(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
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domingo, fevereiro 01, 2004


La douceur
Ontem durante toda a tarde fui um homem fechado num quarto a escrever, nunca sequer olhei para a janela. Por isso, quando de noite saí à rua, estranhei a chegada de um vento forte e ameno.
E estranhei passar por uma loja com luzes de Natal a piscar. Pensei que já era tarde para os donos ainda não terem vindo de férias.
E estranhei descobrir grandes écrãs a transmitirem a TV5 na estação de metro Europe. Não passo lá todos os dias, mas ultimamente tem acontecido e pelos vistos nunca tinha olhado para o cais.
E estranhei estar a ouvir o CD da Aimee Mann e minutos depois vê-la a cantar numa qualquer série juvenil na televisão.
E estranhei ver o dono do bar aqui da esquina dizer a três polícias: "Ele não deve estar longe."

Hoje está um belo dia de sol morno. Na língua local diz-se la douceur.

Vou abrir as portadas e as janelas e pôr-me a andar.

Jorge Moniz às 10:53 |