(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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quarta-feira, novembro 19, 2003



É mais fácil desfazer do que fazer. Não me lembro se isto é provérbio ou se se costuma dizer com outras palavras, neste caso basta a ideia.
Na altura da queda do muro de Berlim, o pessoal da Stasi entreteve-se, compreensivelmente, a rasgar todos os seus arquivos. Não sei quanto tempo isso lhes terá tomado, mas imagino que um dia deva ter chegado (não estou a vê-los todas as manhãs a ir para o trabalho com a única tarefa de rasgar papel).
Os 600 milhões de pedaços resultantes ficaram arrumadinhos em cerca de 16 000 sacos e, pouco a pouco, 15 pessoas têm-se entretido a reconstituir os documentos, a uma média de 10 por dia. A este ritmo, é trabalho para durar uns bons séculos. Por isso trataram de desenvolver um software que compara as cores, as texturas, as caligrafias dos pedaços de papel previamente digitalizados e consegue unir as peças dos puzzles a um ritmo tal que a tarefa deve estar terminada daqui a 5 anos.

Jorge Moniz às 15:34 |