(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

This page is powered by Blogger.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com















quarta-feira, janeiro 28, 2004


neige mêlée I
Quando te abri a porta li tudo nos teus olhos. É possível que tenhamos trocado algumas palavras de ocasião, não me lembro, nem é importante, nem era preciso. Acompanhei-te à sala, ajudei-te a despir o casaco e sentei-te numa cadeira. Atrás de ti, levei as mãos aos teus ombros, os dedos aos tendões, os polegares aos músculos. Respiraste fundo e soltaste alguma palavra imperceptível, um murmúrio. Eu não podia ver, mas sei que fechaste os olhos.

Jorge Moniz às 12:05 |