(mordidas mansas)














(por vezes bravas)



morder
 
os legumes
e o cacau,
à beira-mar,
em dias
e dias
de enganos;
afundando
ao vento
cogumelos
duns e doutros;
sem nada
de nada
ao colo
e recortando
fotos
de cães.

sacudindo
dias
de conversas
no camarote.

comendo
causas,
políticas
e erros
de um lado
e do outro;
fixando
de repente
o que tem
a praia:
letras
e girafas.



morder
o mundo

 
todos os minutos
todas as horas
todas as semanas
em francês
e em inglês



morder
os sons

 
em 5 minutos
debaixo de água
conhecendo
lendo
sentindo
e comprando



morder
as imagens

 
pessoais
amadoras
profissionais
em movimento
brevemente
aqui



morder
as palavras

 
sentidas
no escuro
em busca
de tempo



morder
o passado

 
<< hoje



e-mail

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sábado, março 27, 2004


3, 2, 1,...



Pois... estava ali a vasculhar mas agora é que o congelador ficou mesmo vazio. Aqui em baixo está praí a última dúzia dos meus pré-cozinhados pseudo-profundos preparados e congelados em Paris, mais conhecidos por posts (daí o disparate de publicar uma foto de praia quando está um briol que não se aguenta).

E como a inspiração por cá tem sido nula (só dá mesmo para comentários noticiosos e afins) e quase só eu e duas amigas é que temos parado por aqui (meninas: abusemos do e-mail e do telefone!):

...0



Jorge Moniz às 18:42 |



Quando esta tarde me procurares é aqui que estarei



E quando seguires os meus passos talvez no fim não me encontres.

Jorge Moniz às 09:05 |



sexta-feira, março 26, 2004



Guardar tudo consigo e manter com o "ex" uma relação forte podem ser comportamentos equivalentes àquele que se tem com um objecto que transmite segurança. Seja um urso de peluche, uma fralda ou uma fotografia. (...) O único risco que estas pessoas correm é o de não criarem um espaço interior para cultivar outras relações amorosas, e de não voltarem a entregar-se ou a sentirem-se realizadas do ponto de vista afectivo. Conservar o "ex" muito próximo pode impedir de fazer o "luto" da relação, e não deixar margem para um novo amor ou para recuperar a autonomia emocional. Daí os avisos dos especialistas: é preciso conhecer a dor da separação e viver essa experiência, por mais dolorosa que seja. Uma ferida que não cicatriza é sempre uma ferida que dói.

Laurinda Alves

Jorge Moniz às 21:07 |



Só uma pergunta
Ele sabe?

Jorge Moniz às 08:37 |



quinta-feira, março 25, 2004


00:00,001


Foi muito rápido. Primeiro tive a sensação de te ter visto. Na fracção de segundo seguinte percebi que desta vez não estava a transformar a cara de alguém na tua. Voltei a olhar. Um pequeno rabo-de-cavalo apanhava-te o curto cabelo, que dançou quando também viraste a cabeça. Levaste os dedos aos lábios, beijaste-os e estendeste o braço na minha direcção com a palma da mão aberta. Ao mesmo tempo esboçaste um ligeiro sorriso, apenas com os lábios, que os olhos continuaram tristes e interrogativos. Nenhum de nós abrandou o passo enquanto nos cruzávamos. Na pressa do momento apenas tive tempo também de levantar o braço e acenar - sem beijo lançado. Penso ter sorrido com mais convicção, mas não sei (é que raramente mostramos toda a vontade causadora de um gesto). No instante seguinte já olhávamos de novo na direcção do caminho de cada um. A mesma direcção, os sentidos opostos. Foi muito rápido. Muito mais rápido do que as sucessivas câmaras lentas que se seguiram. Ao meu lado alguém perguntou: "Quem era?"

Jorge Moniz às 21:44 |






  Un malhonnête stratagème
  Ces trois mots là n'affirment pas
  Il y a une question dans "je t'aime"
  Qui demande "et m'aimes-tu, toi?"


