(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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segunda-feira, maio 31, 2004


Se não existisses...
... era eu quem te inventava.
Ia juntando todos os ingredientes, um tanto de loucura e de riso, outro tanto de mimos e de ternura, mais alguma malandrice e muita sedução. Pintava-te os cabelos da cor que tens, os olhos da cor que sabes, enchia-te a pele de extremidades nervosas extremamente sensíveis. Fazia-te as mãos pequenas e por fim vestia-te com todas as cores.
Depois, chegava-me a ti e dizia baixinho: "olá".

Jorge Moniz às 00:39 |



sexta-feira, maio 28, 2004



Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento, teorema
Amor é novela
Sexo é cinema

Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom...
Amor é do bem...

Amor sem sexo,
É amizade
Sexo sem amor,
É vontade

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes,
Amor depois

Sexo vem dos outros,
E vai embora
Amor vem de nós,
E demora


(...)

Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor

Jorge Moniz às 21:42 |



...
O problema é quando o olhar se desvia dos olhos. Até aí a conversa flui normalmente, as palavras voam nos dois sentidos. Mas quando os meus olhos começam a visitar os teus lábios (e os teus os meus), as frases deixam de chegar ao fim, ficam em suspenso. Nesta altura os olhares tornam-se irrequietos e quando o meu se detém no teu pescoço é o golpe final. Os sons que se seguem já não têm palavras, alguns fragmentos quando muito.

Jorge Moniz às 10:56 |



quinta-feira, maio 27, 2004



Muito bem observado.

Jorge Moniz às 21:14 |




The perfect love song it has now words it only has death threats
And you can tell a classic ballad by how threatening it gets
So if you walk into your house and she's cutting up your mother
She's only trying to tell you that she loves you like no other

The only emotions that I know are love and hate
And she's chopping & she's changing & it's making you afraid
I said close your eyes and imagine that I'm nice
She'll kiss you or she'll kill you but you'll just have to wait

Because some things that I do make you go blue
And something that you said made me go red

The perfect love has no emotions, it only harbours doubt
And if she fears your intentions she will cut you out
So do not raise your voice and do not shake your fist
Just pass her the carving knife, if that's what she insists

A hate tattoo on my brain and a love one on my heart
I'd love to hate you, like I love you
and just tear your dreams apart
I said close your eyes and imagine that I'm nice
Cupid's arrow looking more like Cupid's poisoned dart

Because some things that I do make you go blue
And something that you said made me go red

The perfect kiss is dry as sand and doesn't take your breath
The perfect kiss is with the boy that you've just stabbed to death


Heaton/Rotheray

Jorge Moniz às 12:58 |



Yann Arthus-Bertrand



Até 30 de Setembro, no Terreiro do Paço, 120 fotografias aéreas 1,8 x 1,2 m.

Jorge Moniz às 11:48 |



quarta-feira, maio 26, 2004


Isto é...
...chegares a casa cansada. É eu já ter feito o jantar. É comermos morangos à sobremesa. É deixar a loiça para o dia seguinte. É sentarmo-nos no sofá a ver um filme. É tu deitares-te no meu colo como quem pede dedos passeando pelo cabelo. É eu fazê-lo até tu adormeceres.
(e assim poder ficar com o resto do gelado!)

Jorge Moniz às 21:34 |



Agora no prato...

Quando a janela se fecha e se transforma num ovo
Ou se desfaz em estilhaços de céu azul e magenta
O meu olhar tem razões que o coração não frequenta
Por favor diz-me quem és tu, de novo?

Quando o teu cheiro me leva às esquinas do vislumbre
E toda a verdade em ti é coisa incerta e tão vasta
Quem sou eu para negar que a tua presença me arrasta
Quem és tu na imensidão do deslumbre?

As redes são passageiras arquitecturas da fuga
De toda a água que corre, de todo o vento que passa
Quando uma teia se rasga ergo à lua a minha taça
E vejo nascer no espelho mais uma ruga

Quando o tecto se escancara e se confunde com a lua
A apontar-me o caminho melhor do que qualquer estrela
Ninguém me faz duvidar que foste sempre a mais bela
Por favor diz-me que és alguém, de novo


Jorge Palma

Jorge Moniz às 18:51 |



Esta tarde...
...pisei uma casca de banana.
Não caí.

