(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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sábado, dezembro 25, 2004


Era uma vez um rei que era dentista.
Fora este facto não havia nada de particularmente relevante nele. Tinha meia-idade, barba preta onde já apareciam alguns pelos brancos, era afável com a corte e os súbditos, governava com justeza, tinha uma rainha e dois príncipes, usava coroa e manto nas cerimónias e sentava-se num trono.
Mas era dentista.
Ninguém sabia a razão para tal. Se era para se aproximar do povo, se tinha um gosto especial naquele ofício, se era para matar o tempo.
Era rei e era dentista.
E o dentista ficava sentado na cadeira reclinável e os pacientes ficavam de pé a serem tratados.

Jorge Moniz às 20:13 |