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quinta-feira, janeiro 06, 2005
A Evolução do Homem ou o Outsorcing Individual
Os animais, de uma maneira geral, fazem cada um as suas tarefas: cada um trata da sua higiene, da sua comida, da sua protecção, do seu abrigo, etc. Quando não é o próprio é algum outro, digamos, do núcleo familiar.
O Homem também começou por ser assim: cada um pescava ou caçava a sua comida, fazia as suas roupas, a sua casa, eventualmente pedia a outro para lhe dar com um um pedaço de sílex na boca quando lhe doía um dente.
Depois, pouco a pouco, cada indivíduo foi-se especializando: um tinha mais jeito para a pesca, outro para a agricultura, outro para a tecelagem. E estes começaram a prestar esses serviços aos outros que tinham menos jeito ou tempo. E assim surgiu o comércio, inicialmente em troca directa, aparecendo mais tarde o dinheiro. Foi uma espécie de outsorcing de tarefas pessoais.
Primeiro passámos a pedir aos outros produtos e serviços personalizados. Hoje em dia, já os adquirimos generalizados:
- Já ninguém faz a sua roupa (tirando a nova re-moda de tricotar), quase não há alfaiates e costureiras e toda a gente compra a roupa já feita em lojas que até há pouco tempo se chamavam precisamente pronto-a-vestir, mas no futuro serão conhecidas por Zaras.
- Já ninguém faz a sua casa, poucos a mandam fazer, a maioria compra já feita e igual às dos vizinhos.
Exceptuando o facto de cada vez menos o indivíduo ser individual, não há grande mal nisto.
A coisa é diferente quando falamos da alimentação. Graças aos empregos de hoje em dia e à vida em cidade, muita gente almoça em pequenos restaurantes e, pior, ao jantar não tem tempo para cozinhar e põe um congelado qualquer no micro-ondas. Mesmo os doces, cada vez menos são feitos em casa, preferindo-se os comprados em embalagens de várias camadas.
Como será daqui a umas décadas ou séculos? Ainda teremos cozinhas nas nossas casas ou terão tido o mesmo destino que a máquina de costura?
É aqui que começa a haver um problema: todos aqueles aditivos (uns mais indispensáveis do que outros) nos produtos alimentares embalados são inofensivos em pequenas quantidades, mas começam a fazer efeito se a nossa alimentação se basear quase exclusivamente nesses alimentos. Será que o nosso organismo saberá adaptar-se a essas alterações?
Jorge Moniz às 19:00 |
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