Jorge Moniz às 18:47 |



terça-feira, maio 25, 2004


Le baiser



Paris, 1880. Rodin recebe a encomenda de uma porta ornada, destinada a um museu de artes decorativas que não chegará a ser construído. Rodin é um admirador reconhecido de Dante e propõe fazer uns baixos-relevos inspirados na Divina Comédia e em particular no Inferno.
O Beijo representa o amor trágico de Paolo Malatesta pela sua cunhada Francesca e deveria fazer parte dessa Porta do Inferno. No entanto, Rodin achou que não se inseria bem e deu-lhe uma vida independente.
Este beijo não é a escultura mais audaciosa de Rodin, mas tem um equilíbrio único de sensibilidade e força. A intensidade da sua paixão é transmitida não só pela pose de ambas as personagens, mas também por detalhes como a tensão nos dedos do pé direito do homem.

Jorge Moniz às 23:05 |



segunda-feira, maio 24, 2004


Viste?
Hoje só tivemos boas notícias!

Jorge Moniz às 20:00 |



domingo, maio 23, 2004


E entre os dois ganhou o...
O cristão em mim diz-me que é errado, mas o guarda prisional em mim diz "adoro fazer um homem crescido mijar-se".

Jorge Moniz às 19:08 |



Um dia destes (ontem), uma vertigem saiu-se com esta:

E escrevemos coisas sérias a rir, em dias felizes.
Nos outros, escrevemos coisas sérias a brincar.

Jorge Moniz às 14:59 |



O filme que eu gostava que tivesse ganho...
...chama-se 2046. Foi realizado por Wong Kar-wai e é a continuação do In The Mood For Love (ele diz que não). Para quem viu, quase não preciso de explicar mais. Infelizmente apenas a personagem masculina se mantém, agora com um bigode à Clark Gable (ele diz que não é a mesma personagem). Mas consta que continuam por lá os vestidos fabulosos. E a música. E o charme.
Ele está sozinho e refugia-se na escrita: um romance onde um comboio viaja no tempo e as pessoas apanham-no em busca das suas memórias. Wong Kar-wai diz que "o filme é o retrato de uma pessoa que foge do seu passado. Quanto mais tenta esquecer mais se lembra. É preciso portanto viver com o seu passado e talvez no fim as lembranças nos deixem".

Jorge Moniz às 01:11 |



sábado, maio 22, 2004


Cannes 2004

Palme d'or: "Fahrenheit 9/11" de Michael Moore

Grand Prix: "Old Boy" de Chan-Wook Park

Prix d'interprétation féminine: Maggie Cheung pour "Clean"

Prix d'interprétation masculine: Yagira Yuya pour "Nobody Knows"

Prix de la mise en scène: "Exils" de Tony Gatlif

Prix du scénario: "Comme une Image" d'Agnès Jaoui

Prix du jury ex aequo: l'actrice Irma P. Hall pour "Ladykillers" et le film "Tropical Malady" de Apichatpong Weerasethakul

Caméra d'or: "Mon Trésor" de Keren Yedaya

Mention Spéciale Caméra d'or: "Passages" de Yang Chao et "Bitter Dream" de Mohsen Amiryoussefi


(depois já falo daquele que eu gostava que tivesse ganho e não teve nenhum prémio. mesmo sem obviamente ter visto algum deles.)

