(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

This page is powered by Blogger.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com















quarta-feira, novembro 24, 2004



A minha cabeça é uma sala cheia de vozes a falar ao mesmo tempo. Serenas, agitadas, tranquilas, disléxicas. Cabem lá dentro homens, mulheres, crianças, velhos, carpinteiros, médicos, desiludidos, espontâneos. Todos a falar ao mesmo tempo. Às vezes, de noite, naquele limbo entre o sono e a vigília, consigo apanhá-los distraídos e isolar uma frase, um sentimento, uma ideia. Foi o que aconteceu esta madrugada. Ao contrário do que é costume, nem vi as horas e os minutos para referência futura. Deviam ser umas 2, 3 da manhã. Aliás nem me mexi um milímetro, fiquei parada na minha descoberta. Mas a ocasião tinha de ser aproveitada. Chamei-te baixinho, acordaste nas minhas costas, diz, e eu disse. Gosto de ti.

Jorge Moniz às 10:35 |