? Há quanto tempo estaria abandonada aquela cadeira ali? E todas estas perguntas mais não fazem do que adiar a pergunta mais importante: quando ele se levantou da cadeira, terá apenas dado dois passos em frente?

Jorge Moniz às 14:07 |



Enquanto tomava o pequeno-almoço na rua...
... apercebi-me de uma mancha vermelha no meio dos tons verdes à minha volta. Aproximei-me e confirmei: abriu a primeira papoila do ano. A primeira aqui por estes lados, que no Alentejo já as tinha visto há umas semanas (mas lá abrem sempre primeiro, por isso não vale).
A coitada ainda está com as pétalas todas engelhadas... deve ter sido mesmo esta manhã.

Jorge Moniz às 11:59 |



sexta-feira, abril 23, 2004



Há alguns anos atrás eu estava em Espanha neste dia.
De manhã ao chegar à Universidade vários colegas deram-me os parabéns.
E eu demorei um bocado a perceber.

Jorge Moniz às 23:20 |



Quando se diz...
... que não se tem nada para dizer, é mentira.
Isso pelo menos já se disse.

(é o que me acontece quando ando a mexer em html, css e afins - fico exclusivamente racional)

Jorge Moniz às 22:53 |



Mensagem do apoio técnico
Foi a última vez que me chateei com os comentários da enetation. Já estão aqui os novos da HaloScan, que se espera cumpram melhor a sua função.
Agradecia que passassem então a utilizar o respectivo link. Pelo menos até o post anterior passar aos arquivos, mantenho os outros visíveis.

Jorge Moniz às 15:28 |



Dia mundial do livro
Eu pareceu-me ouvir nas notícias que em Lisboa, Porto e Coimbra vão ser distribuídos gratuitamente 300 000 livros em locais públicos. Mas como eu ainda estava um bocado no reino dos zzzz pode ter sido só impressão minha. De qualquer maneira, com o sol que está não há desculpa para não andar na rua à coca.
Eu proponho aqui outra ideia: dizer quais foram os livros que vos marcaram mais até hoje. Não têm que ser os melhores, nem os que gostaram mais. Apenas aqueles livros.
Os meus:

Anatoli Ribakov, Os Filhos da Rua Arbat
Colum McCann, Deste lado da luz
David Lodge, Terapia
Gabriel Garcia-Márquez, O Amor nos Tempos de Cólera
José Luís Peixoto, Uma Casa na Escuridão (é verdade: o blogger venera o Peixoto)
José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira
Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia
Paul Auster, A Trilogia de Nova Iorque
Richard Zimmler, O Último Cabalista de Lisboa
Umberto Eco, O nome da rosa

Jorge Moniz às 10:41 |



quinta-feira, abril 22, 2004


Uma aventura
Quando eu estava no 1º ou 2º ano do Ciclo, recebemos na escola a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada. A ideia era uma sessão de perguntas e respostas numa sala grande a abarrotar de miúdos. De cada turma havia uma delegação de meia dúzia de crianças com perguntas escritas num pedaço de papel. Cada um não fazia necessariamente perguntas pensadas por si - na minha turma, por exemplo, eu tinha sido escolhido pela professora de português para escrever as perguntas, mas foram outros a fazê-las de viva voz. Uma delas era a mais importante de todas e consistia numa dúvida que me atormentava:
- Qual das duas é que escreve os livros?
O meu erro foi a formulação da pergunta, porque obviamente elas deram a resposta que se dá quando esta pergunta é feita por crianças de 10 anos:
- Somos as duas.
E eu fiquei na mesma. Eu queria era saber a parte técnica de quem é que pegava na caneta, ou batia à máquina, se cada frase era de facto elaborada pelas duas ou uma escrevia um pedaço e passava à outra para continuar.
Ao longo dos anos fui-as vendo e lendo em várias entrevistas e espreitava sempre a ver se alguém lhes fazia aquela pergunta com as mesmas ou outras palavras. Mas não.
Até hoje.
20 anos depois, a Judite de Sousa acaba de abordar o assunto e eu finalmente sei: normalmente é a Ana Maria Magalhães que escreve, à mão, porque tem uma letra mais legível. Mas são de facto as duas que concebem cada frase em voz alta e se vão corrigindo e dando sugestões e, afinal, ditando. Um dos filhos da Ana Maria Magalhães até costumava dizer: "Eu ouço a minha mãe a escrever".
Há depois uma pessoa a quem pagam para dactilografar ou... (como é que se diz dactilografar mas em computador?)