Jorge Moniz às 20:07 |




may i feel said he
(i'll squeal said she
just once said he)
it's fun said she

(may i touch said he
how much said she
a lot said he)
why not said she

(let's go said he
not too far said she
what's too far said he
where you are said she)

may i stay said he
(which way said she
like this said he
if you kiss said she

may i move said he
is it love said she)
if you're willing said he
(but you're killing said she

but it's life said he
but your wife said she
now said he)
ow said she

(tiptop said he
don't stop said she
oh no said he)
go slow said she

(cccome?said he
ummm said she)
you're divine!said he
(you are Mine said she)




(descoberto aqui)

Jorge Moniz às 10:20 |



sexta-feira, maio 21, 2004


File New...
Era uma vez um cronista que escrevia uma crónica que aparecia todas as sextas-feiras num semanário. O cronista era muito bom. Era tão bom que vivia desafogadamente só à conta dessa crónica que escrevia para um semanário que saía às sextas-feiras. Vivia com a mulher e os filhos num duplex em Telheiras
(num prédio novo e feio inspirado em Le Corbusier).
Os filhos eram um casal - um menino de 12 anos e uma menina de 8. Os filhos estudavam num colégio religioso, não por fé, mas porque sim. A mulher do cronista tinha uma bolsa de investigação para fazer uma tese sobre o comportamento da imprensa portuguesa durante as invasões napoleónicas.
O cronista era mesmo muito bom. Todas as sextas-feiras, 141 425 pessoas
(tiragem média do mês anterior)
compravam o semanário e, mesmo antes de ler os títulos da primeira página,
(que se referiam invariavelmente a uma notícia da actualidade ou a uma investigação jornalística)
abriam o jornal na página 12 para lerem a crónica do cronista. Sobre o que é que ele escrevia? Um pouco sobre tudo. Questões de política, de sociedade, curiosidades da sua vida particular. Era sobretudo a forma como escrevia que prendia os leitores. Um estilo muito próprio, mas não demasiado marcado para não causar fastio. Era assim há 258 semanas
(a vida de um semanário conta-se em semanas).

Até que um dia o cronista se fartou da cidade. Quis ir viver para uma herdade no Alentejo. Felizmente nessa época já existia internet e ele pensou poder continuar o seu trabalho com o mesmo brio a partir da sombra de uma azinheira. Falou com a mulher e os filhos. Teve alguma dificuldade em convencer a mulher e os filhos. Ela, porque na herdade não teria acesso às bibliotecas para fazer o seu trabalho. Eles, porque na herdade não teriam os amigos a que estavam habituados. Mas convenceu-os. Porque o dom que tinha para a palavra escrita também o tinha para a palavra falada.
Com parte do dinheiro de uma herança, compraram a herdade
(não quiseram vender o duplex de Telheiras porque daria jeito para incursões à cidade).
Durante algumas semanas as crónicas do semanário que saía à sexta-feira versaram quase todas sobre as peripécias vividas por uma família citadina ao instalar-se no campo. Desde as burocracias, às dificuldades em contratar um determinado serviço, às osgas a subir pelas paredes
(era verão e a casa era branca).
Depois, as coisas entraram nos eixos. A mulher do cronista ia à cidade uma vez por semana tirar fotocópias nas bibliotecas. Os filhos do cronista fizeram novos amigos na escola pública da vila mais próxima
(amigos menos religiosos, porque sim).
O cronista, esse, sentava-se à sombra da azinheira e escrevia a sua crónica. Às vezes de uma forma mais disciplinada, com o computador portátil ao colo. Outras vezes de uma forma mais displicente, com um lápis numa folha arrancada da cara agenda oferecida pela sua irmã.
Ao redor da herdade não havia mais ninguém. Havia a senhora Maria que todos os dias vinha da vila e subia lá a casa para ajudar nas lides domésticas. E havia o senhor Zé
(marido da senhora Maria)
que todos os dias vinha da vila e subia à herdade para tratar da pequena horta e do não tão pequeno jardim. Vinham juntos.
Os amigos de Lisboa gostavam de ir lá ao fim-de-semana regalar-se com um almoço em que todos os legumes eram produzidos no local. As carnes de porco e de vaca tinham sido compradas a alguém da vila mais próxima que tivesse feito uma matança, separadas em sacos de plástico cuidadosamente etiquetados e congeladas.

