(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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terça-feira, agosto 31, 2004


PS:
Na 2: está a dar um dos documentários da BBC com as viagens do Michael Palin. Hoje temos a Tunísia e os locais onde foi filmado o Life of Brian.

(que, por causa do Mel Gibson, voltou aos cinemas. mais info no link)

Jorge Moniz às 23:01 |



Antes de dormir:
- beber um copo de leite frio;
- ir à casa-de-banho;
- fazer um último zapping;
- pousar telemóvel e garrafa de água fresca na mesa de cabeceira;
- despir-se;
- mergulhar dentro dos lençóis e edredon;
- apagar a luz;
- fechar os olhos;
- puxar o edredon para baixo passados cinco minutos;
- rolar como um parafuso até encontrar a posição mais confortável;
- boa noite.

Jorge Moniz às 22:55 |



sábado, agosto 28, 2004


Missão cumprida


Jorge Moniz às 12:11 |



sexta-feira, agosto 27, 2004


Post temporário (até me fartar disto)



(por enquanto é viciante...)

Jorge Moniz às 14:30 |



quarta-feira, agosto 25, 2004


Provérbios incompatíveis IV

Nunca é tarde para aprender.

Burro velho não aprende línguas.

Jorge Moniz às 16:53 |




Acordo com as mãos à deriva, com os dedos à procura, ouvindo uma respiração que não está aqui, sentindo um cheiro que não é meu...

(e decido manter os olhos bem fechados que a saudade engana alguns sentidos, mas não a visão...)

[nem o tacto]

Jorge Moniz às 12:46 |



quinta-feira, agosto 19, 2004


Tiveram o primeiro encontro num parque de estacionamento.
Ele chamava-se Asdrúbal Satorninho
(por nenhuma razão em especial)
e esse nome fez com que entre os 10 e os 16 anos fosse gozado pelos colegas na escola, o que naturalmente contribuiu para o seu jeito tímido e reservado e para o tique de chutar repetidamente o polegar com o dedo mindinho de cada vez que um estranho lhe dirigia a palavra. Profissionalmente nunca foi
(nem iria)
muito longe, devido com certeza à falta de auto-confiança causada pelo seu nome. Trabalhava na recepção das consultas externas de Santa Maria havia já 14 anos. Como de 2 em 2 minutos um novo estranho lhe dirigia a palavra, possuía um calo de dimensão razoável na almofada do polegar da mão esquerda.
O seu infeliz nome também lhe causava dissabores na vida afectiva. Todas as relações duravam sempre menos de duas semanas, uma vez que ao décimo dia
(sem falha)
sofria um ataque de insegurança e fugia nunca mais dizendo uma palavra.

Ela chamava-se Vera Alexandra
(sim, Alexandra era nome de família)
e um nome próprio começado pela letra "V", aliado ao signo de Peixes, fez com que possuísse uma personalidade marcada pelo mau feitio e ruindade requintada. Era secretária numa qualquer empresa nas avenidas novas e usava sempre uma minúscula mochila vermelha às costas. O pai tinha um problema com a bebida
(além de um curioso tique de bater com o dedo mindinho no polegar enquanto lia o jornal)
o que levou a que um dia há 14 anos tivesse partido um copo de vinho na cara da filha impertinente, causando-lhe uma cicatriz de 7 cm na face direita. Esta marca inestética fazia com que poucos homens se interessassem por ela e por isso encarregava-se normalmente sozinha da arte da sedução
(não vamos usar a palavra engate)
com resultados raras vezes positivos.

No dia em que apareceu ao balcão das consultas externas de Santa Maria para marcar uma já demasiado adiada ida ao oftalmologista, ficou edipamente calada a olhar para a mão do funcionário que a atendeu.

Tiveram o primeiro encontro num parque de estacionamento e as primeiras palavras foram ditas à distância de um sorriso desfocado.

Jorge Moniz às 14:21 |



terça-feira, agosto 17, 2004


Algum dia lá teríamos de chegar...
Desde que o barril ultrapassou os 40 dólares, energias renováveis já são mais baratas que o petróleo.

Jorge Moniz às 17:40 |



É politicamente correcto dizer que...
... ao menos assim não há fogos.