  J. J. Goldman

  E responder com as mesmas palavras é pouco.
  Porque é isso mesmo: uma resposta.


Jorge Moniz às 21:43 |



Les Triplettes de Belleville
Já várias vezes aqui falei deste filme, mas agora que estreia em Portugal (pelo menos no King sei que está), relembro: quem puder não perca.
(e se depois alguém quiser a banda sonora é só dizer!)

Jorge Moniz às 21:43 |



quarta-feira, março 24, 2004


Relendo Gabo

- Responde-lhe que sim, mesmo que estejas morta de medo, mesmo que te venhas a arrepender, porque, de qualquer maneira, vais-te arrepender durante toda a vida se lhe responderes que não.

Jorge Moniz às 21:06 |






É
ao despir-me do destino
que desculpo o desencontro
e descubro o deserto
onde descanso num desenho.


desço por um desvio
que descrevo num desmaio
e desato o desencanto
onde despejo o teu desprezo.

Então
desuno
desamo
desarmo
desabraço-te
desbeijo-te
desejo-te

Jorge Moniz às 21:05 |



terça-feira, março 23, 2004







  Five minutes of love
  Five minutes of hate
  Five minutes I try to call your name
  Five minutes of passion
  Five minutes of everything


  Nuno Gonçalves


Jorge Moniz às 22:17 |







  Queria fazer-te entender
  as palavras pesam como os sentimentos
  e é tão difícil ouvir sem sentir
  é no silêncio, que eu descubro os teus mistérios
  os olhos dizem o que vai no coração
  é tão difícil ouvir sem sentir


  Sónia Tavares


Jorge Moniz às 22:13 |



Já é logo à noite
E os The Gift já mostraram quatro músicas novas. Duas são mais pop, assim um bocadinho a dar para o género Depeche Mode (Driving you slow e An answer). A primeira delas é capaz de vir a ser single, tem refrão para isso; a segunda é mais na linha do primeiro álbum.
A música com que abriram é fortíssima (a Sónia não disse como se chamava) e a final (idem) foi então acompanhada pela Banda de Alcobaça, que celebra agora o seu 84º aniversário. Despachem-se lá a gravar o álbum e se precisarem de ajuda eu dou aí um pulinho a casa.

Jorge Moniz às 22:12 |




Logo à noite, na festa do 10º aniversário desta rádio, estes moços só vão tocar músicas inéditas. E a última delas acompanhados por esta banda. Não é para todos.

Jorge Moniz às 10:23 |



segunda-feira, março 22, 2004


Re-post dois meses e meio depois, porque o pretexto é outro

Às vezes penso que só tenho certezas naquilo em que não devia ter,



mas posso estar muito bem enganado.

Jorge Moniz às 21:16 |






Eu quero
Marcar um z dentro do teu decote
Ser o teu zorro de espada e capote
Para te salvar à beirinha do fim.
Depois
Num volte face vestir os calções
Acreditar de novo nos papões
E adormecer contigo ao pé de mim.

Eu quero
Ser para ti a camisola 10
Ter o Benfica todo nos meus pés
Marcar um ponto na tua atenção.
Se assim
Faltar a festa na tua bancada
Eu faço a minha última jogada
E marco um golo com a minha mão.

Eu quero
Passar contigo de braço dado
E a rua toda de olho arregalado
A perguntar "como é que conseguiu?"
Eu puxo
Da humildade da minha pessoa
Digo da forma que menos magoa
"Foi fácil... ela é que pediu."


João Monge

Jorge Moniz às 21:10 |



domingo, março 21, 2004


Ainda cheiro a tiossulfato
E também me cheira que a minha única leitora já está farta de neve. Mas tem lá paciência que vou recordar aqui uma certa manhã de Janeiro em Montmartre.






