(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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quarta-feira, março 16, 2005


Adeus
Eras tímida. Muito tímida. Passavas o tempo fechada em casa, o teu ninho. Quando saías, era a correr para não seres vista. A meio da noite para não seres vista. Ias buscar alguma coisa para comer ou tratar de qualquer outra necessidade. Fazias o que tinhas a fazer rapidamente e voltavas a correr para casa. Às vezes até te atrapalhavas com a comida pelo caminho, tal era a pressa. Tentámos que te habituasses à nossa companhia, mas é verdade que não nos esforçámos muito, sabes como é, a vida hoje em dia, sempre sem parar. Agora pensamos se algo poderia ter sido diferente. Mas não sabemos. Não sabemos por que é que naquele dia saíste de casa e não conseguiste voltar. Não sabemos se somos responsáveis. Não sabemos sequer se te poderíamos ter ajudado a subir até ao teu ninho.

Jorge Moniz às 22:38 |