(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

This page is powered by Blogger.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com















segunda-feira, setembro 03, 2007


A China
Nas discussões sobre o crescimento brutal das exportações da China para o mundo ocidental, há um argumento que de vez em quando é atirado para o ar: a qualidade. Eles conseguem aqueles preços com exploração de mão-de-obra e outras reduções de custos, o que só pode provocar menor qualidade dos produtos. A ideia é que mais tarde ou mais cedo terão de melhorar a qualidade, tornando os preços mais competitivos com os dos produtos feitos do lado de cá.
Não é assim tão simples, mas é verdade que o potencial para saírem asneiras é grande. Temos, por exemplo, deste fim-de-semana quatro barcos de metanol a arder, sendo de desconfiar das capacidades de controlar a poluição de um rio que mata a sede a 5 milhões de pessoas.

Outros exemplos têm aparecido com produtos importados como os recentes brinquedos, marisco, pasta de dentes, alimentos de animais, cobertores, etc. Os casos de devoluções e cancelamento de contratos avolumam-se e o governo chinês já se inquieta.

O que depois não aparece com igual destaque nas notícias é o impacto local destes problemas, sobretudo em empresas que vivem da exportação. Por exemplo, a empresa que fornecia os brinquedos pintados com tinta contendo chumbo fechou 3 fábricas, despedindo um total de 5000 pessoas. Um dos patrões, o senhor Zhang, visitou as 3 fábricas, conversou com os trabalhadores e garantiu que iriam receber o seu último salário após terem cessado as encomendas. Depois enforcou-se no armazém de uma das fábricas.

Jorge Moniz às 22:21 |