(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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sexta-feira, janeiro 21, 2005



Foi há cerca de um ano. O senhor, aparentando frieza nos modos e reserva no trato, começou por deixar um pequeno recado, como os classificados de jornal:

"mordomo. procura nova patroa. carta de condução para jaguares. serviço de qualidade. trabalho esmerado. algodão não engana. trata XX XXX XXX"
(número de telefone rasurado a pedido da pessoa em causa, para evitar contra-propostas tentadoras)

Contactado por várias interessadas, devido à raridade no mercado de alguém com as suas competências, foi desenvolvendo contactos mais estreitos e enviando CV's a uma delas. A certa altura a entrevista telefónica foi importante, de modo averiguar possíveis dificuldades. Não as houve e procedeu-se então à entrevista pessoal, bom dia o meu nome é Ambrósio, bom dia o meu nome é Senhora.

Ambos concordaram poder nascer ali uma interessante colaboração profissional e foi assinado um extenso e exigente contrato de prestação de serviços. Hoje o trabalho vai seguindo com normalidade, o mordomo aspira, faz o jantar, vai buscar as crianças e, como é pessoa inculta, todos os dias a Senhora lhe ensina uma palavra nova. Hoje foi "carrapeta".

Jorge Moniz às 12:51 |