A China
Nas discussões sobre o crescimento brutal das exportações da China para o mundo ocidental, há um argumento que de vez em quando é atirado para o ar: a qualidade. Eles conseguem aqueles preços com exploração de mão-de-obra e outras reduções de custos, o que só pode provocar menor qualidade dos produtos. A ideia é que mais tarde ou mais cedo terão de melhorar a qualidade, tornando os preços mais competitivos com os dos produtos feitos do lado de cá. Não é assim tão simples, mas é verdade que o potencial para saírem asneiras é grande. Temos, por exemplo, deste fim-de-semana quatro barcos de metanol a arder, sendo de desconfiar das capacidades de controlar a poluição de um rio que mata a sede a 5 milhões de pessoas.
Outros exemplos têm aparecido com produtos importados como os recentes brinquedos, marisco, pasta de dentes, alimentos de animais, cobertores, etc. Os casos de devoluções e cancelamento de contratos avolumam-se e o governo chinês já se inquieta.
O que depois não aparece com igual destaque nas notícias é o impacto local destes problemas, sobretudo em empresas que vivem da exportação. Por exemplo, a empresa que fornecia os brinquedos pintados com tinta contendo chumbo fechou 3 fábricas, despedindo um total de 5000 pessoas. Um dos patrões, o senhor Zhang, visitou as 3 fábricas, conversou com os trabalhadores e garantiu que iriam receber o seu último salário após terem cessado as encomendas. Depois enforcou-se no armazém de uma das fábricas.
Jorge Moniz às 22:21 |