(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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segunda-feira, novembro 15, 2004



Este violino? Já tem muitos anos; o meu pai comprou-o em 1935 a um violinista da Wiener Symphoniker que se envolveu num escândalo com um rapaz bem mais novo do oboé e desgraçou a sua carreira. Está um bocado mal tratado do uso que tem tido e das viagens, mas ainda tem um óptimo som, principalmente estes agudos aqui no Mi, quer ouvir?

Pois eu acho que as pessoas gostam. Digo isto pela maneira como olham para mim, claro. Quando lhes consigo sacar um sorriso fico muito contente. Um músico que se preze nunca perde o brio, mesmo em situações mais complicadas.

O meu repertório? Bem, é escolhido em função do público. Normalmente passa por uns pedaços das 4 Estações, as Danças Húngaras, o Vôo do Moscardo, essas coisas assim mais conhecidas e mexidas que as pessoas gostam de ouvir. De qualquer maneira não pode ser nada muito longo, por causa da duração do semáforo vermelho.

Sim, sempre estive neste cruzamento desde que cheguei a Lisboa há 7 meses. Foi amor à primeira vista [risos]. As pessoas mais generosas são as senhoras, pricipalmente quando levam os filhos no carro. Acho que não resistem ao brilhozinho nos olhos deles. E quando está calor também é bom, porque muitos carros já vêm de janela aberta: ouve-se melhor a música e é mais rápido esticar o braço com uma moeda, não é?

Jorge Moniz às 20:31 |