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terça-feira, fevereiro 22, 2005
Ainda as eleições
Parece-me que anda aí muita confusão no que toca a esquerdas e direitas, com gente a dizer que parece que estamos em 1975 e a queixarem-se do peso do BE, um partido supostamente trotskista.
O que se esquecem é que todos os partidos se têm deslocado desde 1975 (ver figura). Lembremos que na altura o CDS se proclamava de centro (porque por razões óbvias ninguém podia dizer que era de direita) e o PSD falava em políticas muito mais "esquerdistas". E o que é certo é que Freitas do Amaral se deslocou menos para a esquerda do que o CDS para a direita, pelo menos em termos declarados (outra coisa é a ideologia dos membros dos partidos). Acusar o BE de ser trotskista devido às origens ideológicas dos partidos de que é composto, é como acusar o PS de hoje ser literalmente socialista. E quanto a o país ter virado à esquerda, convém notar que na maioria dos assuntos o PS e o PSD defendem a mesma coisa. Têm mais em comum do que em separado. E a maioria das pessoas moderadas pode sempre votar num ou noutro, se excluirmos o factor clubismo.
Já agora é interessante a correlação feita num estudo divulgado no Expresso deste Sábado sobre a relação entre o aumento do desemprego e a votação no partido que estiver na oposição. Até sei de famílias inteiras que votaram PS porque um dos seus membros perdeu o emprego por causa das restrições da Manuela Ferreira Leite. Não se deve menosprezar o raciocínio de um desempregado.
Jorge Moniz às 12:14 |
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