Jorge Moniz às 23:44 |



A propósito de prosa:
O leitor mais dedicado poderá encontrar no link aqui à esquerda uma selecção de algumas coisas que fui publicando ao longo do último ano e tal. São apenas os textos que mais gostei de reler.
(e assim não corro o risco de fazer mais re-posts)

Jorge Moniz às 16:39 |




Ouvi de manhã na rádio comentarem um estudo americano que apresentava uma estatística segundo a qual os poetas morrem mais novos do que os outros escritores.
Em conversa posterior comentava-se que era apenas natural - fornos a gás, pulsos cortados na banheira, etc...

O governo adverte que poemar é perigoso para a saúde.

Ora eu por mim tenho a declarar que já abandonei essa perigosa actividade há muitos anos (versos de dedicatória em livros oferecidos não contam – tá calada Rita!) e agora apenas me dedico a usar toda a extensão de cada linha no monitor.

(de qualquer maneira, muito do que por aí vou vendo é apenas prosa com muitos enters)

Jorge Moniz às 16:30 |



terça-feira, abril 20, 2004


Re-post um ano depois
(porque me lembrei, porque os leitores já são outros, porque... porque sim)

Era feliz. Ou achava que era. Mesmo não tendo aquilo que mais queria. Sentia-se bem apesar disso, o que era algo de novo. Procurava algumas explicações, mas nenhuma lhe parecia muito sólida. Talvez o conjunto delas.
Então chegou a notícia. A notícia. E aí percebeu que não tinha estado só aquele tempo todo. Tinha algo dentro de si que naquele momento desaparecia, deixando um vácuo sem possibilidade de ser preenchido. Nesse instante o tempo mudou. O dia ficou escuro, uma tímida e triste chuva fez libertar o cheiro da terra. Um arrepiante frio instalou-se.
Sentiu a pesada impotência de saber como ser feliz. E isso não depender de si.
Talvez não fosse muito difícil suportar melhor aquela notícia. Talvez houvesse um lado masoquista na sua reacção. Provavelmente.
E depois as memórias, as recordações. O que tinha sido. Mas, mais ainda, o que poderia ter sido. Tinha tentado tudo e o seu contrário. Apenas não aquilo que nunca fazia. E que talvez lhe mostrasse que as coisas dependiam mais de si do que pensava. Talvez isso fosse assustador.
Não estava bem em lado nenhum. Não tinha fome. Não tinha sono. Não lhe apetecia fazer nada e não parava de tentar descobrir o que fazer. Escrever sobre isso, nem pensar: era despir-se demasiado.
Um dia saiu de casa. Para a chuva. Para as ruas. Olhar as pessoas. Não. Memórias. Olhar mais alto, as casas. Não. Mais memórias. Fechar-se numa sala de cinema. Memórias também. Entrar nas lojas e comprar algo – terapia clássica. Ainda as memórias. Saltavam de todo o lado, das caras das pessoas, dos títulos dos livros, dos nomes das músicas. Tinha sido demasiado tempo e demasiado envolvimento. Todos os seus poros respiravam aquela lembrança.
E o que fazer? Tempo, a receita vulgar para apagar as memórias. Ou torná-las inócuas. Ou então tentar seguir em frente. Mas isso naquela altura parecia uma traição; como se afinal aquilo não fosse assim tão importante.
Dormir. Dormir dias a fio e acordar outra pessoa. Mas nem sequer conseguir adormecer.

