(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quinta-feira, abril 22, 2004


Uma aventura
Quando eu estava no 1º ou 2º ano do Ciclo, recebemos na escola a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada. A ideia era uma sessão de perguntas e respostas numa sala grande a abarrotar de miúdos. De cada turma havia uma delegação de meia dúzia de crianças com perguntas escritas num pedaço de papel. Cada um não fazia necessariamente perguntas pensadas por si - na minha turma, por exemplo, eu tinha sido escolhido pela professora de português para escrever as perguntas, mas foram outros a fazê-las de viva voz. Uma delas era a mais importante de todas e consistia numa dúvida que me atormentava:
- Qual das duas é que escreve os livros?
O meu erro foi a formulação da pergunta, porque obviamente elas deram a resposta que se dá quando esta pergunta é feita por crianças de 10 anos:
- Somos as duas.
E eu fiquei na mesma. Eu queria era saber a parte técnica de quem é que pegava na caneta, ou batia à máquina, se cada frase era de facto elaborada pelas duas ou uma escrevia um pedaço e passava à outra para continuar.
Ao longo dos anos fui-as vendo e lendo em várias entrevistas e espreitava sempre a ver se alguém lhes fazia aquela pergunta com as mesmas ou outras palavras. Mas não.
Até hoje.
20 anos depois, a Judite de Sousa acaba de abordar o assunto e eu finalmente sei: normalmente é a Ana Maria Magalhães que escreve, à mão, porque tem uma letra mais legível. Mas são de facto as duas que concebem cada frase em voz alta e se vão corrigindo e dando sugestões e, afinal, ditando. Um dos filhos da Ana Maria Magalhães até costumava dizer: "Eu ouço a minha mãe a escrever".
Há depois uma pessoa a quem pagam para dactilografar ou... (como é que se diz dactilografar mas em computador?)

Jorge Moniz às 23:44 |