(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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terça-feira, dezembro 28, 2004


Aqui e ali
(ou: cuidado com os alarmismos)


Jorge Moniz às 21:42 |



segunda-feira, dezembro 27, 2004



logES = 11,8 + 1,5M

Jorge Moniz às 22:37 |



sábado, dezembro 25, 2004


Era uma vez um rei que era dentista.
Fora este facto não havia nada de particularmente relevante nele. Tinha meia-idade, barba preta onde já apareciam alguns pelos brancos, era afável com a corte e os súbditos, governava com justeza, tinha uma rainha e dois príncipes, usava coroa e manto nas cerimónias e sentava-se num trono.
Mas era dentista.
Ninguém sabia a razão para tal. Se era para se aproximar do povo, se tinha um gosto especial naquele ofício, se era para matar o tempo.
Era rei e era dentista.
E o dentista ficava sentado na cadeira reclinável e os pacientes ficavam de pé a serem tratados.

Jorge Moniz às 20:13 |



SMS
Lá voltou a invasão das SMS-genéricas-de-Natal que bloqueiam as redes de telemóveis. Sejam mais melosas ou mais divertidas, com imagens ou com poesia, ho-ho-ho's ou votos de muitas prendas. Uma das mais inspiradas dizia:
Qual amor e felicidade? A gente quer é sexo! E Boas Festas... por todo o corpo.

Um detalhe curioso é muita gente receber SMS-genéricas-de-Natal de números de telemóvel que não constam da sua agenda. Ora como a mensagem é genérica, muitas vezes não se consegue descobrir de quem veio.

Eu felizmente recebi 1 (uma) SMS-genérica-de-Natal. O resto foram telefonemas e cara-a-caras.

Jorge Moniz às 20:12 |



sexta-feira, dezembro 24, 2004


Caro Pai Natal
Sabes o que já tenho e sabes o que ainda me falta. Sabes o que quero e o que preciso.
Saberás, porque é a tua especialidade, se mereço ou não.
Por isso, inicia lá a tua ronda e se passares por aqui eu vou estar à lareira a comer filhoses e ajeitar a lenha.
Àqueles por onde passares transmite os meus votos de felicidades. E saudinha, que é o que é preciso.

Jorge Moniz às 16:07 |




Já não sei bem há quanto tempo estou aqui. Ou venho para aqui. Para este meu canto. Eu até encaixo bem. Ainda não parei de crescer, mas por agora as dimensões ajustam-se na perfeição. As costas encostadas à parede de um lado, os pés encostados à parede do outro, e uma perna, um braço (às vezes uma cabeça), encostados ao vidro frio da janela. É daquelas janelas que vêm até ao chão. Como se fosse uma micro-varanda, há uns 5 cm de cimento do lado de lá do vidro. E depois 10 metros na vertical até ao chão. Não, nunca tive vontade de saltar. Às vezes abro a janela, mas é no verão, por causa do calor. Desde que a Smartie não esteja no meu quarto, que eu tenho medo que ela salte ou caia.

A Smartie é a minha gatinha siamesa. É o único ser vivo que eu deixo entrar no meu quarto. Normalmente ouço a minha mãe pousar o tabuleiro com qualquer coisa para comer à minha porta, ouço-a fungar as lágrimas que desceram pelo nariz, espero um minuto, abro a porta devagarinho e recolho o tabuleiro para dentro.

De resto, tudo o que me interessa está aqui. Tenho uma casa-de-banho. Tenho uma televisão com uns 50 canais para ver à noite à média de 2 segundos cada um. Tenho um leitor de DVD. Tenho um roupeiro razoavelmente recheado. Tenho os meus livros que leio encostada à janela. Tenho o meu bloco de papel cavalinho onde desenho encostada à janela.

E às vezes, quando ponho o tabuleiro vazio no corredor, entra a Smartie com uns olhos tristes por me ver aqui. Eu acho que os meus pais e o meu irmão também devem ter os olhos tristes pela mesma razão, mas nunca os vejo e não penso muito nisso.

