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quarta-feira, maio 14, 2003
O direito à greve.
Tentando esquecer a História dos direitos laborais e preconceitos de esquerda, direita, etc., por que razão deve existir o direito à greve? Imaginemos uma sociedade nova, pegamos numa empresa que tem os patrões e os empregados. Se estes têm alguma razão de queixa dos chefes, como devem agir? Deve ser possivel "parar as maquinas"? Na altura em que apareceram as greves não havia os meios de comunicação que há hoje e uma reportagem da TVI pode fazer mais do que uma greve... Será que se as questões laborais tivessem começado hoje, a greve apareceria como possibilidade? Vamos admitir que sim, que os funcionários se podem recusar a trabalhar durante um determinado tempo para pressionar os patrões a alterar algo.
Passemos agora ao mais complicado. Quando envolve terceiros. Quando a greve prejudica pessoas que não têm nada a ver com o assunto. Não é politicamente correcto uma pessoa queixar-se (lá estão os preconceitos esquerda/direita). Hoje em dia há todo o tipo de mecanismos e processos para defender os direitos e liberdades individuais: pedem-se indemenizações por tudo e por nada. Se eu posso ser indemnizado pela Brisa por causa de um buraco na auto-estrada que me fez furar um pneu, por uma tabaqueira por causa de um cancro de pulmão, pelo MacDonalds pelo café muito quente que me queimou, por que não posso ser indemnizado pelo sindicato que convocou uma greve que me prejudicou? Por exemplo, poderei apresentar uma factura de táxi ao sindicato dos motoristas de autocarros?
(Ontem demorei 3h a chegar a casa. Nem a porra de um taxi livre passou por mim. Pelo caminho cruzei-me com uma rapariga que vinha com os sapatos na mão e o pé descalço no passeio. 12 °C à chuva. Pelas 8 e tal parei para jantar no caminho: alguém me reembolsa?)
(Hoje alguns sindicatos continuam a apelar à greve. Demorei hora e meia. Uma linha de metro mais uns km a pé.)
Jorge Moniz às 11:20 |
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