Até que um dia o cronista ficou sem assunto para as crónicas. Já tinha contado todas as peripécias da instalação da família, já tinha apresentado todas as personagens da vila mais próxima
(onde os filhos iam à escola),
já tinha falado do senhor Zé e da senhora Maria. Simplesmente agora não se cruzava com ninguém na rua que lhe inspirasse uma crónica. Mesmo lendo os jornais e vendo os telejornais, nem sobre política se sentia inspirado a escrever uma crónica. Esgotou os assuntos alternativos, as ideias que tinha em armazém, até fez a clássica não-crónica. Mas um dia não tinha mesmo mais nada para dizer. Era quinta-feira à tarde, ao fundo ouvia-se o barulho de ambulâncias
(devia ter havido outro acidente na auto-estrada),
o telemóvel debaixo da sombra da azinheira tinha ficado sem bateria de tanta chamada não atendida do jornal. Então ele fechou o documento do word onde escrevia as crónicas, abriu um novo, gravou-o com o nome "livro.doc" e começou a escrever um romance. Porque ele sabia que todas as histórias e personagens inventadas são combinações de histórias e personagens da vida real, o livro começava assim: "Era uma vez um escritor que era filho dum ofegante encontro entre uma lavadeira portuguesa e um soldado francês."

Jorge Moniz às 23:23 |




Quem olhar para os telejornais que se vão fazendo até pensa que ainda não chegámos a 1640.
Hummm... Amanhã é um óptimo dia para não ligar a televisão.

Jorge Moniz às 14:27 |




Every husband should go blind for a while.

Woody Allen, in "Hollywood Ending"

Jorge Moniz às 10:39 |



quinta-feira, maio 20, 2004


Vistas dos Miradouros de Lisboa



Graça




Portas do Sol




Santa Catarina




S. Pedro de Alcântara

Jorge Moniz às 19:01 |



*
São inhos no masculino, ocas no feminino.
São grandes, são muitos, são únicos.
São ditos, escritos, enviados, soprados.
São dados,
do verbo dar.
(transferir gratuitamente a posse de alguma coisa a alguém)
São rápidos, tímidos, envergonhados.
São lentos, assumidos, devoradores.
São a contra-gosto, são irresistíveis.
São de fugida. São abraçados pelas mãos.
São de olhos fechados.
São teus.

Jorge Moniz às 13:54 |



quarta-feira, maio 19, 2004


Acaso

No acaso da rua o acaso da rapariga loira.
Mas não, não é aquela.

A outra era noutra rua, noutra cidade, e eu era outro.

Perco-me subitamente da visão imediata,
Estou outra vez na outra cidade, na outra rua,
E a outra rapariga passa.

Que grande vantagem o recordar intransigentemente!
Agora tenho pena de nunca mais ter visto a outra rapariga,
E tenho pena de afinal nem sequer ter olhado para esta.

Que grande vantagem trazer a alma virada do avesso!
Ao menos escrevem-se versos.
Escrevem-se versos, passa-se por doido, e depois por génio, se calhar.

Se calhar, ou até sem calhar,
Maravilha das celebridades!

Ia eu dizendo que ao menos escrevem-se versos...
Mas isto era a respeito de uma rapariga,
De uma rapariga loira,
Mas qual delas?
Havia uma que vi há muito tempo numa outra cidade.
Numa outra espécie de rua;
E houve esta que vi há muito tempo numa outra cidade,
Numa outra espécie de rua;
Porque todas as recordações são a mesma recordação,
Tudo que foi é a mesma morte,
Ontem, hoje, quem sabe se amanhã?

Um transeunte olha para mim com uma estranheza ocasional.
Estaria eu a fazer versos em gestos e caretas?
Pode ser... A rapariga loira?
É a mesma afinal...
Tudo é o mesmo afinal...

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isso é o mesmo também afinal


Álvaro de Campos

Jorge Moniz às 15:57 |



Continua a nevar lá fora...
...sob os 30 ºC de um céu sem nuvens.

Jorge Moniz às 12:44 |



Só para dizer...
...que as letras do Carlos Tê estão no seu melhor neste novo álbum dos Clã.

podias ser o baque que esmaga
o olhar obsceno que assanha
o toque de anca que alaga
a unha diamante que arranha


...era só isto, podem voltar para dentro.

