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quinta-feira, abril 22, 2004
Uma aventura
Quando eu estava no 1º ou 2º ano do Ciclo, recebemos na escola a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada. A ideia era uma sessão de perguntas e respostas numa sala grande a abarrotar de miúdos. De cada turma havia uma delegação de meia dúzia de crianças com perguntas escritas num pedaço de papel. Cada um não fazia necessariamente perguntas pensadas por si - na minha turma, por exemplo, eu tinha sido escolhido pela professora de português para escrever as perguntas, mas foram outros a fazê-las de viva voz. Uma delas era a mais importante de todas e consistia numa dúvida que me atormentava:
- Qual das duas é que escreve os livros?
O meu erro foi a formulação da pergunta, porque obviamente elas deram a resposta que se dá quando esta pergunta é feita por crianças de 10 anos:
- Somos as duas.
E eu fiquei na mesma. Eu queria era saber a parte técnica de quem é que pegava na caneta, ou batia à máquina, se cada frase era de facto elaborada pelas duas ou uma escrevia um pedaço e passava à outra para continuar.
Ao longo dos anos fui-as vendo e lendo em várias entrevistas e espreitava sempre a ver se alguém lhes fazia aquela pergunta com as mesmas ou outras palavras. Mas não.
Até hoje.
20 anos depois, a Judite de Sousa acaba de abordar o assunto e eu finalmente sei: normalmente é a Ana Maria Magalhães que escreve, à mão, porque tem uma letra mais legível. Mas são de facto as duas que concebem cada frase em voz alta e se vão corrigindo e dando sugestões e, afinal, ditando. Um dos filhos da Ana Maria Magalhães até costumava dizer: "Eu ouço a minha mãe a escrever".
Há depois uma pessoa a quem pagam para dactilografar ou... (como é que se diz dactilografar mas em computador?)
Jorge Moniz às 23:44 |
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