(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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sexta-feira, setembro 17, 2004


Copiado da Visão de ontem:
Desde que a Associação Empresarial de Portugal (AEP) tornou pública a nota interna que aboliu o tratamento por "senhor doutor" ou "senhor engenheiro" que o telefone não pára de tocar. São várias as empresas que, ao mesmo tempo que dão os parabéns pela medida tomada, pretendem saber em que legislação se fundamentou tal decisão, para que possam avançar com igual medida dentro de portas. O possível fim do provinvianismo lusitano causou mesmo surpresa na vizinha Espanha e houve até um jornal da Galiza que entrevistou o engenheiro, perdão, o sr. Ludgero Marques acerca do assunto. No final, o galego não escondeu o seu entusiasmo, considerando que a abolição dos títulos académicos no tratamento institucional iria facilitar imenso as relações luso-ibéricas.

Mas não se mudam as mentalidades de um dia para o outro. Apesar de ter ficado claro que "o grau académico nada contribui para o espírito de grupo nem está relacionado com a hierarquia funcional" - assim reza a nota interna da AEP - e que se impõe uma forma de comunicar "simples, clara e eficiente, o que passa mais pela competência e qualidade de serviço do que pelo número de graus académicos", a verdade é que tal medida está a causar grandes embaraços nas secretárias. Habituadas à bengala do "dr." e "eng." para dialogarem com os seus chefes, a língua não descai agora facilmente para o simples "senhor" ou "senhora", designação geral aprovada em conselho de administração. Vai daí, e Ludgero Marques já passou a "senhor... presidente".

Jorge Moniz às 10:12 |