Jorge Moniz às 11:47 |



terça-feira, maio 18, 2004


O Arco de S. Bento
O Aqueduto das Águas Livres termina o seu curso na Mãe d'Água das Amoreiras, num depósito de 5460 metros cúbicos. Desse reservatório saem várias galerias que distribuíam a água pela cidade de Lisboa. A Galeria da Esperança, por exemplo, servia a zona de S. Bento. Para permitir a sua passagem sobre a Rua Nova da Piedade, paralelamente à Rua de S. Bento, existia um arco dórico (Arco de S. Bento), construído em 1758 por Carlos Mardel.
Em 1833, com o Liberalismo decidiu-se transformar o vizinho Convento de S. Bento da Saúde em Palácio das Cortes. Para tal, alteraram-se os interiores e a fachada e criou-se uma praça com uma escadaria monumental. Para não "fazer sombra", o Arco de S. Bento foi demolido e as suas pedras guardadas. Já nos anos 1990, estas pedras repousaram bastante tempo amontoadas no relvado da Praça de Espanha, até que, em 1998, o arco foi finalmente reconstruído nesse local. Chegou a pensar-se fazer um "2 em 1" de gosto discutível, criando uma queda de água pelos seus lados. Em vez disso acabaram por acrescentar alguns versos alusivos ao 25 de Abril.
A parte que eu não sei é por que razão o arco agora está tapado com um pano branco onde se lê algo do género "O Parlamento Europeu precisa de si".

Jorge Moniz às 19:35 |



Para ti, esperando que o tamanho seja suficiente



(vai tudo correr bem!)

Jorge Moniz às 08:24 |



Como meter a pata na poça

- Sabes quem fez um post para ti?
- Tu?
- ...........................não...

Vou redimir-me dentro de instantes, juro.

Jorge Moniz às 08:23 |



quinta-feira, maio 13, 2004


Damião de Góis...
...nasceu em Alenquer no ano da graça de 1502. Escritor e cronista, tornou-se famoso como autor da Crónica de El-Rei D. Manuel I e da Crónica do Príncipe D. João. Executou também algumas missões diplomáticas na Europa e foi amigo de Lutero, Erasmo de Roterdão e Albert Dürer. Denunciado à Inquisição e acusado de Luteranismo, foi preso já septuagenário durante quase 2 anos no Mosteiro da Batalha. Morreu pouco tempo depois de obter uma liberdade relativa, em 1574.
Em 1941, o arqueólogo Hipólito Cabaço abriu o seu túmulo na Igreja da Várzea, em Alenquer, e apresentou ao público as ossadas que desde aí ficaram guardadas numa caixa na Igreja de S. Pedro, também em Alenquer.
Uma investigação recente liderada por Fernando Rodrigues Ferreira, que reuniu médicos, físicos, arqueólogos e antropólogos, veio mostrar que afinal esses ossos pertencem a 10 pessoas diferentes: 6 homens, 2 mulheres e 2 crianças. É agora proposto que as verdadeiras ossadas de Damião de Góis tenham sido consumidas pela cal no seu túmulo, ao longo dos séculos. Ou seja, Hipólito Cabaço nada terá encontrado nas suas pesquisas.
Peneirando a argamassa existente no túmulo, encontraram-se alguns dentes, todos da mesma pessoa, com uma idade aproximada de 75 anos. Outros vestígios parecem confirmar que se trata de facto dos verdadeiros restos mortais de Damião de Góis.
A equipa investigadora vai apresentar publicamente estes resultados amanhã às 18h, na Associação de Arqueólogos Portugueses, no Largo do Carmo em Lisboa.

