(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



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o passado

 
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quarta-feira, janeiro 05, 2005


Donativos e afins

Não é fácil escolher a melhor forma de contribuir. Em dinheiro ou em géneros? E para que ONG?

Quanto à primeira questão já se viu que os donativos monetários são muito melhores: há a questão da logística do transporte, os seus custos e os do desalfandegamento e o tempo envolvido em todo este processo. Aquela ideia da Lousã foi muito bem intencionada, mas ainda não arranjaram avião e quem o pague. Falando simples, é mais fácil comprar as coisas por lá.

Quanto às ONG's, têm-me chegado aos ouvidos comentários de irregularidades e desonestidades no funcionamento de algumas delas. Não vou aqui explicitar quais, porque se em qualquer grupo de pessoas é possível aparecer uma ou outra menos honesta, também é conhecida aquela tendência de alguns para pôr defeitos no mérito dos outros só porque "não são nada a mais do que eu". Por isso não excluo ninguém com base nestes boatos com maior ou menor veracidade.

Há então que saber o que cada organismo lá vai fazer.

A AMI é uma organização portuguesa que já gastou cerca de 200 000 euros no arranque da sua missão de 8 pessoas no Sri Lanka, mas precisa de mais para ficar por lá cerca de 6 meses. Até ao dia 3 já tinham recebido 478 000 euros nas suas contas de emergência.

A Cáritas Portuguesa recolheu até esta segunda-feira 800 000 euros, dos quais 25 000 foram gastos com 7 000 toneladas de medicamentos enviados para o Sri Lanka, 15 000 para participar nos custos do avião e 100 000 entregues à Caritas Internationalis (no seu site não está indicado o que pensam fazer com os 660 000 euros restantes).

A Cruz Vermelha pretende angariar por todo o mundo cerca de 5 milhões de euros para ajudar 500 000 pessoas durante 6 meses.

Os Médicos do Mundo têm 34 profissionais de Portugal, Espanha, França, Grécia e Chipre no Sri Lanka e na Indonésia (no seu site não indicam os valores recebidos e utilizados até à data).

A UNICEF fez um apelo inicial de 81 milhões de dólares para apoiar as crianças afectadas, que se estimam em milhão e meio.

Penso que haja depois outras contas de bancos, órgãos de comunicação social, etc. que vão desembocar numa ou mais das ONG's indicadas em cima. O mesmo acontece com a iniciativa da TMN que já conseguiu 113 000 euros para a AMI, Cruz Vermelha e Médicos do Mundo.

Há depois a história curiosa dos Médicos sem Fronteiras que recusam mais dinheiro, uma vez que já receberam 40 milhões de euros de donativos, o que é mais do que suficiente para o seu programa de cuidados estritamente médicos no Sri Lanka e na Indonésia.

E também a do Michael Schumacher que sozinho doou 7,5 milhões de euros.

Voltando a Portugal, temos ainda várias empresas que fizeram doações monetárias e em géneros, facto que eu estranhei, até me lembrar que estávamos nos últimos dias do ano. Não pondo em causa a vontade de ajudar, para uma empresa não podia ter calhado em melhor altura para se libertarem do IRC sobre alguns dos lucros.

Contudo, no global, é preciso não esquecer que a maior parte da ajuda vem dos próprios Governos dos países.
O Japão já deu 500 milhões de dólares, a União Europeia 436 e os Estados Unidos 350 (depois dos caricatos 15 milhões iniciais).
Juntando tudo já vamos nos 3 mil milhões de dólares.

Ora pensando neste facto de a maior parte do dinheiro sair do bolso dos Governos, ocorreu-me uma forma de ajuda mais honesta, se bem que menos imediata, que muita gente poderia experimentar: que tal se todos os advogados, médicos, engenheiros, outros profissionais liberais e empresas passassem todos os recibos, aplicassem todos os lucros que não queiram reinvestir na forma de dividendos em vez de comprarem bens de uso particular e pagassem todos os impostos devidos?

Jorge Moniz às 00:42 |