(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



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as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



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as palavras

 
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quinta-feira, fevereiro 03, 2005


John Hurt dá hoje uma key note na Univ. Coimbra
Para contextualizar, deixo aqui parte da entrevista que deu ao Público em Setembro passado:

"A Indústria de Portugal Precisa de Mão-de-obra Qualificada
Quinta-feira, 23 de Setembro de 2004, jornal Público

Do que falamos quando falamos em inovação? Em qualificação e cooperação, diz John Hurt, especialista em inovação e cooperação da National Science Foundation dos Estados Unidos. Depois de ter redigido um relatório, a pedido do Governo português, sobre as potencialidades e fraquezas da indústria portuguesa em termos de inovação, Hurt realça agora que temos de incentivar mais a colocação de engenheiros e doutores da indústria. Por Ana Machado

John Hurt realça, entre os mais fortes trunfos da indústria portuguesa os moldes e a investigação na área dos polímeros. "Mas sabe quantos doutorados encontrei na última visita que fiz? Apenas um", confessa. Hurt, director do programa de cooperação e inovação da National Science Foundation - a entidade que gere o financiamento público da investigação nos Estados Unidos - não poupa elogios ao nível da investigação feita em universidades portuguesas como a Universidade do Minho e o Instituto Superior Técnico. Mas há coisas que aconselha a mudar, como o facto de Portugal ter de deixar apenas de produzir componentes e ter de pensar em termos de todo o sistema.

(...)

E quais foram as conclusões a que chegou e que sugestões avançou?

Concluí que a indústria de polímeros, de moldes e plásticos, era perfeita e fiquei muito bem impressionado com o trabalho desenvolvido nesta área na Universidade do Minho. Tanto que quando fui para casa incentivei a cooperação entre esta universidade e empresas e universidades norte-americanas na área dos polímeros. Em Outubro, terá lugar nos EUA um encontro em que participa a Universidade do Minho. Mas sabe quantos doutorados encontrei na última visita que fiz [à indústria de moldes]? Apenas um. Sugeri que a indústria de Portugal precisa de mão-de-obra qualificada. O número de cientistas na indústria tem de aumentar. Tem de se investir mais na investigação. Tem de se investir na mão-de-obra qualificada. E a mentalidade tem de mudar, no sentido de se começar a pensar em termos de sistema e não apenas da produção de componentes. Portugal pode produzir todos os componentes de uma bicicleta mas não faz bicicletas. Há uma questão cultural a vencer: se somos os melhores do mundo a fazer componentes não precisamos de nos preocupar. Mas à beira de uma União Europeia alargada é necessário mudar isso. Há riscos envolvidos quando agimos com o sistema como um objectivo que não há quando produzimos só componentes. Mas o risco é algo que temos de enfrentar. Portugal pode dominar a indústria dos plásticos na Europa, mas tem de inovar. Há também a necessidade de fomentar mais a relação entre a indústria e as universidades. Começámos isso nos EUA em 1974 e reforçamos a ideia de novo em 1985. A indústria hoje cobre dois terços das necessidades financeiras da investigação. O Estado financia apenas um terço. Isto faz muita diferença.
(...)
Portugal sempre foi um país de imigração. Mas agora o Governo quer saber como fazer regressar os investigadores que partiram.

Não se pode obrigá-los a ficar, mas pode tentar-se que regressem. Isso é excelente. Tem de se fixar a mão-de-obra portuguesa. Percebem a língua, a cultura, já não precisam de se adaptar. E pode apelar-se ao orgulho nacional. Conheci alunos portugueses brilhantes, entusiastas, que querem mudar o rumo das coisas no seu país.

Como se pode evitar a fuga de cérebros, que ocorre?

Essa expressão faz-me confusão. Tento evitá-la. Parece que vão desaparecer todos os cérebros que educamos. As pessoas vão para onde têm oportunidades. Temos de aumentar as oportunidades que lhes oferecemos. Senão formamos as pessoas e depois vão-se embora. Investimos nelas e não temos retorno. Se gerarmos oportunidades, elas voltam.

Os EUA e a Europa lutam para ver quem consegue dar mais oportunidades e fixar mais investigadores. Vê esta realidade como uma competição, como uma corrida?

É essencial para a América a competição. Não o vemos como uma corrida. Estamos numa nova era tecnológica e a concorrência é saudável. É o que torna as duas partes muito melhores.

E a Ásia?

É uma competição à escala global, claro. Mas estávamos só a falar da Europa. O Japão era, nos anos 80, uma ameaça, mas a sua economia tem vindo a desacelerar. A Coreia do Sul e a Indonésia, esses estão a crescer loucamente. Mas esta competição, embora cada vez mais forte, é algo muito saudável. É necessária. Não é uma ameaça. A inovação exige competição para que sejamos sempre melhores."

Jorge Moniz às 11:26 |