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segunda-feira, maio 10, 2004
Passeamos muito a pé. De carro também. E vemos filmes no sofá. E recebemos as visitas das crianças ao domingo. Às vezes discutimos, mas é raro. Nessas alturas cometemos o erro que sempre se comete: generalizamos. "É sempre a mesma coisa!", "Toda a vida foste assim!", etc. Depois ficamos uma hora calados a ver quem é mais teimoso. Normalmente as pazes fazem-se com um gesto e não com uma palavra - passo-te a mão pelo joelho e tu dizes "olha que já estás atrasado para a natação". E então lá vou eu enquanto ficas a fazer o jantar. No nosso tempo os homens não aprendiam a cozinhar e eu acho que já vou tarde. Aspiro a casa, corto a relva e trato doutros arranjos. Às vezes fecho-me no escritório a ler uma revista (com barulho de fundo não arranjo concentração). Tu ficas a ler os teus livros na sala, deitada no sofá. Ao domingo à noite telefonas para Paris. Falas quase sempre só tu, eu não tenho muito jeito para isso. Quando desligas contas-me as novidades. Lavo a loiça e arrumo-a.
Depois, quando nos vamos deitar, deixamos as alianças em cima da mesa. Cama não é coisa para casados.
Jorge Moniz às 21:59 |
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