(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quarta-feira, julho 14, 2004



Queres que eu admita? Não tenho problema nenhum. Nunca tento esconder o que sinto. Sim, foi muito bom voltar a encontrar-te ao fim de todo este tempo. Para mais na praia, na mesma praia. E com o sol de fim de tarde a dar-nos aquele brilho aos olhos. Tu a levantares os teus do livro e o cinzento voltar a ser azul quando me sorriste. Olá.
(tanta pergunta a fazer e tanta resposta a recordar numa palavra tão pequena)
Olá.
Depois perdemo-nos naqueles quinze minutos de conversa educada, onde trabalhas, onde moras, o preço das casas... E eu cá dentro a alta velocidade, tentando lembrar-me se fazias parte das que casaram entretanto ou não, tentando olhar discretamente para a tua mão esquerda, ela escondida atrás da direita
(de propósito?)
e tu a fazer o mesmo
(ou impressão minha?)
e nós quase ao mesmo tempo a fazer a mesma pergunta em tom de brincadeira, então já tens filhos, como quem quer perguntar outra coisa. Não, continuo solteiro. Também não, estive casada mas foi só um ano e meio. E depois a desviarmos a conversa enquanto não voltamos a ter intimidade para falar destas coisas. Que livro estavas a ler?
(é sempre um bom início de tema)
Dos livros passamos aos filmes. Dos filmes passamos às viagens. Vai seguindo a conversa inócua à medida que o espaço que partilhamos vai ficando mais confortável.

Amanhã à mesma hora na mesma toalha?

(sabes, ainda me lembrava da forma dos teus dedos e das tuas unhas [cortadas à sexta-feira porque só nos víamos ao fim-de-semana e as minhas costas já estavam demasiado sulcadas]...)

Jorge Moniz às 22:02 |