Desistiu enfim e entregou o seu destino àquele que afinal era muito superior a ela e que afinal detinha todo o poder nas suas mãos. Não: na sua mão. A esquerda. A que segurava a caneta.

Ele recostou-se na cadeira e brincou com a caneta nos dedos. Olhou para a folha de papel pousada na mesa diante de si e para a pilha desarrumada um pouco mais ao lado. O destino dela já estava decidido há alguns dias e ela sabia-o. Foi o tempo de escolher o melhor modo de o concretizar.
Escreveu: "Um quinto andar não era muito, mas ela achou que seria suficiente. Dava tempo para rever todas as memórias apenas mais uma vez. Entre a janela e o chão."

Jorge Moniz às 21:18 |



Save me

...
Why can't love ever touch my heart like fear does?
...
The The

                                                                                                                                                                                                      from myself

Jorge Moniz às 15:37 |




"He was always crying on my shoulder over someone. So I convinced him to settle for my shoulder."
O Paciente Inglês

Sometimes it happens, sometimes it won't.

(o...schiu...o pela frase, loiiiira! tantas vezes vi o filme e nunca reparei nesta.)

Jorge Moniz às 15:36 |



Finalmente!
Entramos agora na contagem decrescente para o "não era oportuno nesta altura, tão perto do Euro". A ver quem será o primeiro a dizê-lo...

Jorge Moniz às 12:11 |





Henri Cartier-Bresson, Lamego, 1955

If you want a lover I'll do anything you ask me to.
And if you want another kind of love I'll wear a mask for you.
If you want a partner take my hand, or if you want to strike me down in anger, here I stand.
I'm your man.

If you want a boxer I will step into the ring for you.
And if you want a doctor, I'll examine every inch of you.
If you want a driver climb inside, or if you want to take me for a ride, you know you can.
I'm your man.

The moon's too bright, the chain's too tight, the beast won't go to sleep.
Well I've been running through these promises to you that I made and I could not keep.
Ah, but a man never got a woman back, not by begging on his knees.
Or I'd crawl to you, baby, and I'd fall at your feet,
And I'd howl at your beauty like a dog in heat.
And I'd claw at your heart and I'd tear at your sheet, I'd say please
I'm your man.

And if you've got to sleep for a moment on the road, I will steer for you.
And if you want to walk the street alone, I'll disappear for you.
If you want a father for your child, or only want to walk with me a while across the sand
I'm your man.


Leonard Cohen

Por alguma razão, a frase "I'm your man" vejo-a sempre na boca de um homem português desta idade e desta geração (com sotaque da beira, naturalmente). E por que outra razão não seria ele capaz de dizer tudo o resto?

Jorge Moniz às 11:08 |



Diálogos inverosímeis IV
- Então mas tu não apanhas os sinais quando uma gaja se está a fazer a ti?
- Não sei... Ou não apanho ou nunca nenhuma o faz.

Jorge Moniz às 11:07 |



segunda-feira, abril 19, 2004


Dizia Fernando Pessoa

"Não me venham dizer que 'ouro' é a mesma coisa que 'oiro'. O ouro é baço e o oiro é brilhante."

Do mesmo modo também há louras e loiras.

(as melhoras!)

Jorge Moniz às 21:51 |



Às vezes penso...
... que gostava de ter umas amnésias selectivas. Para poder voltar a ouvir algumas músicas pela primeira vez, surpreender-me de novo com a história de alguns filmes, conhecer de novo algumas pessoas e fazer tudo diferente, ir a sítios, cidades, praias que conheço bem, como se fosse tudo novo.
Provar o primeiro pastel de nata, dar o primeiro beijo (amar não conta – é sempre a primeira vez), aprender a tocar os "parabéns a você" no piano e pensar que já sou um Richter, entrar pela primeira vez no mar, aprender a andar de bicicleta com rodinhas.

