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sábado, junho 30, 2007
À medida que o tempo passa sobre a morte de pessoas próximas, como os nossos avós, há memórias que se perdem e outras que permanecem, que se tornam mesmo recorrentes. Há uma mão cheia de episódios passados com o meu avô de que me lembro amiúde. Sendo naturalmente um homem de outra geração, em que a minha avó era doméstica e mãe de cinco, a divisão de tarefas em casa não tinha nada a ver com o que já vai acontecendo hoje. Por exemplo, o meu avô não gostava das meias a apertar os tornozelos. Por isso, cada par que comprava entregava à minha avó para ela cortar os elásticos do cano da meia. Mas noutras situações, ele ajudava. Certo dia assisti aos meus avós a fazerem a cama, um de cada lado. Disse-me o meu avô que duas pessoas a fazer a cama dava menos de metade do trabalho a cada uma do que se fosse uma única pessoa. Não precisamente metade, mas menos de metade. Eu era criança e fiquei a pensar naquilo, a contar as voltas à cama que uma pessoa sozinha tem de dar. Realmente era verdade. E à sua maneira era o próprio conceito de trabalho em equipa que se aprende hoje: trabalho em grupo é 1+1=2, trabalho em equipa é 1+1=3. Lembro-me do meu avô uma vez por semana, ao entalar lençóis de trás para a frente.
Jorge Moniz às 21:43 |
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