Hoje em especial eles devem achar que eu devia estar com eles lá fora. Para quê? Para ver circo na televisão? Para fazer conversa de chacha com os primos? Para fingir que estamos todos muito divertidos, quando o que eles querem é perguntar porque é que eu me fechei no quarto há 2 anos, 5 meses e 3 dias.

(eu disse que não me lembrava há quanto tempo estava aqui... pois...)

O mundo que vejo através do vidro não me faz mal, não me faz perguntas, não espera nada de mim, não tem pessoas que não compreendo. Nos livros e nos filmes tudo é explicado no fim. Há um narrador ou uma câmara omnipresentes. Na vida lá fora não. Não há ninguém que nos esclareça, que nos ajude. Estamos por nossa conta. A família e os amigos, já sei. Mas cá por casa nunca houve grande comunicação. É assim.

Agora pôs-se o meu irmão a imitar o Pai Natal à porta! É tão parvinho, já deve ter bebido 2 copos de Porto... Cheira-me a rabanadas... E estou a ouvir a Smartie a miar na cozinha com fome.
- Já vou!

Jorge Moniz às 11:13 |



quinta-feira, dezembro 23, 2004



Ainda não devem ter visto debaixo de todos os colchões.

Jorge Moniz às 15:54 |



Vox pop
É uma mania que já tem alguns anos. Tem por um lado a ver com a televisão que se faz actualmente um pouco por todo o mundo, mas também com a nossa recente democracia. Em qualquer telejornal, a propósito de qualquer tema mais ou menos técnico, lá vão perguntar aos "populares" que saem da estação do Cais do Sodré ou descem a Guerra Junqueiro o que acham.

Há depois também a versão "pseudo-sondagem", em que os "populares" enviam uma sms para um canal de televisão ou clicam em opções num site de notícias ou num blog.

Para começar, os resultados destes inquéritos têm pouca relevância, devido à participação depender apenas da vontade do participante e da possibilidade de bombardeamento de respostas.

Há depois outra questão que é a dos temas técnicos. É ridículo perguntar-se a um "popular" por exemplo:

1 - Confia na segurança das pontes portuguesas?
2 - Qual acha que é o melhor método para tratar os resíduos industriais perigosos?

Eu à primeira pergunta responderia com um "Não sou engenheiro civil e não consultei relatórios técnicos sobre o assunto, por isso não posso responder a essa questão." E, embora a segunda pergunta seja da minha área de formação, teria de rever livros, documentos, artigos, falar com pessoas, etc, porque raramente há respostas absolutas.

No vox pop ouve-se, na melhor das hipóteses, um "eu não sou técnico, mas..." e lá vem a opinião. Se não é técnico, cala-se ali e pronto! É que neste caso em particular do tratamento de resíduos, mete nojo a desinformação que foi feita junto das populações dos locais em causa, com paranóias ridículas sobre a sua saúde. A tal nível que se vem alguém dizer que não é bem assim é porque "é dos outros".

Isto tudo vem ainda de sermos um país com uma fraca formação científica. As gerações antes do 25 de Abril tipicamente tinham a 4ª classe ou nem isso e nos últimos 30 anos (além de serem curtos) ainda não se conseguiu estabilizar o sistema de ensino.

Mas há também uma responsabilidade dos jornalistas, que fogem muitas vezes ao esclarecimento técnico, preferindo o confronto político. Nestas questões, em vez de se convidarem representantes dos vários partidos, formados tipicamente em letras ou economia, faz mais sentido convidar universitários, industriais, técnicos das áreas em causa.
E faz sentido os jornalistas na sua formação terem pelo menos uma cadeira do género "Introdução à Ciência e Técnica", para não se verem tantos disparates escritos nos jornais e ditos na televisão.

Jorge Moniz às 12:55 |



Défice
Eu sei que há outros países a recorrerem a vendas extraordinárias e outros truques para cumprirem os famosos 3 %. Mas em vez de andarmos todos a hipotecar décadas do nosso futuro, porque não fazer como fez a França, que se esteve nas tintas para cumprir as exigências do pacto (preferiu investir) e depois não lhe aplicaram as sanções. Se já há o precedente, por que não fazer o mesmo?

