(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



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segunda-feira, janeiro 15, 2007


Há quase dois anos que não escrevia aqui.
Muita coisa mudou entretanto. Mudei eu, mudaram as minhas circunstâncias, mudou o país à volta, até o mundo. Ou então não, está tudo igual. Qual é a importância dos pequenos eventos no curso global da história? Os historiadores fatalistas dizem que é nenhuma, os pirronistas dizem que é total.
Houve evoluções geográficas, profissionais, pessoais. E hoje, 15 de Janeiro, é dos dias mais importantes que já vivi.

Durante quase dois anos não escrevi aqui. Durante os dois anos anteriores fi-lo quase diariamente.
Quem esteve desde o início sabe que este espaço foi criado quando fui trabalhar para Paris. A ideia era manter o contacto com os amigos de uma forma diferente, cada um publicando pequenas notícias e acontecimentos do dia-a-dia. Os blogs estavam ainda a aparecer, a explosão viria alguns meses depois. Quando leio agora esses textos não deixo de sorrir com a ingenuidade das palavras.
Com o tempo, acabei por ficar só eu a escrever e a não escrever só crónicas de emigrante. Nunca consegui manter uma linha editorial restrita. Houve política, humor, desabafos, escrita criativa. E conheci pessoas por causa dessas palavras. Alguns portugueses em Paris, outros portugueses em Portugal. Criei laços que felizmente ainda mantenho.
Continuo a ler alguns blogs que lia nesse tempo. Sim, tenho continuado por aqui. Vou vendo como essa tal coisa da blogosfera foi evoluindo, nos vários registos. Há para todos os gostos, todos os temas, todas as cores. Ainda há dias me surpreendi quando num telejornal falavam de adolescentes que fazem nos seus blogs o culto da anorexia.
Já não é novidade. Já se sabe que há blogs de análise política e social que são referências, já se detectam os blogs de engate à distância e não se censura - é apenas mais um meio em que duas pessoas se podem conhecer. Já não se fazem aqueles debates e jantares sobre a novidade da coisa que se faziam no início.

(estes links que tenho aqui ao lado, a maior parte deles já nem deve existir. não sei se os vou alterar, o trabalho que me deu alinhá-los em frases)

Agora que sacudi o pó, abri as páginas e empunho a caneta, o que vou escrever por cá? Que tipo de coisas, dois anos depois, dois anos mais velho? Não sei. Vou rodando a caneta entre os dedos.

Jorge Moniz às 21:44 |