(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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segunda-feira, maio 10, 2004



Passeamos muito a pé. De carro também. E vemos filmes no sofá. E recebemos as visitas das crianças ao domingo. Às vezes discutimos, mas é raro. Nessas alturas cometemos o erro que sempre se comete: generalizamos. "É sempre a mesma coisa!", "Toda a vida foste assim!", etc. Depois ficamos uma hora calados a ver quem é mais teimoso. Normalmente as pazes fazem-se com um gesto e não com uma palavra - passo-te a mão pelo joelho e tu dizes "olha que já estás atrasado para a natação". E então lá vou eu enquanto ficas a fazer o jantar. No nosso tempo os homens não aprendiam a cozinhar e eu acho que já vou tarde. Aspiro a casa, corto a relva e trato doutros arranjos. Às vezes fecho-me no escritório a ler uma revista (com barulho de fundo não arranjo concentração). Tu ficas a ler os teus livros na sala, deitada no sofá. Ao domingo à noite telefonas para Paris. Falas quase sempre só tu, eu não tenho muito jeito para isso. Quando desligas contas-me as novidades. Lavo a loiça e arrumo-a.
Depois, quando nos vamos deitar, deixamos as alianças em cima da mesa. Cama não é coisa para casados.

Jorge Moniz às 21:59 |