(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

This page is powered by Blogger.

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com















quinta-feira, novembro 20, 2003




start spreading the news

Jorge Moniz às 16:57 |




Parece que o meu zapping está enferrujado e houve coisas mais interessantes ontem na televisão a propósito do tal jogo e dos tais balneários. Aqui.

Jorge Moniz às 16:55 |




Em rigoroso exclusivo, passamos a transcrever um excerto da gravação de uma escuta telefónica efectuada há mais de um ano:
- Tou? Bin?
- Sim.
- Ó pá, não te queria incomodar, mas era só para te pedir que parasses de matar americanos.
- Isso parace-me um bocado complicado ó W.
- Então se não queres parar, mata-os noutro sítio pá. Temos embaixadas e turistas por todo o mundo...
- Ó W, eu já mandei abaixo umas quantas e é uma chatice. Mete muitas viagens, é preciso comprar guias turísticos de cada país, aprender a língua local, tudo isso custa dinheiro! Isto para não falar nos explosivos que andam com os preços pela hora da morte.
- Mas ouve lá: então e se eu te arranjasse assim uma espécie de zona de caça só para poderes matar alguns infiéis?
- Agora já estás a falar a minha língua...
- Digamos, assim não muito longe de ti, sei lá, por exemplo no Iraque. Mando para lá uns quantos dos nossos imigrantes em busca de nacionalidade americana e assim tu podes brincar às explosões e eu vou-me livrando dos sacanas.
- Olha que dizem que és burro mas afinal...

Jorge Moniz às 12:54 |





plaisir d'être propre

A única marca portuguesa que faz publicidade no Metro de Paris está de volta com a campanha 2003/2004. Depois de Jean-François Jonvelle, Peter Lindbergh e Pedro Cláudio, este ano a Renova escolheu o fotógrafo François Rousseau e o trabalho foi realizado mesmo em Paris. Podem ver as fotos aqui, ou mesmo descarregar o calendário 2004 aqui.
(Isto é mais a pensar nas caras leitoras, já que por alguma estranha razão a maioria das fotos são de homens...)


Jorge Moniz às 10:02 |




Ontem no telejornal as únicas imagens que mostraram do jogo França-Portugal em sub-21 foram as do estado em que ficaram os balneários.
Hoje tratei de ser o primeiro a chegar ao trabalho, tranquei a porta do gabinete por dentro e só saio daqui depois de todos se irem embora.
Trouxe farnel e penico.

Jorge Moniz às 09:04 |



quarta-feira, novembro 19, 2003



Vinha hoje de manhã num túnel do metro, quando ouço o som de alguém a tocar acordeão. Até aqui nada de especial. A música não me é estranha, mas tenho alguma dificuldade em reconhecê-la. Talvez com um ritmo um pouco diferente... e de súbito lembro-me. Daquele velhote que está na Rua Augusta a tocar sempre as mesmas notas num órgão de sopro vermelho (não sei se este é o verdadeiro nome do instrumento, mas se é, é de facto um baptismo infeliz). A diferença estava realmente no ritmo, porque o velhote costuma parar ao fim de todas as 3 a 5 notas para respirar durante uns largos segundos.

Jorge Moniz às 17:10 |




É mais fácil desfazer do que fazer. Não me lembro se isto é provérbio ou se se costuma dizer com outras palavras, neste caso basta a ideia.
Na altura da queda do muro de Berlim, o pessoal da Stasi entreteve-se, compreensivelmente, a rasgar todos os seus arquivos. Não sei quanto tempo isso lhes terá tomado, mas imagino que um dia deva ter chegado (não estou a vê-los todas as manhãs a ir para o trabalho com a única tarefa de rasgar papel).
Os 600 milhões de pedaços resultantes ficaram arrumadinhos em cerca de 16 000 sacos e, pouco a pouco, 15 pessoas têm-se entretido a reconstituir os documentos, a uma média de 10 por dia. A este ritmo, é trabalho para durar uns bons séculos. Por isso trataram de desenvolver um software que compara as cores, as texturas, as caligrafias dos pedaços de papel previamente digitalizados e consegue unir as peças dos puzzles a um ritmo tal que a tarefa deve estar terminada daqui a 5 anos.