Jorge Moniz às 22:13 |



Peço desculpa...
... mas continua o Zeca Baleiro no prato em repeat mode.

nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas


e.e.cummings, traduzido por Augusto de Campos

Jorge Moniz às 12:22 |



quarta-feira, maio 12, 2004



Um galho de uma árvore à beira do rio. Que se partiu porque a árvore já estava podre e se viu a seguir com a corrente. Pelo caminho tem o instinto natural de parar, junto a uma margem, ou de encontro a uma rocha. Mas é muito difícil de acertar. E quando o consegue isso é apenas uma solução temporária, porque logo o rio se agita mais, ou chega outro galho que lhe acerta em cheio e o leva de novo para a corrente. Ele, eles deixam-se seguir. A ver onde vai, vão dar. Talvez haja uma cascata, uns rápidos que o, os desfaçam. Talvez haja o mar que os afaste ou aproxime.

Jorge Moniz às 23:56 |



Este final de tarde, no prato

de você sei quase nada
pra onde vai ou porque veio
nem mesmo sei
qual é a parte da tua estrada
no meu caminho
será um atalho
ou um desvio
um rio raso
um passo em falso
um prato fundo
pra toda fome que há no mundo
noite alta que revele
o passeio pela pele
dia claro madrugada
de nós dois não sei mais nada

(...)

Zeca Baleiro, Alice Ruiz

Jorge Moniz às 18:41 |



There's something in the air...
hummm...
Não é um avião, não é um pássaro, não é o super-homem...
Deve ser um ovni.

Jorge Moniz às 10:31 |



segunda-feira, maio 10, 2004



Passeamos muito a pé. De carro também. E vemos filmes no sofá. E recebemos as visitas das crianças ao domingo. Às vezes discutimos, mas é raro. Nessas alturas cometemos o erro que sempre se comete: generalizamos. "É sempre a mesma coisa!", "Toda a vida foste assim!", etc. Depois ficamos uma hora calados a ver quem é mais teimoso. Normalmente as pazes fazem-se com um gesto e não com uma palavra - passo-te a mão pelo joelho e tu dizes "olha que já estás atrasado para a natação". E então lá vou eu enquanto ficas a fazer o jantar. No nosso tempo os homens não aprendiam a cozinhar e eu acho que já vou tarde. Aspiro a casa, corto a relva e trato doutros arranjos. Às vezes fecho-me no escritório a ler uma revista (com barulho de fundo não arranjo concentração). Tu ficas a ler os teus livros na sala, deitada no sofá. Ao domingo à noite telefonas para Paris. Falas quase sempre só tu, eu não tenho muito jeito para isso. Quando desligas contas-me as novidades. Lavo a loiça e arrumo-a.
Depois, quando nos vamos deitar, deixamos as alianças em cima da mesa. Cama não é coisa para casados.

Jorge Moniz às 21:59 |



Pediram-me para fazer um post durante o almoço
Mas assim? Por encomenda e sem tema específico? Como é que se faz? Fala-se do quê? Podia meter mais um quadro ou a letra de uma música, mas seria batota. Podia falar da situação económica do país, do futebol, dos tribunais, do filho da Bárbara e do Manuel, mas isso não tem interesse nenhum.
Já sei! Vou abrir uma gaveta, pegar no primeiro objecto que me aparecer e falar sobre ele.



(pausa de alguns minutos)



