(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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domingo, abril 04, 2004


O Sr. Malik perguntou por ti

Lembras-te dele com certeza. O da frutaria em frente, aquela que está aberta às horas mais improváveis. Seja dia, noite, domingos, feriados. Quando nos faltava alguma coisa era só chegar à janela e ver se o Sr. Malik lá estava. Normalmente está. E até mesmo à vista. Só enquanto atende alguém ou tem alguma coisa a fazer é que vai lá para dentro. De resto passa o tempo todo ali encostado aos caixotes com a bata verde a ver quem passa. Vai dizendo bom dia aos vizinhos e aos clientes, que são os mesmos. A única diferença é que quando está mais frio veste um blusão por cima da bata.
Eu ainda não tinha lá voltado – tu comes comias muito mais fruta do que eu. Mas hoje apeteceu-me ir lá buscar uns morangos. Recebi o troco e vim-me embora sem lhe responder.
São doces como os de antigamente, aqueles que eu apanhava da terra, lavava na água do poço e trincava logo a seguir... Por acaso não sabes como é que se tiram as nódoas?

foto: R. O.

Jorge Moniz às 11:50 |