(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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quinta-feira, fevereiro 12, 2004


Gugu dada
Normalmente a primeira palavra que os bebés dizem é composta por duas sílabas iguais. Os pais, partes interessadas na educação do rebento, vão-lhe repetindo os sons que ele deve aprender, até um dia sair então o "papá", ou o "mamã", depois o "vovô" e a "vovó", mais a "titi" e por aí fora.
A minha história é um pouco diferente. Os meus pais já estavam a ficar preocupados com a demora em vir a primeira palavra, não sabendo que só depois de dominar bem a teoria é que eu passo à prática. (Foi o que aconteceu também para começar a andar: num belo dia estava sozinho no corredor e corri-o de uma ponta à outra sem ajudas.)
Pois está a minha mãe a encher-me um copo com água do garrafão, enquanto eu estou sentado numa daquelas cadeiras altas com tampo à frente. Depois da operação concluída, ela quer fechar o garrafão e olha à volta pensando "mas onde é que eu meti a..."
- Tampa! - gritou o bebé de braço esticado com o objecto na mão.

Jorge Moniz às 14:27 |