Jorge Moniz às 15:34 |




O círculo está-se quase a fechar. Eu que venho de antigos coutos cistercienses, acabo de saber que numa das fábricas da empresa onde trabalho se descobriram vestígios de uma abadia precisamente cisterciense. Isto é de certeza um sinal. Resta saber de quê.

Jorge Moniz às 15:15 |




Mais cedo ou mais tarde isto teria de acontecer. Era inevitável.
Das duas uma:
- ou a mãe do caro blogueiro descobre o seu site e lê aterrada as experiências toxicotrópicas e sexuais do filho que pensava conhecer;
- ou o patrão percebe finalmente que além de blogar 6 horas por dia, ele divulga informação interna da empresa e está, claro, a 5 minutos de ser despedido.

Por isso, antes de fazerem um post, pensem bem nas pessoas que o podem vir a ler.
Be afraid. Be very afraid.

Jorge Moniz às 13:05 |




À atenção das autoridades competentes:

Venho por este modo relembrar uma encomenda efectuada há alguns meses atrás relativa a queda de neve em Paris para este Inverno. Bem sei que falta algum tempo até à época mais propícia (Janeiro e Fevereiro), mas o facto de às portas de Dezembro estarmos com 13 °C não pode deixar de me inquietar. Reafirmo que a questão de o produto em causa provocar o caos no trânsito, além de se apresentar com uma cor acastanhada é para mim irrelevante: quanto ao trânsito estou-me nas tintas; quanto à cor usarei, como toda a gente, películas p/b.

Pede deferimento.

Jorge Moniz às 09:19 |



terça-feira, novembro 18, 2003



Pegue-se num português que sempre tenha tido relações afectivas com portuguesas, espectador assíduo do canal 18 antes da codificação. Imagine-se que um dia esse português se vai envolver com uma mulher de um país hispânico. Questão: como reprimir o riso quando ela falar durante o sexo?

Jorge Moniz às 12:07 |



segunda-feira, novembro 17, 2003



As folhas de todas as cores amarelas, castanhas, verdes, brancas que vão caindo com o vento de Outono têm os seus inconvenientes. Para já, quando se lhes junta a chuva ou o orvalho da manhã, as pessoas têm de ter um certo cuidado para não escorregar nos tapetes que se formaram durante a noite. Mais complicada é a vida dos comboios: as folhas molhadas nos carris fazem com que eles patinem. Por causa disso têm de arrancar e parar mais suavemente, o que provoca atrasos. Excepto nas zonas onde existem umas locomotivas de limpeza com pequenos jactos de água a alta pressão, que nesta altura do ano chegam a fazer 400 km por dia.
De qualquer maneira, em cada rua de Paris, árvore a árvore, já começou a poda. Mesmo sem terem caído todas as folhas. Ao lado, uma máquina tritura os galhos e cospe-os para cima de uma camioneta (questão de compactação, densidade a granel).
Lá para Março ou Abril virão mais folhas, mas nessa altura já cá não estou para ver. Entretanto, como cada francês é um jardineiro amador, não vão faltando flores e outras folhas menos caducas em todos os canteiros e em muitas varandas. Sempre dão a cor que falta aos prédios.

(não gosto nada da maneira como isto está escrito, mas vai mesmo assim que não estou com paciência para revisões)

Jorge Moniz às 09:51 |



sexta-feira, novembro 14, 2003




Aqui está o famoso artigo. Vale a pena ler até ao fim, está muito bem fundamentado. Alguns excertos:

