(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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terça-feira, julho 13, 2004


Terra Brasilis (a política)

Perante estes escândalos os políticos surgem com medidas hilariantes. O Governador de S. Paulo, por exemplo, tentou acabar com a venda de telemóveis pré-pagos, por não ser possível à polícia identificar os autores das chamadas. Aliás a maioria dos políticos não tem a mínima formação para os cargos. É necessário serem já conhecidos do público por qualquer outra razão antes de se candidatarem por qualquer partido (do qual mudam mais depressa do que de roupa). Garotinho, na altura o Governador do Estado do Rio de Janeiro, vinha de uma carreira de apresentador de rádio e de televisão. E mantinha um programa de rádio ao sábado de manhã, onde entrevistava deputados municipais e prefeitos das cidades do Estado. As conversas enchiam-se de números dos investimentos e de palmadinhas nas costas de parte a parte. O principal passatempo do Governador era manter a guerra com o Prefeito do Rio, César Maia. Cada um culpava o outro de tudo o que corria mal e enchiam as suas obras, hospitais, etc. de cartazes onde informavam: ?Esta obra é da Prefeitura?, ou ?Esta obra é do Governo do Estado?. A poluição na Lagoa Rodrigo de Freitas era um dos bombos da festa: a Prefeitura, responsável pela limpeza urbana, acusava o Governo, responsável pelo saneamento, de libertar esgotos na Lagoa. O Governo negava e a Prefeitura gastava dinheiro a instalar um sistema de monitorização contínuo da poluição nas águas da Lagoa.

Nesta altura de pré-campanha presidencial, início de 2002, o eterno (pensava-se) candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, escandalizou muita gente ao entrar em negociações para obter o apoio do Partido Liberal, dominado pela IURD.

Alguns pormenores da política brasileira parecem-me remanescentes de uma transição gradual e recente da ditadura para a democracia. Na televisão os tempos de antena são simultâneos em todos os canais abertos. E na rádio existe a Voz do Brasil. É um programa emitido por todas as estações entre as 18 e as 19h, que basicamente lembra os noticiários políticos em Portugal antes do 25 de Abril: hoje o Presidente foi a tal sítio e disse isto e aquilo. Está dividido entre notícias da Presidência, dos Ministérios da Fazenda, da Saúde, da Educação, da Agricultura, etc., com uma qualidade sonora de onda média e locutores com vozes dos anos 60. Naturalmente que a esmagadora maioria dos brasileiros desliga o rádio das 18 às 19 h.

Jorge Moniz às 12:45 |