Como isto não é possível, limito-me a procurar (com maior ou menor sucesso) tudo aquilo que ainda não fiz.

Jorge Moniz às 21:51 |



Diálogos inverosímeis III
- Já lhe disseste?
- Não.
- E tás à espera de quê?
- ... Que ele perceba...
- Mas não sabes já que os homens são brutos, não percebem indirectas nenhumas, tem de se lhes fazer a papinha toda?! Senão é uma perda de tempo com esses engonhanços e dá sempre pior resultado!

Jorge Moniz às 21:50 |



Voltando a carregar o tom
Mais do que ignorar, é gozar com a cara de um gajo que magoa.

(isto hoje está mesmo agridoce)

Jorge Moniz às 16:27 |



Aligeirando o tom
Tá com piada essa agora do novo acordo ortográfico a propósito dos...

...Tinta Anos da Evolução de Abil.

(ou então, vindo de quem vem, os Tguinta Anos da Guevolução de Abguil)

Jorge Moniz às 12:14 |



Dão-se alvíssaras...
...a quem me consiga fazer mudar de ideias.

Raios! Dou muito mais do que alvíssaras! (Irra que o gajo é teimoso!)

Jorge Moniz às 11:45 |



Diálogos inverosímeis II
- Queria adivinhar o que ela pensa... para ter a certeza...
- O que uma mulher pensa é irrelevante, o que interessa é o que ela sente. E isso nem elas próprias sabem adivinhar.

Jorge Moniz às 10:29 |



domingo, abril 18, 2004


Começar de Novo / Once and Again
Quase sempre excelente, graças aos óptimos actores, à forma inteligente como mostram diferentes níveis das relações, do mais óbvio ao mais subtil, e a uma montagem cuidada e original.
No episódio de hoje então excederam-se. Sim, já deu. Mudou de horário. Foi às 20:00.

Jorge Moniz às 22:27 |



O blogger
- vê pouca televisão;
- lê muito e faz posts com citações do que lê;
- gosta de obscuras bandas alternativas inglesas com música de um modo geral melancólica (pode também gostar dos Xutos, mas isso não se diz no blog, é feio);
- compra os seus livros e cd's na FNAC do Chiado e às vezes vai lá mesmo só passear com os amigos e beber um chá ou comer um gelado;
- adora os amigos. E escreve-o no seu blog com links para eles. Ama-os mesmo (mas um amar de amizade apenas, nada de confusões! [o blogger sabe distinguir as coisas]);
- combina encontros com outros bloggers que têm gostos parecidos com os seus e depois escreve um post comemorativo onde faz notar que são todos muito simpáticos e queridos e lindos;
- de tempos a tempos escreve um post enigmático só com uma linha, a altas horas da madrugada, dando ares de depressão para choverem comentários dos leitores;
- está sempre a pensar em inventar um conceito original de post;
- vai na rua, vem-lhe uma ideia à cabeça, corre para casa e escreve-a antes que se esqueça (ou então já aderiu ao Moleskine permanentemente no casaco ou na carteira);
- pensa 14 vezes ao dia "isto dava um belo post";
- às vezes escreve posts sarcásticos sobre os outros bloggers e eventualmente sobre ele próprio.

Jorge Moniz às 18:30 |



Diálogos inverosímeis I
- ... Não sei... acho que temos uma grande diferença cultural... ela nem sequer conhece o David Lodge...
- Mas para que é que queres uma gaja culta? As gajas cultas estão na cama com surfistas que só sabem assinar de cruz!

Jorge Moniz às 16:29 |



sábado, abril 17, 2004



cima para baixo de contrário ao lê-se isto

(!avisei Eu)

Jorge Moniz às 11:25 |



A quem chegou aqui agora e não sabe como funcionam estas coisas
Isto lê-se ao contrário: de baixo para cima.
(mas continua a ser da esquerda para a direita - senão era ainda menos compreensível.)

Jorge Moniz às 10:38 |



sexta-feira, abril 16, 2004


And now for something completely different


foto: R. O.

