(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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sexta-feira, fevereiro 25, 2005


Histórias
Maria Estefânia conduz o carro na estrada de Salvaterra. Tem um furo. Um rapaz passa de mota e pára para a ajudar. No fim ela pergunta, quanto lhe devo?, não deve nada, mas quero dar-lhe qualquer coisinha, não é preciso obrigado, mas por que não aceita nem uns trocos para uma cerveja?, eu também não lhe dei nada quando a senhora me levou a voz da minha mãe a Nambuangongo.

Foi mais ou menos assim que hoje de manhã o Fernando Alves abriu o apetite para a reportagem que passa logo depois das 19h e domingo às 10 da manhã na TSF:

Entre Agosto de 1966 e Fevereiro de 1967, Maria Estefânia Anachoreta, percorreu 18 000 km em Angola com um gravador de bobinas onde levava mais de 1200 saudades de mães, pais, namoradas, tios, vizinhos aos soldados da zona de Santarém. Por sua própria iniciativa.
Como é (ou era) frequente nestas coisas do som, os anos tornaram obsoletas as bobinas, que só podem ser lidas naquele modelo de gravador, entretanto avariado e envelhecido. O repórter José Carlos Barreto meteu mãos-à-obra para recuperá-lo e o resultado pode-se ouvir nesta resportagem, que conta ainda com a entrevista à própria Maria Estefânia nos dias de hoje.

Jorge Moniz às 10:58 |