Jorge Moniz às 12:48 |



terça-feira, dezembro 21, 2004


28
Durante meses, o estranho hovercraft com formas de disco voou sobre mar, terra, Terra, estrelas e planetas.
Lá dentro seguia uma bizarra criatura vermelha com quatro braços e alguém que já não tinha medo.
Um dia, hoje, chegaram finalmente ao destino, levantando uma nuvem de pó vermelho ao pousar. A recebê-los estavam o Bugs Bunny e o Sylvester, cada um deles com uma madalena na mão.
Antes de descer as escadas, os viajantes olharam-se e a bizarra criatura vermelha com quatro braços disse:

o teu cheiro chama-me
a tua pele pede-me
os teus lábios lembram-me
de te beijar vinte e sete vezes mais uma
hoje

Jorge Moniz às 09:25 |



sexta-feira, dezembro 17, 2004


Os bolos no Natal
(post revisto e aumentado)

O nosso Bolo-Rei foi pela primeira vez feito em Portugal na Confeitaria Nacional (aquela da rua mais curta de Lisboa). A receita foi trazida de Paris nos finais do século XIX por Baltasar Rodrigues Castanheiro Júnior, filho do fundador da casa. Pouco a pouco a receita foi-se espalhando e o bolo passou mesmo a ser vendido antes da data tradicional, o Dia de Reis. Em 1911 houve umas republicanas tentativas de o renomear Bolo Presidente, ou Bolo Arriaga, que não tiveram sucesso. Hoje em dia o Bolo-Rei contém uma fava e um brinde, mas nem sempre foi assim.


Receita de Bolo-Rei

Na receita original francesa, era incluída uma fava, verdadeira ou simbólica (um brinde de porcelana, por exemplo), mas não os dois. Tal facto prende-se com jogo romano em que se usavam favas e praticado no mês de Dezembro e que depois foi incorporado, como muitas outras tradições, na cultura cristã.
O primeiro Gâteau des Rois aparece assim na França da Idade Média, já com a fava incluída, e depois na corte de Luís XIV com o aspecto actual e preparado para as festas de Ano Novo e dos Reis. À semelhança do que aconteceu em Portugal, por alturas da Revolução chegou a ser proibido.
Hoje em dia, este bolo semelhante ao nosso é apenas característico da Provence, sendo conhecido pelo nome de Fougasse Provençale.


Receita de Fougasse Provençale (ao fundo da página)

A norte do país, em Paris por exemplo, quase só existe a Galette des Rois, que é feita com massa folhada, um recheio de creme e não tem frutas. Acaba por ser muito parecida na textura e no sabor com a parra que se come nas pastelarias portuguesas. Continua a ser tradicional comer a galette no Dia de Reis, aproveitando-se para desejar os melhores votos de bom Ano Novo aos presentes.


Receita de Galette des Rois Frangipane

Uma receita mais parecida com a nossa é a do inglês Christmas Cake, que também é recheado de uvas passas e, por vezes, coberto de açúcar glacé.


Receita de Christmas Cake

(já agora de todos estes, só gosto mesmo da Galette, que eu é mais folhados)

Jorge Moniz às 15:44 |



Protesto
Se uma pessoa paga mensalmente (e bem) aos esquizofrénicos da telepac/sapo/PT, seria pedir muito pelo menos nós, os que pagamos, não termos janelas de publicidade a saltar dos próprios sites da telepac/sapo/PT? Além de ser uma questão de princípio, não há Popup Ad Filter e SP2 que aguentem!

Jorge Moniz às 15:42 |



Código Postal
Lembrei-me agora daquelas mudanças à americana, em que uma casa inteira de madeira (porque os lobos afinal não têm fôlego para mandar aquilo tudo pelos ares) é transportada de uma morada para outra em cima de um atrelado de camião. Recheio incluído e muito devagar para os pratos não caírem dos escaparates.
Foi mais ou menos assim.

(será que os vizinhos são os mesmos?)

Jorge Moniz às 00:12 |



quinta-feira, dezembro 16, 2004



Estreia dentro de alguns meses.

Jorge Moniz às 12:09 |



Típico
Tu podes dizer que és isto e aquilo, mas eu não te posso dizer que és isto e aquilo.