Aposto que não sabiam qual era o nome original da Anita.

Jorge Moniz às 21:19 |



Nota da Redacção
Alguns leitores escreveram-me preocupados com certos textos que tenho publicado, nomeadamente um de ontem ao almoço. A preocupação só se justifica por serem leitores mais recentes e não estarem a par da linha editorial aqui do canto. Sai portanto um esclarecimento já feito numa ou noutra ocasião, mas que de vez em quando convém de facto repetir:

As coisas com um teor mais íntimo que escrevo aqui são ou pura ficção ou levemente baseadas em acontecimentos reais passados com: desconhecidos que vejo na rua, conhecidos e amigos, ou mesmo comigo. Este último caso é raríssimo, porque a minha vida íntima não a discuto na praça pública. Esses leitores souberam usar um meio de comunicação privado e foram prontamente esclarecidos (e eu agradeço o interesse). O resto não é para se saber nestas linhas.

Outra questão: a comentários anónimos obviamente não respondo e, se se tornarem um hábito, passarei a apagá-los à medida que aparecerem. Haja respeito.

Pedimos desculpa por esta interrupção; a emissão segue dentro de momentos com a programação habitual (telenovelas mexicanas!).

Jorge Moniz às 21:12 |



Queres...
...ir comer uma fatia de bolo de chocolate ao jardim do Museu de Arte Antiga e depois não obedecer ao aviso de levar o tabuleiro para dentro e depois ver os pombos todos a comer as migalhas enquanto sorrimos na varanda para o Tejo?

Jorge Moniz às 12:04 |



I count your eyelashes, secretly


Man Ray

Jorge Moniz às 12:02 |



quinta-feira, abril 15, 2004



Chega de decisões racionais em coisas que de racionalidade têm muito pouco.

(Nota: a frase acima é, como se nota claramente, uma decisão racional)

Jorge Moniz às 22:00 |




Sempre o tinham avisado para o perigo das mulheres que têm mais amigos do que amigas. Mas ele não ligou nenhuma.

Jorge Moniz às 16:06 |




Há os homens que conquistam e os homens que amam – elas preferem sempre os primeiros.

Agustina Bessa Luís

Jorge Moniz às 16:06 |



Isso,
vai lá dando as tuas "voltinhas", fazendo com que eu saiba e sabendo como isso me esmaga – sádica.
Eu vou tentando fazer o mesmo e esperando o mesmo resultado – vingativo.
Como sei que já se passaram os limites da mágoa e do ressentimento,
quero que   t o d o s   os dias da tua vida te lembres que fizeste de mim um hemofílico: uma cicatriz para recordar já seria demasiado, mas isto nem sequer estanca.

Jorge Moniz às 12:50 |



Blog Geographic
Tenho assistido por aí à formação de alguns blog-casais. Vão lendo e gostando do que o outro escreve, deixam uns comentários, depois passam para o e-mail, o messenger, o telefone, o café, a praia,... e depois lá vem o post a oficializar a coisa.
Mas eu queria aqui falar é dos outros. Aqueles de que nunca se chega a saber. Aqueles que vão em grande velocidade até ao encontro frente a frente. E aí pode acontecer, por exemplo, uma destas situações: "A gaja é gorda!", "O gajo é esquelético", "A tipa é horrorosa!", "Este caramelo é um minorca!".
Ou, por outras palavras mais eufemísticas, a faísca acendida ao escrever não encontra combustível para se transformar numa chama.
Depois o que acontece é que um deles vai continuar a escrever ao outro, mas obtém respostas mais lacónicas. As visitas e os comentários desiquilibram-se para um dos lados e passados uns tempos o assunto morre.
Para todos esses o meu bem-haja e melhores dias virão.

