(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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sexta-feira, fevereiro 07, 2003



Já ouviram a história da Clara Pinto Correia? Parece que as duas últimas crónicas na Visão são quase transcrições completas de textos da New Yorker. A Visão suspendeu a colaboração e ela achou excessivo porque terá sido um lapso (fez pesquisa para a crónica e depois esqueceu-se de apagar o que estava a mais).
A história não é nova. Quando eu andava no 10º ano houve um teste de Filosofia com consulta, sobre o tema Salman Rushdie. Várias pessoas citaram frases de revistas e jornais que levaram e “esqueceram-se” das aspas. O prof. Gaspar encarregou-se de depois escrever a vermelho nos locais devidos: “Selecções do Reader’s Digest”, “Revista do Expresso”,...
Na universidade os trabalhos feitos em computador generalizaram-se um/dois anos depois de mim. E começaram a aparecer relatórios iguais a algum do ano anterior (mesmo se esse trabalho experimental tinha sido alterado!). Nas áreas das letras é mais difícil, porque normalmente os trabalhos são ensaios sobre algum tema. Em Portugal não sei se já existe, mas nos Estados Unidos há universidades onde os trabalhos são entregues em disquetes e há um programa que compara o ficheiro com o arquivo de trabalhos já apresentados e assinala as passagens suspeitas. Em Inglaterra ouvi falar num programa semelhante, mas que se liga à internet para pesquisar frases copiadas. Claro que em Portugal seria mais difícil, porque a maioria dos sites consultados estão em inglês e as traduções baralham sempre muito os programas de computador (um dia destes testei um: “The plate is on the table” deu “O prato está na tabela”).
Há depois uma outra variante. Os livros. Algumas pessoas famosas decidem publicar um livro autobiográfico ou não e, como não têm muito jeito para escrever, pedem a outra pessoa para o fazer. Nalgumas “autobiografias” aparece o nome do verdadeiro autor em letras bem mais pequenas. Há uma história passada em Espanha com a Ana Quintana Rosa (que é uma espécie de Fátima Lopes da televisão deles). A senhora editou um daqueles romances ligeiros. Veio-se a saber que quem o tinha escrito tinha sido o cunhado dela. Parece que a meio do processo eles se chatearam quanto às compensações que ele receberia e ele resolveu copiar para o livro passagens inteiras de um livro da Danielle Steele. Quando se descobriu ela teve de admitir não ter sido a autora.

Jorge Moniz às 11:02 |