Jorge Moniz às 12:07 |



... ao que me respondeu:
Não posso fazer nada - it's in my nature...

Jorge Moniz às 12:06 |




Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida


Cazuza

Jorge Moniz às 00:30 |



terça-feira, dezembro 14, 2004


E Pedro e Paulo disseram...
... nim.

Jorge Moniz às 20:44 |




E eis que o Markl também já tem um.

Jorge Moniz às 18:50 |



quarta-feira, dezembro 08, 2004


Hummm...
Se os posts devessem incluir a bibliografia consultada, andávamos atolados até aos olhos em links para o google.

(isto deve ser um rebate de consciência pelo post anterior...)

Jorge Moniz às 18:53 |



Momento nostálgico do dia



Chamava-se "The Maestro's Company". Era uma série australiana de marionetas, produzida em 1984, que pretendia apresentar a ópera aos mais novos.
Duas crianças, o Johnny e a Tina, descobrem uma cave com uma companhia de marionetas onde há cantores temperamentais e um maestro carismático. Em cada episódio uma ópera é encenada apenas para os dois jovens humanos, depois de muitas peripécias de bastidores.
A série contou com grandes vozes como as de Renata Tebaldi, Joan Sutherland, Placido Domingo, Teresa Berganza, Nicolai Ghiaurov e Dietrich Fischer-Dieskau e ensinou-nos a apreciar O Barbeiro de Sevilha, La Traviata, Rigoletto, Hansel and Gretel e outras óperas.

PS: Já agora, os actores que faziam de Johnny e Tina voltaram a encontrar-se no Mad Max III, o que tem tudo a ver! Ela, Justine Clarke, anda aí agora nesse filme de um gajo a voar numa cadeira com balões de hélio.

Jorge Moniz às 18:46 |



88
Aos sinais de nascença que algumas pessoas têm no corpo, a língua francesa chama "grains de beauté".
(poucas vezes terá havido uma conjugação tão perfeita entre a adequação de um nome à coisa e a felicidade na escolha das palavras)

Jorge Moniz às 16:50 |




I smell your clothes when you're not here
I smell your clothes when you're not near


Nuno Gonçalves

Jorge Moniz às 11:06 |



terça-feira, dezembro 07, 2004


E continua o frio...


Jorge Moniz às 16:04 |



sexta-feira, dezembro 03, 2004


Está frio...


Jorge Moniz às 20:57 |




Nãããããããããõooooooooooooooo!!!!

Jorge Moniz às 13:54 |



A propósito...
... das eleições para a presidência palestiniana, que já contam com dez candidatos, sai um re-post:


Oásis

Neve Shalom é uma expressão hebraica que quer dizer Oásis de Paz. Wahat al-Salam é uma expressão árabe que quer dizer Oásis de Paz. Ambas são a mesma aldeia em Israel, fundada conjuntamente por judeus e por árabes palestinianos de nacionalidade israelita. Nesta aldeia promove-se a educação para a paz, a igualdade e a compreensão entre os dois povos, prestando-se também assistência humanitária. É habitada deste 1977 e contam-se nesta altura 45 famílias. Numa delas a mulher é judia e o homem é muçulmano. Têm 3 filhas. Sigam qualquer um dos links - são (somos) todos iguais.

Jorge Moniz às 11:00 |



quinta-feira, dezembro 02, 2004


Vi-te
Foi um dia destes, já não sei qual. Ias no passeio do outro lado da rua.
(em passo acelerado)
Levavas as chaves do carro na mão esquerda.
(com um porta-chaves de rato de peluche)
Levavas as mesmas sardas no nariz.
(e o mesmo ar de má)
Levavas o cabelo mais comprido do que dantes.
(quando me ensinaste a fazer-te cafunés)

Sabes uma coisa? De todas as mulheres eu só guardo na memória o desenho das mãos e dos dedos. Mas esse azul cinzento dos teus olhos, sei que vou sempre encontrá-lo no céu, no mar, num cantinho de um quadro.
(ou nas insónias inesperadas que me incomodam todas as noites depois de um dia destes, já não sei qual)

Jorge Moniz às 18:33 |



quarta-feira, dezembro 01, 2004




Jorge Moniz às 22:12 |