Jorge Moniz às 12:11 |



Um bicho verde
Sentei-me a escrever o e-mail mais importante dos últimos meses. A decisão estava tomada, só tinha de a transformar em palavras. Foram escolhidas a dedo, para conseguir o efeito desejado. O texto completo foi lido e relido, com vários dias de intervalo para ter algum distanciamento. Já estava pronto e eu estava satisfeito. Faltava só assinar.
Nessa altura, ao escrever as 5 letrinhas, em vez de "Jorge" saiu "Jogre".
O que é que Freud diria desta dislexia?
Não sei. Mas vejamos o que diz o dicionário:

Ogre do Lat. orcu, inferno
s. m., gigante dos contos de fadas que se alimentava especialmente de crianças; papão; pessoa má e sem escrúpulos; comilão.


À cautela achei melhor não enviar o e-mail.

Jorge Moniz às 11:56 |




Uma vantagem pouco reconhecida da praia é a ausência de internet.

Jorge Moniz às 11:37 |



quinta-feira, abril 08, 2004


"Avon calling!"
Agora, no segundo canal.

Jorge Moniz às 22:16 |




O mar, aquela água toda a ferver – mas fria...

Agustina Bessa Luís

Jorge Moniz às 21:18 |



Com os olhos na linha que separa o azul do azul
Quando inventaram a palavra "horizontal" ainda não deviam saber que a Terra afinal é redonda.

Jorge Moniz às 21:17 |



A gerência recomenda Fenistil Gel
É que anda aí gente a queixar-se das minhas mordidas.

Jorge Moniz às 10:21 |



quarta-feira, abril 07, 2004


Sugestão
Na Páscoa de 1997 o canal arte produziu o documentário "Corpus Christi" onde historiadores e exegetas se debruçaram sobre o processo e a morte de Jesus. Em cinco programas de 1 hora analisaram quase só uma página do Evangelho de S. João, em busca dos factos históricos. A série tem sido depois várias vezes transmitida pela RTP2, sempre na altura da Páscoa.
Está agora em exibição a continuação do trabalho numa nova série: "A Origem do Cristianismo". A não perder também o completo site.

Jorge Moniz às 23:46 |




"Hoje, dia 6 de Abril o Nabunda despediu-se do IST e dos seus estudantes para seguir para o Canil do Alvito onde foi abatido por indicação veterinária."

Jorge Moniz às 23:37 |



Aviso
Ai eu mudo para o HaloScan mudo!

Jorge Moniz às 11:19 |



terça-feira, abril 06, 2004



Ama-se facilmente o mistério porque dele sempre esperamos uma solução para tudo o que quotidianamente constitui a monotonia e o vazio inexplicável.

Agustina Bessa Luís

Jorge Moniz às 22:28 |



O som
Não está sol. Há apenas uns raios que a espaços furam uma nuvem e dão um brilho prateado às curvas cinzentas desenhadas no mar.
O som das ondas é apenas interrompido pelo ruído de um carro que chega ou parte e pelo barulho de portas a baterem. Quase não há gaivotas nem vozes - a maioria das pessoas vem sozinha.
Uns, em grandes carros, saem por momentos e sobem a uma duna. Enquanto seguram a gravata contra o vento, olham para os dois extremos da praia. Depois voltam ao série 5 e partem. Sem mais explicações.
Outros vêm com grandes botas, abrem o porta-bagagens do Corsa e tiram uma cana e um balde de plástico com anzóis e iscas. Demoram-se mais.
Há depois as excepções. Como aquelas duas mulheres que falam em espanhol enquanto caminham pelo areal apanhando conchas e pedras. Ou aquele casal alemão que passeia uma cadela pachorrenta. Ou esta família franco-alemã que toma banho na espuma das ondas de 6 metros e muda de roupa nas traseiras da carrinha atulhada de sacos-cama, roupa diversa e loiça ruidosa.
Há também os casais em busca de recato. Os silenciosos e legítimos. E os silenciosos e mutuamente adúlteros (duas alianças e dois carros).
Cada um tem uma noção inconsciente e precisa do tempo que lhe é permitido ficar – o parque de estacionamento nunca fica cheio nem vazio. Alguns trazem a janela aberta, mas o rádio silencioso.
Há uma cabine telefónica enferrujada e silenciosa. Há um café fechado e silencioso.
É então que sinto um calor inesperado. Olho para cima por um instante a confirmar. Logo de seguida fecho os olhos e vejo um sol verde num céu negro.
O som das ondas é agora acompanhado pelo de um lápis que rabisca num pedaço de papel. Em pura ressonância.