"A war in Iraq could trigger more frustration, bitterness, in the Arab world and beyond, in the Muslim world," Jean-David Levitte, French ambassador to the U.S., warned in remarks on February 7 at the U.S. Institute of Peace in Washington.
(...)
There is only one Western country with an intimate, bloody, and recent experience of what it is like to be an occupying power in an Arab land, facing an Islamic insurgency. That country is France, which granted independence to Algeria in 1963 after failing to subdue an eight-year-long rebellion by cold-blooded assassins who didn't blanch at bombing Algiers nightclubs frequented by French teenagers.
(...)
Yet the Pew team also found that large majorities in most Islamic countries aspired to Western-style democracy. The Muslim world seems to like the product the U.S. is selling -- but not the salesman. They'd prefer to get the product from another store, and they seem to think the U.N. is that store.
(...)
The French got it right in Iraq for three basic reasons. First, the French, by virtue of their own experience, had the best of all prisms with which to view the Iraq showdown: Algeria. Second, the French, because of the improvements they had made in their counter-terrorism efforts, were in a position to make their own independent determination of the threat posed by Al Qaeda and related groups versus the threat posed by Saddam's regime. And third, the French possessed good antennae; they had a clear reading of world, and in particular Muslim, public opinion on whether a U.S.-led intervention would be viewed as legitimate. They were better listeners than the Americans were.

Jorge Moniz às 23:52 |




É verdade.

Por vezes a palavra representa um modo mais
acertado de se calar do que o silêncio


Simone de Beauvoir

Jorge Moniz às 11:06 |



quinta-feira, novembro 13, 2003



Às vezes lêem-se e escrevem-se coisas assim:

As mulheres ondulam as coxas quando andam. É a largura dos ossos da bacia e o bipedismo simultâneo que impõem esse oscilar. Os ossos da bacia têm a medida duma cabeça de bébé. Os nossos bébés têm a cabeça a medir assim porque somos inteligentes. Somos inteligentes porque temos um pedaço de cérebro a mais. Não se sabe como, mas diz-se que cresceu quando começámos a sonhar.
Os homens gostam de ver as mulheres a andar, as ancas a ondular. Ela passa e ele segue-a, quase onda também. E basta! É assim que começa tudo outra vez.

Jorge Moniz às 16:11 |




Há uns tempos falei aqui da política que o governo francês decidiu seguir para diminuir o consumo de tabaco: estabelece-se uma meta e vai-se aumentando o preço até a atingir. Nesta altura o maço já anda nos 4,5 euros e o consumo só baixou 1 %. Em Janeiro virá novo aumento.
Mas entretanto há os efeitos colaterais: quem mora perto das fronteiras com a Espanha, Bélgica, Alemanha, vai abastecer o porta-bagagens ao outro lado. Os comerciantes chegam a ter quebras de volume de negócios de 50 % e até já houve um que se suicidou. Além disso aumenta o contrabando e disparam os assaltos às tabacarias. O governo francês que é pai e mãe para todos já está em acção: vai haver policiamento nas tabacarias e ajuda financeira à instalação de sistemas de segurança.
Entretanto na internet já se vendem paletes de maços muito mais baratos, que vêm de um qualquer "palop" francês.

Jorge Moniz às 16:10 |





Pequena página de moda feminina
(e porque não?)

As estimadas leitoras portuguesas que se interessem pelo que se veste e vai vestir neste Inverno em Paris (e que mais cedo ou mais tarde vai chegar a Portugal) fiquem sabendo que estão de volta os padrões escoceses. Seja em saias, camisolas, cachecóis, etc. Particularmente aplaudido lá em casa foi o regresso do mini-kilt com as meias acima do joelho. A variante não escocesa que consiste na mini-saia clássica com as botas altas também anda por aí e é igualmente bem recebida.

Jorge Moniz às 12:29 |




Nas notícias hoje de manhã na televisão:

"Apesar deste ataque, os portugueses enviaram mesmo assim mais de 100 tropas para o Iraque [imagem de GNR's a entrar num avião], ao contrário do Japão que decidiu fazer marcha atrás, estimando a situação como muito perigosa."

Tal como no século XV, voltamos a ser audazes e aventureiros! Ninguém nos pode parar! Viva!

(E ninguém se espante com os ataques não serem só contra americanos: para os terroristas fanáticos o que há a abater são os infiéis. Um dia destes um jornalista francês escondido no Paquistão conseguiu falar com um líder espiritual a quem perguntou se a França também era um alvo potencial de ataques. O tipo respondeu: "Vocês não são um país muçulmano, pois não?")