Jorge Moniz às 22:01 |



CÂNDIDA PINTO
Com todas as maiúsculas. Notável e comovente a reportagem que acabo de ver sobre o tráfico de menores e de órgãos em Moçambique. Onde houve brancos e negros, estrangeiros e moçambicanos, adultos e crianças (o Luís Figo é um jogador brasileiro!), religiosos e polícia de investigação, comboios que apitam quando atropelam alguém e "atropelados" a quem o comboio leva a roupa e algumas entranhas.
Tudo aquilo fez-me lembrar "O último voo do flamingo", nas situações e nas personagens:
- Cortaram essa coisa do homem, ou vice-versa?

Jorge Moniz às 22:00 |



17 %
Foi o resultado da Frente Nacional nestas eleições regionais em França. Bem ia respondendo o boneco do Le Pen no Contra-Informação francês:
- Qu'est-ce que vous faites là?
- J'attends.

Jorge Moniz às 22:00 |



sexta-feira, março 19, 2004


Já está!
A primeira tarde de praia do ano. E a água até nem estava muito gelada.
(peço desculpa a quem não pode! he! he!)

Jorge Moniz às 19:07 |



O som dos cascos
O turismo rural já chegou aqui. Acaba de me passar uma dúzia de cavalos à porta.

Jorge Moniz às 12:21 |



E agora?

Agora, dêem-me uma deusa passageira
mais nuvem do que mulher
com sandálias de oiro,
lírios nos olhos
e a boca a rir por fora
todas as lágrimas que quiser...

(Uma nuvem de sonho à hora)


José Gomes Ferreira

Mesmo que ao acordar não me lembre, sei de cor o sonho de todas as noites.

Jorge Moniz às 11:06 |




Isto já não é solidão!
Mas um desfazer-me em pó
onde nem sequer ouço bater o coração
- para me sentir só.


José Gomes Ferreira

Bom, eu ouço os pardais na rua, os gatos quando se chateiam, um carro que passa de vez em quando e parece-me que lá em baixo está uma televisão ligada...
Ah: o ventilador do portátil acaba de dar sinal de vida!

Jorge Moniz às 11:05 |



quinta-feira, março 18, 2004


Você sabia que...
...os franceses dizem "Martini rouge"?
É como se um português dissesse: "Ó chefe, era um Martini tinto. Cheio."

Jorge Moniz às 19:33 |



Eu, Dali



Jorge Moniz às 12:11 |




Quase já nem anda, mas ainda se consegue arrastar. Chega à beira do passeio, pára, olha para um lado e para o outro. Sabe que a travessia da rua vai ser lenta, muito lenta e convém ter a certeza que não vem lá nenhum carro lançado. É que a audição também já não é o que era e há uma curva ali em baixo a tapar a visibilidade.
Começa então a pisar o asfalto, nervoso e só respira fundo ao chegar ao separador central. Pensa com os seus botões: "Há quantos anos já faço eu este caminho? Quantos milhares de rapazes e de raparigas já conheci aqui, quantos me trataram bem, quantos me trataram a pontapé?"
Já não se lembra. Já não se lembra quem lhe inventou a alcunha, porque o nome mesmo foram os mais velhos que lho deram. Já não se lembra quem fez dele personagem de banda-desenhada. Já não se lembra de ter passado pelo hospital para ser operado a um quisto intestinal. Já não se lembra que a geração de rapazes e de raparigas da época se uniu para ajudar nas despesas.

Ontem às 17:00 o Nabunda ainda estava vivo, atravessava a Rovisco Pais com a decadente elegância dos seus talvez 20 anos.

Jorge Moniz às 12:10 |



quarta-feira, março 17, 2004


17
O meu bilhete de volta a Paris tem a data de hoje.
Não fui.
Mas se calhar devia...
Por outro lado a esta hora já tenho ali 23 ºC na rua...
...queres ir à praia?

Jorge Moniz às 11:37 |



terça-feira, março 16, 2004


Se não me engano nas contas...



...devem faltar praí uns 6 meses e meio, né?

Jorge Moniz às 23:41 |



segunda-feira, março 15, 2004


Ponto de ordem
Agora que já "despachei" os amigos todos na forma de almoço/lanche/jantar/copos/jogging/gelado/telefonema/chá/passeio (ontem finalmente vi o céu e o mar), passemos então aos encontros com os empregadores. Está aí alguém?