Jorge Moniz às 22:27 |



segunda-feira, abril 05, 2004


Ó Catarina:
A Senhora começou a sua contagem decrescente a partir do 10 ou do 30?
Dava-me jeito saber, não é por nada... fiiiiiuuuu fiiiuuuu (som de assobiar para o ar)

Jorge Moniz às 21:09 |



À atenção de S. Pedro
Sim, a temperatura já está bastante agradável, é um facto. A questão é que a brisa da beira-mar (particularmente no local retratado a 4 page downs daqui) não permite que uma pessoa se ponha, digamos, mais à vontade, o que me está a provocar o desagradável "bronzeado à pedreiro" e nós não queremos isso, pois não?
Se pudesse então dar aí uma palavrinha ao Éolo eu agradecia.
Por hoje era só.

Jorge Moniz às 21:03 |



Porquê?
Porque foste a única a quem não meti os cornos.
Porque te enchia de mimos todos os dias.
Porque nunca te dei ordens.
Porque nunca te levantei a voz.
Porque me lembrava sempre de todas as datas importantes.
Porque nunca te dei uma prenda atrasado.
Porque nunca te fiz uma cena de ciúmes.
Porque te tocava onde nem sabias que querias e te virava e rodopiava e surpreendia.
Porque esperava sempre por ti.
Porque nunca te troquei por um jogo de futebol.
Porque te fiz sempre todas as vontades.

Admite: foi por tudo isto que deixaste de me amar.

(se calhar um par de estalos de vez em quando... não, eu não pensei isto!)

Jorge Moniz às 11:48 |



domingo, abril 04, 2004


Agora reparo...
...que a data de hoje é 04/04/04 (ainda fui a tempo).
Isto faz-me lembrar que eu fui para Paris no dia 03/03/03.
Mas o dia de hoje não teve nada de extraordinário, tirando o ligeiro bronze adquirido na praia.
Já a mesma coincidência do próximo ano vai ser diferente.

Jorge Moniz às 22:48 |



Aula de mecânica dos materiais
Quando se diz "bater no fundo" é porque se sabe que já lá se chegou. Ou seja, a expressão é tanto mais pessimista quanto menor for a resiliência. E esta depende da matéria de que cada um é feito.

Jorge Moniz às 22:19 |



Riscar a opção que não interessa
E agora vou para a praia esquecer-me/lembrar-me de ti.

Jorge Moniz às 14:15 |



O Sr. Malik perguntou por ti

Lembras-te dele com certeza. O da frutaria em frente, aquela que está aberta às horas mais improváveis. Seja dia, noite, domingos, feriados. Quando nos faltava alguma coisa era só chegar à janela e ver se o Sr. Malik lá estava. Normalmente está. E até mesmo à vista. Só enquanto atende alguém ou tem alguma coisa a fazer é que vai lá para dentro. De resto passa o tempo todo ali encostado aos caixotes com a bata verde a ver quem passa. Vai dizendo bom dia aos vizinhos e aos clientes, que são os mesmos. A única diferença é que quando está mais frio veste um blusão por cima da bata.
Eu ainda não tinha lá voltado – tu comes comias muito mais fruta do que eu. Mas hoje apeteceu-me ir lá buscar uns morangos. Recebi o troco e vim-me embora sem lhe responder.
São doces como os de antigamente, aqueles que eu apanhava da terra, lavava na água do poço e trincava logo a seguir... Por acaso não sabes como é que se tiram as nódoas?

foto: R. O.

Jorge Moniz às 11:50 |