(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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terça-feira, maio 13, 2003



A turista americana faz o seu cruzeiro no Mediterrâneo. A notícia não o diz, mas provavelmente sozinha. Quem sabe se para esquecer alguma história. E o que melhor para esquecer do que beber um pouco? E o que fazer da garrafa depois? Por que não atirá-la ao mar? Com uma mensagem lá dentro, claro! Estávamos junto à costa de Espanha. A notícia não descreve o conteúdo da mensagem.

Por essa altura havia um bombeiro de Marselha que sempre tinha sonhado um dia encontrar uma garrafa com uma mensagem. E sabia que isso o faria viajar.

Ora acontece que uma tempestade leva a garrafa das costas espanholas até Marselha. E quem é que a vai encontrar, vestido no seu belo fato-macaco azul?

Durante três anos trocaram correspondência. Agora enfim ele apanhou o avião para Los Angeles e conheceram-se pessoalmente. A televisão estava obviamente lá: um handshake e a custo um beijo na face. Afinal estamos nos EUA. Mas nasce também naquele momento um pudor repentino que não existia nas cartas e que se desvanecerá com o tempo.

De volta a Marselha para o seu emprego (a vida tem destas coisas pragmáticas), ele diz que vai voltar e confessa-se muito surpreendido pelos convites que de lá vêm para escrever um livro e daí se fazer um filme. Não fosse ela de Los Angeles.

Jorge Moniz às 13:43 |