(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



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o passado

 
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quarta-feira, fevereiro 25, 2004


Cabarets de Paris: Au Lapin Agile

Cabaret é uma palavra francesa que significava originalmente taverna ou estalagem. Durante o século XIX, tornaram-se populares em vários países da Europa locais onde havia comida, bebida e entretenimento. Nasciam os cabarets artistiques, em que jovens artistas mostravam o seu trabalho a pessoas sentadas à mesa e não numa plateia. Podia-se assistir a música, poesia, humor, dança, etc. Nalguns casos até hoje.
É o caso deste cabaret situado na encosta norte de Montmartre, onde se cruzavam escritores, poetas, músicos, actores, pintores, escultores, na altura desconhecidos, mas que depois se vieram a chamar Picasso, Utrillo, Braque, Modigliani, Guillaume Apollinaire, Max Jacob, Roland Dorgelès, Caran d’Ache, etc. Frédé tocava guitarra e violoncelo e cada um cantava, tocava ou recitava obras de sua autoria ou canções populares.
No início chamava-se Cabaret des Assassins, até que um dia o caricaturista André Gill pintou na fachada um letreiro com um coelho saltando dum tacho, "Le lapin à Gill", que foi subvertido em "Lapin Agile".
Hoje em dia o público é maioritariamente constituído por turistas, que assistem e participam num espectáculo de "canção, humor e poesia".
A história mais extraordinária que ali aconteceu tem por protagonista alguém chamado Boronali. Este pintor fictício apresentou no Salão dos Independentes uma tela abstracta chamada "Pôr-de-Sol no Adriático", obtendo sucesso junto dos críticos de arte. Até que se veio a saber que tinha sido feita em frente do Lapin Agile, pelo burro de Frédé, a cujo rabo eles tinham atado um pincel.




Jorge Moniz às 11:58 |