quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Muitos anos depois ainda acontecia vir aquele cheiro assaltar-lhe a memória. Era ao mexer num livro, num cd, numa camisola que já não se lembrava de onde tinham vindo. Mas o cheiro sim, desse lembrava-se. Em dias de chuva chegou a pensar que podia farejar todos os objectos da casa e deitar fora os que tivessem aquele cheiro. Logo depois desistia, desculpando-se com a suposta infantilidade do acto. Às vezes, nas noites mais frias, dava por si a ir buscar aquela camisola, a verde escura cheia de borboto, e não a vestia, não, mas abraçava-a e sentia-lhe o cheiro enquanto adormecia muitos anos antes.
Jorge Moniz às 18:09 |
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