Jorge Moniz às 17:38 |



segunda-feira, agosto 16, 2004


No sofá
Quando queremos dizer aquelas palavras que soam melhor escritas do que faladas, pegamos na mão um do outro e rabiscamo-las com os dedos nas palmas.

(para ideias mais complexas às vezes continuo pelo teu braço fora, mesmo correndo o risco de isso significar o fim da conversa...)

Jorge Moniz às 15:43 |



quinta-feira, agosto 12, 2004


Porque tenho andado a ver coisas sobre a WWII e a ouvir coisas dos 70's e 80's...

they disembarked in 45
and no one spoke and no one smiled
there were too many spaces in the line
gathered at the cenotaph
all agreed with hand on heart
to sheath the sacrificial knifes
but now
she stands upon southampton dock
with her handkerchief
and her summer frock clings
to her wet body in the rain
in quiet desperation knuckles
white upon the slippery reins
she bravely waves the boys goodbye again

and still the dark stain spreads between
his shoulder blades
a mute reminder of the poppy fields and graves
and when the fight was over
we spent what they had made
but in the bottom of our hearts
we felt the final cut


Roger Waters

Jorge Moniz às 14:08 |



quarta-feira, agosto 11, 2004


...
Sentado em frente ao computador. Página de word em branco. Dedos pairando por cima das teclas. Nada. Folheando livros de poesia, romances, história. Nada. Pegando nas pequenas histórias do jornal. Nada. Nas grandes notícias do jornal. Nada. Olhando para os objectos à sua volta. Nada.
Pretextos há. Ideias encadeadas é que não.

Jorge Moniz às 15:48 |



terça-feira, agosto 10, 2004



Wi nøt trei a høliday in Sweden this yër?

See the løveli lakes

The wøndërful telephøne system

And mäny interesting furry animals

Including the majestik møøse

A møøse ønce bit my sister...

Nø realli! She was Karving her initials on the møøse with the sharpened end of an interspace tøøthbrush given her by the Svenge - her brother-in-law ? an Oslo dentist and star of many Norwegian møvies: "The Høt Hands of an Oslo Dentist", "Fillings of Passion", "The Huge Møllars of Horst Nordfink"...

Mynd you, møøse bites Kan be pretti nasti...

Jorge Moniz às 15:10 |





Jorge Moniz às 11:13 |



quarta-feira, agosto 04, 2004


Parabéns Licas!
Isto nos últimos meses, entre recém's e quase's, já conto cinco!

Jorge Moniz às 22:58 |



L'oeil du siècle s'est refermé


Jorge Moniz às 21:45 |



Roubei as facas todas da tua cozinha
Isto porque cada vez levo mais a sério o pedido que fazes sempre que me venho embora para que deixe contigo as minhas mãos.

Jorge Moniz às 21:25 |



Tu

tiro-te
a toalha
do corpo
tenso

tacteio-te
terno
na pele
trémula

toco-te
turbulento
num mar
turquesa

[e então]

tomo-te
travesso
em braços
tantos.

Jorge Moniz às 10:35 |



terça-feira, agosto 03, 2004





Frio. Sinto o frio entrar-me nos ossos. Lentamente. Encolho-me mais, abraçando os joelhos. Sentado na areia. Fecho os olhos com força por um instante. O frio continua. Abro os olhos após um instante. O frio continua. À minha frente o meu último fracasso. Deveria ter visto antes ao menos o óbvio. Que o nível da água não chegava para os tapar completamente. E fico assim, com a prova última do meu falhanço diante dos meus olhos. Acaba por ser um símbolo. De que há sempre uma pequena parte das memórias que não nos larga. Que fica sempre visível, sensível. Bem podemos aprender com erros e tentar esquecê-los, viver com eles. Mas uma porção que pode ser mais ou menos incómoda fica sempre connosco. Não há amnésias selectivas. Olho as minhas mãos que tremem e eu já não sei se é do frio. Vejo-as turvas através da água que me atravessa os olhos. Frio. Tremo. Respiro fundo. E tento, por uma vez na vida, ser consequente em algo que faça. Parar de tremer o tempo suficiente para dar algum uso à caçadeira que descansa no meu colo.

Jorge Moniz às 22:52 |






Estava seco e árido como um deserto e inundaste-me de vida, com uma fina camada de água fresca, ao som da luz laranja de um final de tarde.
(entrelaçados em dedos e braços)

Jorge Moniz às 11:20 |