As cassetes.
As cassetes áudio, não as vídeo. Ainda alguém as usa? Quer dizer, eu não vejo outra maneira de se gravar algo que está a dar na rádio, mas hoje em dia o que se faz é tomar nota do nome da música e puxá-la da internet.
Eu tenho ali muitas. A maior parte já não as ouço há muitos anos. Aquelas com álbuns gravados de amigos, voltei a pedi-los e gravei-os para CD. Aquelas com colectâneas de discos meus para ouvir no walkman, idem. As outras com coisas de rádio para ali estão perdidas...
Há uma que eu tenho sempre na aparelhagem porque não tenho diapasão e tem lá uma música muito prática para afinar a viola. Tirando isso usei uma noutro dia para gravar uma coisa na rádio. Ficou péssimo. As fitas magnéticas com o tempo degradam-se muito (e o facto de elas estarem guardadas debaixo de uma televisão também não ajuda nada).
Mas ainda me lembro de as comprar. Havia três tipos: I (ferro), II (crómio) e IV (metal). Acho que nunca soube o que teria sido o tipo III... O preço e a qualidade aumentavam nesta ordem. Quanto às marcas dizia-se que as cassetes que cheiravam pior eram as melhores. Traziam os autocolantes para se colar de um lado e do outro. Era uma coisa que já podia vir de fábrica assim, mas tinha piada meter aquilo e escrever os nomes das músicas na caixa. E havia aqueles pequenos algarismos para as numerar.
Lembro-me de ligar o vídeo à aparelhagem para gravar bandas sonoras e diálogos de filmes. Lembro-me de enrolar um pouco com o dedo para passar a zona transparente antes de começar a gravar. E da chatice que era quando a cassete acabava a meio de uma música. E quando a fita saía e depois andava com o lápis a enrolar aquilo tudo engelhado. E de terem aparecido os decks com auto-reverse. E depois a busca do silêncio entre músicas, para avançar para a faixa seguinte (com músicas ao vivo não resultava muito bem).
Tenho pena de não ter escrito as datas de gravação. Mas quando pego nelas, as minhas cassetes têm sobretudo memórias de épocas da minha vida. Lembro-me em que escola estava, quem me emprestou o LP e de pequenas ou grandes histórias associadas a uma ou outra música que nunca mais ouvi.

(está bem assim ou queres mais comprido?)

Jorge Moniz às 12:45 |



!!!
O blogger mudou de grafismo!

PS: Está um bocado abonecado demais para o meu gosto, mas parece ter uma arrumação de funções mais prática.
PPS: E finalmente tem comentários próprios!

Jorge Moniz às 12:43 |



domingo, maio 09, 2004


Bonheur de vivre



Porque estou a gostar de pegar no berbequim, de meter buchas e grampos, de passar um fio de nylon por detrás e pendurar uns quadros nas paredes. Este em especial. Porque sim.

(e porque há alturas em que as palavras são encaminhadas para outros lados)

Jorge Moniz às 21:35 |




Um dia eu talvez tire daqui o link para a Catarina. Mas por enquanto não. Ainda estou de "luto".

Jorge Moniz às 12:59 |



sexta-feira, maio 07, 2004


No prato

You're probably right, as for tonight, you're making me nervous
What is it you want me to be thinking of?
I'll put on a movie, I'll play something groovy as a matter of service
And I'll chuckle when you smile as a matter of love
'Cause you know it's not my style to be giving up now
And this pain in my side, I had enough


dEUS

Jorge Moniz às 11:33 |



quinta-feira, maio 06, 2004



(este blog está com tão boas cores que eu nem me atrevo a escrever mais que uma linha. para não estragar.)

Jorge Moniz às 22:05 |



Strangers in the night exchanging glances...



...and headache pills and zzzz's and hugs and dives and...

(hoje este blog é apenas uma galeria de arte!)

Jorge Moniz às 12:00 |



77,5 milhões de euros

Até ontem o quadro mais caro do mundo era este:



Agora é este:


Jorge Moniz às 11:11 |



quarta-feira, maio 05, 2004


30
Antes daquela data, a povoação era conhecida pelo nome ou alcunha de Aldeia dos 30. Vários factos estranhos demais para serem coincidência levaram a este baptismo. A aldeia tinha 30 casas, cada uma separada da mais próxima por 30 passos. Nelas moravam 30 pessoas. Não uma em cada casa, porque de facto havia famílias completas e casas vazias. Havia quase 30 anos que era assim.
Quando uma mulher engravidava, os mais idosos da aldeia inquietavam-se. Porque já sabiam que dali a nove meses, no mesmo dia, na mesma hora, no mesmo minuto, no exacto segundo em que o bebé nascesse, alguém iria morrer. Para que continuassem a ser 30. Ao longo do tempo houve, no entanto, casos em que não foi um dos mais velhos a morrer - houve alguns acidentes, crimes, até mesmo doenças incuráveis.

