(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



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o passado

 
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terça-feira, janeiro 27, 2004


Branco
Às 5 h da manhã os carros da minha rua estavam cobertos de neve. Mas já não nevava nem voltou a nevar. A depressão passou para leste e hoje está um belo dia de (quase) sol. Quando me levantei às 7 h já tinha tudo derretido... Na televisão mostravam imagens da banlieue de Paris com carros a patinarem na neve. Que sim, que esta noite nevou bastante. E eu pensei: raios para os tubos de escape e outras fontes de aquecimento dentro das grandes cidades! Depois pensei melhor: Montmartre é uma colina (apanha portanto com o vento frio em cheio), tem pouco trânsito, fica no caminho do trabalho e é o melhor sítio para ver a paisagem. Não volta a haver uma oportunidade como esta, por isso mochila às costas!
Ao sair do metro em Abessess, enquanto me tentava equilibrar dentro das botas, vi tudo branco à volta. Uma camada de uns bons 10 cm. Saca da máquina, mete o rolo p/b e começa a disparar. Tive de calibrar de novo a marcha para subir aquelas ruas sem patinar muito e, uma vez lá em cima, foi um regalo para o disparador da máquina e um drama para os dedos sem luvas. Só por lá andava eu e os funcionários municipais a espalharem sal e a varrerem neve. À porta do funicular, alguns trabalhadores da RATP de idade respeitável entretinham-se com tiro ao alvo uns aos outros. Tanto quanto a neblina deixava ver, os telhados de Paris estavam todos brancos...
Ainda pensei em fazer um boneco, mas não tinha levado nem a cenoura nem as nozes e hoje é dia de trabalho.

Jorge Moniz às 12:06 |