Jorge Moniz às 14:42 |



FYI
A propósito da história de hoje do Correio da Manhã, a minha irmã informa que tem em casa fotocópias de uma tradução portuguesa do Alcorão e que não as pretende utilizar fora do âmbito das aulas que dá.
A quem interessar.

Jorge Moniz às 14:42 |



Tenho a resposta...
...à pergunta que toda a gente tem feito.
Peguei na balança da cozinha e verifiquei: um filipino em argola equivale sensivelmente a 11 buracos de filipinos.
Não tem nada que agradecer.

Jorge Moniz às 14:40 |



Coisas a que ainda não me habituei desde o meu regresso:
- Telemóveis (e o barulho irritante do teclar de mensagens);
- Telenovelas portuguesas ou brasileiras, telejornais de hora e meia e quase todo o resto das televisões (afinal a 2 está pouco diferente da RTP2, até o substituto do Acontece sofre do mesmo mal de falar quase só de arte contemporânea e alternativa. Não é assim que vão atrair ou educar alguém.);
- Janet Jackson na TSF (Juro! Está a dar neste momento!);
- Falar em português (ainda saem umas belas calinadas de vez em quando!);
- O pessimismo generalizado (quem tiver boas notícias que se chegue aqui à frente - agradeço).

Jorge Moniz às 14:38 |



sábado, março 13, 2004


...


Eu queria escrever algo a propósito desta imagem, mas não me ocorre nada. Só uns disparates patetas sobre duas gaivotas que tocam a água quase ao mesmo tempo. A inspiração ficou em Paris… (quoi de nouveau…?) Hummm, posso ir lá ter com ela, ainda tenho o bilhete de volta... Ou então não, que hoje finalmente há sol e céu. Como é que estará o Salgado?

Jorge Moniz às 10:09 |



sem título



Te seguiré hasta el final te buscaré en todas partes
bajo la luz y la sombra en los dibujos del aire.

te seguiré hasta el final te pediré de rodillas
que te desnudes amor te mostraré mis heridas.

te seguiré hasta el final entre los musgos del bosque
te pediré tantas veces que hagamos nuestra la noche.

te seguiré hasta el final con el tesón del acero
te buscaré por la lluvia para mojarme en tu beso

te seguiré hasta el final por la escalera del viento
para rogarte por Dios que me hagas sitio en tus besos.

y con las luces del alba antes que tu te despiertes
se hará ceniza el deseo me marcharé para siempre.

y cuando todo se acabe y se hagan polvo las alas
no habré sabido porqué me he vuelto loco por nada.


Pedro Guerra


Jorge Moniz às 09:36 |



sexta-feira, março 12, 2004


sem título



tienem miedo del amor y no saber amar
tienem miedo de la sombra y miedo de la luz
tienem miedo de pedir y miedo de callar
miedo que da miedo del miedo que da

tienem miedo de reir y miedo de llorar
tienem miedo de encontrarse y miedo de no ser
tienem miedo de decir y miedo de escuchar
miedo que da miedo del miedo que da


Pedro Guerra

Jorge Moniz às 12:23 |



Adeus
 

Jorge Moniz às 12:15 |



quinta-feira, março 11, 2004



Obrigado Cat, mas nem tudo passa.
Para as coisas definitivas não há máquinas do tempo e as amnésias - o mal menor - são raras.

Jorge Moniz às 12:17 |



terça-feira, março 02, 2004



Foi ironicamente ao som do "Esquece tudo o que te disse" que um e-mail me atirou ao chão. Não pensava voltar a escrever aqui, pelo menos nos próximos tempos, mas já que não posso nem devo contar a ninguém, desabafo em abstracto.
Há coisas que não deviam acontecer... é só isso. Não deviam.
De repente tudo o resto é fútil... e eu sou tão pequeno...

Jorge Moniz às 23:49 |