Tudo isto se alterou no dia exacto em que passaram 30 anos de ordem e rigor nas regras não impostas daquela aldeia. No deserto começou a vislumbrar-se uma nuvem de pó que se aproximava. À distância de 30 metros tornou-se visível um estranho veículo, uma espécie de hovercraft, mas com formas redondas, de disco.
Na Aldeia dos 30, 29 pessoas assustadas recolheram a suas casas. O hovercraft imobilizou-se diante da porta indicada no seu plano de voo e uma bizarra criatura vermelha com quatro braços saiu. Já era esperado. Os quatro braços pegaram em quem não teve medo e apenas não sabia o quando. Juntos recolheram para dentro do hovercraft e desapareceram a alta velocidade numa nova nuvem de pó.
Porque a Aldeia dos 29 estava muito longe do mar.

Jorge Moniz às 11:28 |



D

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

(...)

Álvaro de Campos

Jorge Moniz às 11:28 |



terça-feira, maio 04, 2004


Queria escrever um post para ti...
...mas não sei o que hei-de dizer.
De repente percebo que isso é bom.
Basta sorrir.

Jorge Moniz às 21:20 |



D - 1
- Mãe, onde é que estamos?
- Na maternidade.
- E o que é que viemos cá fazer?
- ... Ai tão burrinho que vai ser o meu filho...

Jorge Moniz às 11:43 |



Saio do banho e no rádio

Now I'm not looking for absolution,
Forgiveness for the things I do.
But before you come to any conclusions -
Try walking in my shoes,
Try walking in my shoes.


Acho que vou passar o dia a ouvir Depeche Mode. Em altos berros.

Jorge Moniz às 11:30 |




Esta noite
(quando nos rendemos ao cansaço)
continuámos entrelaçados apenas pelos dedos de uma mão esquerda e de uma mão direita. O sono e os sonhos fizeram-nos rodar, rolar, mudar de posição, mas os dedos não se desuniram.
(os braços esses tiveram de assumir posições improváveis)
Agora que já saíste,
(bom dia)
sabes aquela sensação quando se tira um chapéu que esteve muito tempo na cabeça e o continuamos a sentir por mais algum tempo? É isso mesmo.
Virei-me na cama, estiquei o braço ao papel e ao lápis e voltei a escrever a duas mãos.

Jorge Moniz às 11:13 |



segunda-feira, maio 03, 2004



A palavra amarar foi inventada por um gago.

Jorge Moniz às 16:36 |



As outras e a Maria
O cinema português começa a deixar de ser só umas obras muito profundas para júri de festival estrangeiro ver. Essas têm o seu lugar, mas também temos direito aos nossos retratos de sociedade contemporânea, aos nossos 4 Casamentos e um funeral, Love Actually's e afins. É o caso deste filme, produzido pela mesma equipa de quase todos os telefilmes da SIC. Estando eu na gama de idades das personagens principais, reconheço muito do que ali encontrei em histórias que vi ou vivi. Vários tiques foram muito bem apanhados, por exemplo com as sms e o chat, num argumento quase todo da responsabilidade do Possidónio Cachapa.
A banda sonora do Bernardo Sassetti é excelente, a montagem está fluida e com ritmo e o grafismo da parte do chat, que até incluía os backspaces aquando dos enganos de escrita, está original.
Quanto aos actores, a Catarina Furtado, sendo sofrível, está melhor do que nos primeiros tempos. A Ana Brito e Cunha está muito bem, com uma pronúncia q/b, e a Isabel Abreu que eu não conhecia foi uma boa surpresa. A São José Lapa, no seu estilo de sempre, e o Fernando Luís, um pouco diferente do habitual, contribuem para uma hora e meia bem passada. Às vezes é só isso que se pede.

(a última frase do filme está muito bem sacada)

Jorge Moniz às 13:52 |



D – 2
- Mãe?
- Que é?
- Falta muito? É que já perdi as manifs do 1º de Maio e estou farto de levar com líquido amniótico nos olhos!

Jorge Moniz às 12:23 |



A nossa guru foi-se embora...
E agora? Que será de nós? Condenados a vegetar eternamente na cache do google?

Jorge Moniz às 12:00 |