(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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quarta-feira, janeiro 07, 2004



Algum dia tinha de acontecer. Além de as repetições fazerem aumentar a probabilidade, os cuidados foram esmorecendo. De cada vez a pressa era maior e a responsabilidade menor. Sabíamos que os riscos iam crescendo, mas progressivamente deixámos de nos importar com isso. Até que naquele dia, um dia igual a tantos outros, aconteceu o inevitável. Gostava de dizer que a lição foi definitiva, mas não. O erro continuou a ser cometido e só o tempo e a distância (sempre os dois juntos na profilaxia, é curioso) nos curaram. Ou talvez só tenham curado completamente um de nós que vive como se nada fosse, enquanto o outro sobrevive com todo o peso do remorso. Porquê?

(a culpa não devia ser repartida?)

Jorge Moniz às 14:49 |