(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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sexta-feira, fevereiro 14, 2003



Afinal o namoro anunciado neste blog que estava previsto hoje vir a público em todo o seu esplendor (Blair e Bush numa lua-de-mel das arábias, com música de harpa tocada pelo Martins da Cruz de asinhas brancas), está a ser um bocado atravancado pelo outro namoro Chirac e Schröder.

No entanto parece-me que é só uma questão de tempo. Não estou nada a ver os EUA a mandarem voltar para trás as centenas de milhares de soldados que já para lá mandaram...

A ONU admite aprovar intervenções militares, de uma forma geral, por dois tipos de razões:
- defesa a um ataque
- prevenção de ameaça
Este conceito de guerra preventiva parece-me um pouco estranho, ainda deve ser derivado dos restos da 2ª guerra mundial. A ideia parece ser: "antes que eles nos ataquem, atacamo-los nós". Isto poderia fazer sentido num cenário: "Se eles nos atacam, matam 10 000 dos nossos. Se nós conseguirmos anular esta ameaça matando, digamos, 5000 dos deles, o saldo é positivo".
O problema desta ideia já foi magistralmente resumido pelo João Vieira Pinto: "Prognósticos, só no fim do jogo". Antes de começar não se pode saber como vai terminar.
Para que fique claro, prefiro uma bomba que mate 200 americanos a um ataque que mate 201 iraquianos. Salva-se uma vida. E nem sequer está perto de se provar alguma ligação do Iraque com variados atentados terroristas por todo o mundo, nem vontade/capacidade de o vir a fazer sem ser atacado.

Para os adeptos da legalidade da ONU, pode-se sempre adicionar o caso da Coreia do Norte (que ameaça mesmo usar armas nucleares) e de Israel (que tem resoluções na ONU a mandá-lo sair dos territórios ocupados. Parece-me que foi por ocupação indevida que houve a primeira guerra do golfo...).

Causa-me alguma irritação a posição oficial do PS em relação, por exemplo, à manifestação de amanhã: os apoiantes do PS que participarem na manif devem marcar bem a posição de que se a ONU aprovar uma intervenção, nós devemos respeitar essa decisão. Mas desde quando é que temos de concordar com as decisões da ONU, ou mesmo de um governo? Se calhar os militantes do PS já podem fazer uma manif a protestar contra as medidas da Manelinha. Aí já não é preciso respeitar decisões superiores...

À conta disto, como é habitual, a manif estar partidarizada com o estigma do PCP e BE, que apoiam, mas não convocaram. Foi um movimento social que a convocou. E quem não for simpatizante destes partidos, ou pelo menos de esquerda, tem alguma dificuldade em ir, porque "aquilo é dos comunistas". Lembro que em Roma se espera 1 milhão de pessoas. Que não serão concerteza todas do ex-PCI.

Economistas estimam que com um regime favorável ao Ocidente no Iraque, o preço do petróleo pode baixar dos 30 dólares por barril para os 20.

(Alguém ainda se lembra do Afeganistão? Parece que depois da intervenção de há um ano, aquilo terá ficado uma próspera democracia, uma vez que não se ouvem notícias de lá... Minto: um destes dias ouvi que o governo tinha proibido a recepção de TV por satélite, porque nalguns canais internacionais apareciam mulheres em trajes reduzidos! Daqui a 10 anos, quando for precisa outra intervenção militar providencial, saem de lá estes e voltam os poliban...)

Jorge Moniz às 21:38 |