(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quinta-feira, janeiro 06, 2005


A Evolução do Homem ou o Outsorcing Individual

Os animais, de uma maneira geral, fazem cada um as suas tarefas: cada um trata da sua higiene, da sua comida, da sua protecção, do seu abrigo, etc. Quando não é o próprio é algum outro, digamos, do núcleo familiar.

O Homem também começou por ser assim: cada um pescava ou caçava a sua comida, fazia as suas roupas, a sua casa, eventualmente pedia a outro para lhe dar com um um pedaço de sílex na boca quando lhe doía um dente.

Depois, pouco a pouco, cada indivíduo foi-se especializando: um tinha mais jeito para a pesca, outro para a agricultura, outro para a tecelagem. E estes começaram a prestar esses serviços aos outros que tinham menos jeito ou tempo. E assim surgiu o comércio, inicialmente em troca directa, aparecendo mais tarde o dinheiro. Foi uma espécie de outsorcing de tarefas pessoais.

Primeiro passámos a pedir aos outros produtos e serviços personalizados. Hoje em dia, já os adquirimos generalizados:

- Já ninguém faz a sua roupa (tirando a nova re-moda de tricotar), quase não há alfaiates e costureiras e toda a gente compra a roupa já feita em lojas que até há pouco tempo se chamavam precisamente pronto-a-vestir, mas no futuro serão conhecidas por Zaras.
- Já ninguém faz a sua casa, poucos a mandam fazer, a maioria compra já feita e igual às dos vizinhos.

Exceptuando o facto de cada vez menos o indivíduo ser individual, não há grande mal nisto.

A coisa é diferente quando falamos da alimentação. Graças aos empregos de hoje em dia e à vida em cidade, muita gente almoça em pequenos restaurantes e, pior, ao jantar não tem tempo para cozinhar e põe um congelado qualquer no micro-ondas. Mesmo os doces, cada vez menos são feitos em casa, preferindo-se os comprados em embalagens de várias camadas.

Como será daqui a umas décadas ou séculos? Ainda teremos cozinhas nas nossas casas ou terão tido o mesmo destino que a máquina de costura?

É aqui que começa a haver um problema: todos aqueles aditivos (uns mais indispensáveis do que outros) nos produtos alimentares embalados são inofensivos em pequenas quantidades, mas começam a fazer efeito se a nossa alimentação se basear quase exclusivamente nesses alimentos. Será que o nosso organismo saberá adaptar-se a essas alterações?

Jorge Moniz às 19:00 |