(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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terça-feira, agosto 26, 2003




As minhas férias


As férias são um animal mamífero.
(Ooops! Enganei-me na redacção. Vou começar outra vez.)

As minhas férias foram muito boas. Nas minhas férias eu fui a Portugal. Portugal é o meu país.

Quando eu entrei no avião queria ficar longe de internetes e blogues e essas coisas. Queria só ler coisas leves sobre cusquices de televisão e assim. No avião deram-me o Público. Quando abri a revista Xis, apareceu-me logo uma crónica da Laurinda Alves a elogiar o silêncio, que dizem que é uma coisa assim tipo praga que anda aí nos blogues. Fechei a revista e abri o suplemento de verão. E apareceu-me uma coluna semanal dedicada a blogues. Então fechei o jornal e peguei na revista da TAP.

Quando cheguei a Lisboa gostei de ver a passadeira vermelha com os logotipos do Euro2004 que está nas chegadas do aeroporto. Só é pena é os baldes a aparar os pingos de água que caem do tecto. Não estava a chover.

Depois quando ia na 2ª circular a caminho da auto-estrada, passei por uma construção muito grande que acho que é uma casa-de-banho pública, com muitos azulejos de várias cores. Eu não percebo. Eu sei que Lisboa é uma cidade grande e há muita gente que precisa de ir à casa-de-banho. Mas se calhar era melhor porem muitas casas-de-banho mais pequenas espalhadas pela cidade. É que as pessoas podem estar muito apertadinhas e não terem tempo de chegar até ali. Não sei. Eu, por exemplo, bebi muita água e andava sempre aflito.

A viagem de regresso foi um bocado chata porque mudava de avião em Madrid. Por causa disso o meu jantar foi: 2 iogurtes de morango, 2 sandes de fiambre e 2 sandes de queijo. Enquanto esperava em Madrid reparei que o puto que tinha berrado todo o caminho desde Lisboa, chorava em francês. Resultado: mais duas horas de berreiro.

A certa altura a hospedeira disse ao microfone que faltavam alguns minutos para aterrarmos em Londres. As pessoas começaram a olhar umas para as outras, mas eu não me assustei, porque não tinha visto nenhum passageiro com uma fralda na cabeça.

Nas minhas férias eu fiz muitas coisas que nós os portugueses fazemos: comi peixinho grelhado, cozido à portuguesa, feijoada, entrecosto com migas, fui à praia, apanhei um pequeno escaldão, fiz a digestão, nadei, nadei, nadei e até vi um bocadinho de TVI, mas não digam a ninguém.

Nas minhas férias vi também muitas árvores pretas.

Nas minhas férias eu parecia um caixeiro viajante, um comercial, ou um delegado de propaganda médica: sempre de um lado para o outro em visitas ao domicílio. Fiquei um bocado farto de A8: 1000 km para trás e para a frente na mesma auto-estrada cansam mais do que engarrafamentos... Mas vale bem a pena para encontrar as pessoas certas.

As minhas férias foram pequenas.

Jorge Moniz às 10:19 |