Jorge Moniz às 12:27 |




Produtividade em Portugal dispara na manhã desta quinta-feira.
Especialistas afirmam que o fecho temporário para manutenção do website www.blogger.com pode estar por detrás deste facto anormal.

Jorge Moniz às 12:24 |



quarta-feira, novembro 12, 2003



Discutem-se também por cá formas de combater o spam nos e-mails. Estima-se que já represente 50 % do tráfego de correspondência electrónica. Contudo ninguém faz nada quanto ao outro spam, o do correio convencional, que tem uma percentagem muito maior (continuam sem chegar aqui os nossos belos autocolantes amarelos). Um dia destes tive direito a algo que já não via há muitos anos: os sorteios das Selecções do Reader's Digest com todos os pequenos envelopes de resposta paga, cupões, carimbos, raspadinhas e o desdobrável em papel couché onde está fotografada em tamanho real a tal enciclopédia da vida animal ou a colecção de LP's com os maiores êxitos da música ligeira.

Jorge Moniz às 16:39 |




Já não há pachorra para a mania do "consuma com moderação". Ainda não percebi se é obrigação de lei cada vez que num meio de comunicação social se pronuncie o nome de uma bebida com álcool acrescentar logo de seguida, "a consumir com moderação", mas que o fazem sempre, fazem. Assim do género: atchim => santinho. Até na Rádio Alfa a fazerem publicidade às várias festas de S. Martinho nos arredores de Paris: "há música ao vivo, castanhas assadas e água-pé, a consumir com moderação".

A propósito: um sociólogo que me explique a fixação dos imigrantes com a sua terra de origem. Cada vez que se encontram aqui dois portugueses que não se conhecem, em menos de um minuto, antes de saberem os nomes respectivos, aí está a pergunta infalível: "de onde é?"
Um destes dias vi na CGD o anúncio ao Anuário dos portugueses em França. Ora aquilo está organizado por regiões portuguesas! Minho, Trás-os-Montes, Beira Alta,... Dentro de cada capítulo vem então a morada francesa das pessoas. Com esta estrutura, acho que o único tipo de consulta que aquilo tem deve ser "deixa cá ber quantos tipos lá de Alguidares-de-Cima há em França, caral..."

Jorge Moniz às 16:26 |




A GNR ia para uma cidade calma, segundo o nosso PM.

A mesma cidade onde há uns meses a grande heroína Jessica foi ferida, continuou a lutar, depois foi presa, violada, etc.
Ou então não.

Jorge Moniz às 12:33 |




O miúdo de 12 anos volta à escola. Esteve afastado durante uns meses para tratamento de um cancro. De modo a ultrapassar alguma dificuldade na reintegração, há reuniões dos pais com os professores, encontros com uma psicóloga e prepara-se uma festa a homenageá-lo. Um dia destes ele sai da escola com um colega, provavelmente vão a falar destas coisas quando chegam à passadeira. Um carro pára para deixá-los passar. O outro carro que na faixa ao lado não parou, eles só o viram de 8 metros de altura.

Jorge Moniz às 09:16 |











- É o mar - disse-me.
Desiludido, perguntei-lhe o que havia na outra margem e ele respondeu-me sem hesitar:
- Do outro lado não há margem.










Que eu saiba, nunca o Gabriel ou o seu avô apanharam um cacilheiro.

Jorge Moniz às 08:56 |




A fazer zapping ao almoço de domingo, páro de repente no Júlio Isidro cá do sítio. Que é isto?
A Cristina Branco vestida de homem a cantar um fado em francês.
Hã?

Jorge Moniz às 08:55 |



sexta-feira, novembro 07, 2003




Basta, como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo.

Rilke

Jorge Moniz às 16:54 |




Eu, ingénuo, pensava que o comboio era um meio de transporte ecológico e que utilizar o TGV em particular podia diminuir a poluição causada pelos automóveis e pelos aviões. Por isso estranhei ver este título no Público:

TGV pode aumentar emissões poluentes, alerta Quercus.

