(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



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as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



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quinta-feira, janeiro 22, 2004


GREP
Os carros dos bombeiros aceleram. Lá ao fundo já se vê a Torre Eiffel, fechada naturalmente ao público. A meio caminho do primeiro andar, um homem dos seus 30 anos vai escalando a estrutura de ferro e ameaça suicidar-se. Chegados ao local, os bombeiros separam-se em três pequenas equipas unidas por cordas e começam a subir. A um deles cabe a tarefa de falar com o homem e tentar aproximar-se dele para o segurar. Ele vai fugindo. As palavras, treinadas, são tranquilizadoras. Passados alguns minutos eles estão a um metro um do outro. Depois a alguns centímetros. O homem despe uma camisola grossa para não ser facilmente agarrado. O bombeiro com um gesto brusco agarra-lhe o cinto das calças. O homem desaperta o cinto e dá um soco no bombeiro.

Pausa na imagem.

Nesta altura lembrei-me de que estava a ver uma reportagem e não um filme de ficção.

Ao longo de toda a sua história, a Torre Eiffel já serviu de trampolim para cerca de 400 suicídios. Actualmente registam-se uma dezena por ano, cerca de metade das tentativas. A outra metade consegue ser evitada a tempo pelos bombeiros do GREP. Para entrar neste grupo de operações especiais é necessário já fazer parte há algum tempo dos bombeiros "normais" e superar algumas provas delicadas. Uma delas consiste em escalar os 324 m da Torre Eiffel e, uma vez lá em cima, atravessar uma trave de 20 metros de comprimento por 10 cm de largura. Noutra prova, é preciso aguentar uma hora dentro de um túnel em fogo, respirando com máscaras de oxigénio. Um dos candidatos descreve a sensação como sendo a de ter um secador de cabelo a soprar para dentro da boca.

Mais: fazendo ou não parte deste corpo especial, todos os bombeiros de Paris em cada dia entram de serviço se e só se fizerem a prova da prancha: numa única tentativa devem, completamente equipados, subir para cima de uma prancha colocada a 2,45 m de altura à força de braços.

Depois, para descomprimir, chegam os míticos Bailes dos Bombeiros do 14 de Julho, onde raparigas de Paris, do resto de França, ou até vindas de propósito dos Estados Unidos, vêm apreciar as suas fardas de gala.

Jorge Moniz às 09:39 |