(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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terça-feira, outubro 05, 2004



Às 19:30 do dia 3 de Outubro de 1910, o 33º Rei de Portugal de seu nome Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio (também conhecido por D. Manuel II), a pouco tempo de completar o seu 21º aniversário, soube que estava prestes a rebentar uma revolução republicana. Essa informação não o afastou do banquete oferecido pelo Presidente do Brasil, que se encontrava de visita a Lisboa. Passou a noite no Palácio das Necessidades, mas ao fim da manhã do dia seguinte, sendo alvo de bombardeamentos republicanos, deslocou-se para Mafra acompanhado da sua mãe, D. Maria Amélia de Orleães, e da sua avó, D. Maria Pia de Sabóia.

Depois de mais uma noite de combates, o Rei foi informado via telégrafo (como aliás o resto do país) da proclamação da República. A família dirigiu-se então para a Ericeira, onde o iate real Amélia se encontrava ao largo da praia dos pescadores. Usando caixotes e cestos de peixe como degraus, subiram para uma barca que, com a bandeira azul e branca na popa, os conduziu ao iate.

A mãe do Rei terá tentado convencê-lo a dirigirem-se ao Porto, para aí resistir, mas acabaram por se encaminhar para Gibraltar e daí para Inglaterra. D. Maria Pia, que viu com estes acontecimentos a sua demência mental agravada, seguiu antes para a sua Itália natal, onde faleceu no ano seguinte.

Passando a habitar em Londres, D. Manuel II veio a casar em 1913 com a princesa alemã Augusta Vitória. Mais tarde, conseguiu reaver aí a sua rica biblioteca (que se encontra agora em Vila Viçosa) e outros pertences. Faleceu em 1932, não deixando descendência. Em testamento, legou à pátria palácios, propriedades, jóias, livros, etc. Um piano parece ter escapado, tendo sido descoberto há alguns anos num estúdio da BBC.

A mãe do Rei, D. Maria Amélia, passou a residir em Versalhes até à sua morte em 1951.

A família contava ainda com o excêntrico D. Afonso de Bragança. Amante de carros, de velocidade e do jogo, deixou o sobrinho D. Manuel II em Londres para casar em Roma com a americana Nevada Stoody Haydes. Tal desvario custou-lhe o apoio e sustento da casa real, vindo a falecer em 1920.

A causa monárquica foi tendo assim dificuldade em encontrar alguém por quem suspirar para a restauração. O arranjo só conseguiu ser feito em 1942, através do casamento de um neto do absolutista D. Miguel com uma bisneta brasileira do liberal D. Pedro. É sabido pela genética que os casamentos entre primos podem dar maus resultados e este foi mais uma vez o caso: produziu um tal D. Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança, 24º duque de Bragança.

Jorge Moniz às 23:29 |