Ao ler a notícia aprendi por exemplo que:

"ao ser introduzida uma nova forma de mobilidade há pessoas mais motivadas a fazer mais deslocações".

Se bem percebo, pelo facto de haver um TGV eu vou fazer mais viagens de avião. Claro.

"As pessoas poderão também ter tendência a usar mais o carro para se deslocarem até ao comboio, segundo o documento."

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Melhor ficar sempre em casa e tentar apenas inspirar: expirar liberta dióxido de carbono.

Jorge Moniz às 12:26 |




A primeira vez que me sentei a um piano não tinha braços para chegar aos extremos do teclado (e muito menos pernas para chegar aos pedais). O problema era que não me interessava tocar de ouvido uma melodia qualquer à volta do Dó central como os meninos dotados e muito menos esborrachar acordes de cinco notas seguidas como os outros meninos. Por alguma estranha razão, a única coisa que me apetecia fazer era tocar na nota mais grave e na nota mais aguda. Acho que isso já era um sinal da minha necessidade de saber sempre os limites daquilo onde me movo. De qualquer maneira, nesse dia consegui chegar àquelas duas teclas porque estava sentado num banco corrido, no qual deslizei de uma ponta à outra.
Alguns anos mais tarde, já com os braços maiores, comecei a aprender a sério num outro piano (aí não tinha era palmo para as oitavas). A tendência continuava lá porque não me cansava de correr o teclado todo com as escalas do Hanon. O que não quer dizer que fosse um estudante aplicado, longe disso: tinha muito pouca paciência para a mão esquerda tal como escrita na pauta e assim que a minha tia ia tratar dos cães e dos gatos eu inventava acompanhamentos mais simples para a Marcha Turca ou o Für Elise. Só nunca me atrevi a modificar a Rêverie de Schumann - não era preciso e daria cabo da música.
No entanto sempre lamentei não ter estudado no primeiro piano. Porque era de cauda e era preto. Claro que o som não se comparava ao do piano vertical e castanho, mas na altura eu não sabia distinguir. A questão era puramente estética e de poder: dominar os dois metros de um piano de cauda (preto), onde nem se podem meter bibelots e naperons em cima.

Jorge Moniz às 09:56 |



quinta-feira, novembro 06, 2003



Há uma época na vida de um homem, algures no fim da juventude, início da idade adulta, em que o segundo lugar (ou primeiro) para o qual olha numa mulher deixa de ser o peito e passa um pouco mais para baixo:
os dedos anelares.
Mas rapidamente se dá conta que isso não tem importância nenhuma, o que tiver de acontecer acontecerá e esse homem volta aos pontos de referência habituais.

Jorge Moniz às 16:36 |




Perguntas que me atormentam:

Como é que a apresentadora do telejornal da TVE terá dado a notícia do casamento do príncipe, tendo em conta que ela é a noiva?

Jorge Moniz às 09:04 |



quarta-feira, novembro 05, 2003



Se a tradição de baptizar as pessoas com o nome do santo do dia do nascimento tivesse sido cumprida, Gabriel chamar-se-ia antes Olegario.







Felizmente naquele dia não havia o livrinho dos santos ali à mão. Não sei quantos leitores a menos teria, ou mesmo se receberia algum prémio Nobel, um escritor chamado Olegario García Márquez. O mundo esteve a esta distância de ser diferente.

(Já agora: por que é que nos árbitros de futebol os nomes improváveis andam juntos com os apelidos improváveis? Olegário Benquerença, Alder Dante...)

Jorge Moniz às 09:48 |




Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança.

Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem, por força da vontade,
de trabalhar nunca se cansa.

Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acendo cedo,
vou por Lisboa, maré nua
que desagua no Rossio.

Eu sou o homem da cidade
que manhã cedo acorda e canta,
e, por amar a liberdade,
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresce na vela da canoa.

Sou a gaivota que derrota
tudo o mau tempo no mar alto.
Eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.

E quando agarro a madrugada,
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,

o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem.

Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem.


Ary dos Santos


(para expiar a culpa de ter tirado daqui o Tejo...)

Jorge Moniz às 06:48 |



terça-feira, novembro 04, 2003



A propósito deste post, penso:

Quando se pergunta "onde é que eu errei?", está-se na realidade a perguntar "o que é que eu ainda posso fazer para emendar?".

Jorge Moniz às 16:37 |



segunda-feira, novembro 03, 2003



Ando a descobrir nas primeiras das 600 páginas de memórias do Gabriel García Márquez que a história do Florentino Ariza e da Fermina Daza é muito inspirada na dos pais dele. Mais nos detalhes do enamoramento do que no destino das personagens, claro, que isso de esperar alguém durante 51 anos 9 meses e 4 dias só é bonito nos livros.

Jorge Moniz às 15:53 |




Perguntas que me atormentam:
O que raio é um corisco? Por que é que só existe ao lado do raio? Os raios partem os coriscos?

Vejamos:
corisco s.m., faísca eléctrica; centelha que fende as nuvens, sem ser acompanhada por trovões.

... mas... não é a mesma coisa?

Jorge Moniz às 14:56 |




Já apanhei grandes secas à espera de alguém em casa, à porta do restaurante ou do cinema, para uma reunião, para outro tipo de encontros. E continuo a chegar a horas porque não sou adepto do "olho por olho", mas antes de ensinar pelo exemplo. Por isso assinei esta petição.

Jorge Moniz às 13:11 |



domingo, novembro 02, 2003



Eu já sabia bem que, se há casos em que se vai à florista escolher umas flores para oferecer, outros há em que se telefona para as mandar entregar numa dada morada. Há até multinacionais que permitem fazer a surpresa noutro país.
O que eu não sabia é que a mesma alternativa existe em França para a decoração de sepulturas: se uma pessoa não pode/quer ir ao cemitério, telefona para uma florista que vai lá andar pelos corredores à procura do local certo onde deixar as flores.
(Nota: este é o mesmo país em que houve centenas de mortos devido ao calor que ficaram semanas nas morgues sem serem reclamados, muitos porque as famílias estavam na praia.)

Jorge Moniz às 03:48 |



sábado, novembro 01, 2003



Na Visão lê-se:

A suspeita há muito que existia mas um relatório hoje divulgado nos Estados Unidos não deixa margem para dúvidas: a Casa Branca beneficiou mais de 70 empresas americanas que ganharam contratos no Iraque e no Afeganistão, no valor de 8 mil milhões de dólares. Pormenor adicional: essas empresas contribuíram decisivamente para a eleição de George Bush, pois todas elas financiaram a campanha do actual Presidente. A acusação pertence ao Center For Public Integrity, uma organização não governamental com sede em Washington, ficando ainda a saber-se que os 10 contratos mais importantes - entenda-se os que envolviam mais dinheiro - foram parar às firmas que empregaram indivíduos hoje com responsabilidades na administração Bush.
Exemplos não faltam e o mais elucidativo envolve a Halliburton e o seu antigo director geral, Dick Cheney, hoje vice-Presidente dos EUA. Uma filial desta empresa, a KBR, tem a seu cargo empreitadas em território iraquiano que envolvem mais de 2,3 mil milhões de dólares.

Para conhecer melhor os resultados desta investigação - incluindo nomes, quantias e contratos - consulte www.publicintegrity.org. Para conhecer as principais visadas neste estudo consulte www.halliburton.com. Ou www.bechtel.com


E no Pano do pó faz-se a análise política:

E por cá chateamo-nos com cunhazitas para meter filhas de ministros na universidade.
Cambada de amadores...


Por estas e por outras é que eu continuo a defender o financiamento exclusivamente público dos partidos políticos. E se uma parte pode depender dos resultados eleitorais obtidos, outra deve ser igual para todos. Senão é a pescadinha de rabo na boca (ou, em francês, le serpent qui se mord la queue!): para ter votos é preciso dinheiro e para ter dinheiro são precisos votos.

Jorge Moniz às 22:04 |